Mobilização em solidariedade ao Pinheirinho, reúne 4 mil em SJC

| Priscila Guedes

Cerca de 4 mil pessoas estiveram presentes ontem, dia 02/02, em São José dos Campos/SP, no Ato Nacional em solidariedade as famílias do Pinheirinho que foram brutalmente reprimidas e retiradas de suas casas pelos governos do PSDB Cury e Alckmin.

Entre os manifestantes estiveram presentes delegações e companheiros de diversos estados e cidades de São Paulo, entidades do movimento popular, do movimento sindical e estudantil que se somaram à luta dos companheiros de Pinheirinho.

Ato se iniciou às 9 horas da manhã na praça Afonso Pena e depois partiu em marcha, passando por diversos pontos da cidade, inclusive a Câmara dos Vereadores, até a Prefeitura de São José dos Campos.

“Essa manifestação de hoje, que reuniu diversas centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos que vieram protestar a favor do Pinheirinho, não se prende apenas a questão da moradia, mas a melhores salários, educação e saúde para toda a classe trabalhadora”, afirmou Nancy Galvão, coordenadora do Fórum de Resistência do Pinheirinho e representante do Fórum de Lutas do Vale, composto por diversos sindicatos e impulsionado pela Unidos pra Lutar.

Diversos partidos políticos também estiveram presentes na manifestação, como PT, PCR, PCB, PSTU e PSOL.

O deputado federal, Chico Alencar (PSOL-RJ), também cobrou uma ação concreta do governo federal e prometeu levar o massacre do Pinheirinho aos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “A única reparação da presidência da Republica é a desapropriação do Pinheirinho”. Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), acusou o executivo por omissão nas semanas que precederam a desocupação.

A Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST-PSOL) participou do ato com uma boa coluna, muita aguerrida, cantando muitas palavras de ordem, junto com o Sintuff, Sindicato dos Químicos de São José dos Campos, Alimentação, Sintsep-PA, Municipais de Jacareí e o Coletivo Nacional Vamos à Luta. A caravana do Rio de Janeiro foi organiza pelo Sintuff, que contou com representantes de diversas entidades como DCE-UFF, Sindiacto dos Municipários de Itaocara, Professores do Estado e desabrigados de Niterói.

O momento mais emocionante de nossa caravana foi a visita ao Pinheirinho, ou o que restou da ocupação após a ação truculenta da prefeitura de São José dos Campos e do estado de São Paulo. Todas as casas foram destruídas junto com os pertences das famílias: sofás, camas, utensílios domésticos, brinquedos, roupas, carrinhos de bebê, etc.

Durante a visita encontramos com uma moradora de Pinheirinho Erica, hoje em um dos abrigos do Estado, que voltou ao terreno para levar ração para os cachorros que ainda estavam por lá. Ela nos contou que no dia da ação da polícia, ela ouviu o som do helicoptero da polícia e só teve tempo de olhar pela janela e mandar seus filhos correrem. Saiu da sua casa apenas com a roupa do corpo.

Em um dos abrigos onde agora as famílias estão alojadas, de crianças de colo, à grávidas e senhores de idade, todas enfrentam muitas dificuldades, desde banho à alimentação. Muitos nos contaram que a comida enviada pelo governo já vem estragada, causando diarréia em adultos e crianças. Ou se come e passa mal, ou não come e passa fome. Do lado de fora, agentes da prefeitura vigiam tudo. Nos abrigos do governo, cada pessoa é marcada com uma pulseirinha, para serem melhor controlados, e reprimidos, pelo governo.

Esse é o tratamento que a prefeitura de São José dos Campos e o governo do Estado de São Paulo destina aos trabalhadores para poder entregar o terreno, próximo a uma área nobre, à especulação imobiliária.

No Rio de Janeiro, visitamos o jornalista Pedro Rios que faz uma greve de fome acorrentado em frente à sede da Rede Globo contra o bloqueio da imprensa para tratar o caso.

Sou Pinheirinho Não abro mão Imediata desapropriação!

Desde 2004, quando se iniciou a ocupação, o governo federal não se posicionou ao lados das famílias de Pinheirinho para regularizar sua situação. O terreno pertence à empresa falida Selecta S/A, do empresário libanês Naji Nahas, que tem dívidas em mais de 11 milhões de reais com a União. Mesmo assim, tanto com Lula, quanto com Dilma, o governo federal escolheu o lado da corrupção e do empresariado contra a classe trabalhadora.

Defendemos que a Secretária Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, visite Pinheirinho e os abrigos e veja o que foi feito da vida das pessoas e a realidade que essas famílias estão passando.

Nos solizarizamos com as famílias de Pinheirinho e vamos seguir apoiando e participando de sua luta. Por isso, exigimos que o governo Dilma desaproprie e devolva o terreno aos moradores e reconstrua suas casas e que se forme uma comissão de entidades e dirtigentes para irem à Brasilia cobrar do governo essa proposta. Além de uma comissão de sindicalistas e parlamentres para entrar nos abrigos nos quais a entrada ainda é proibida pela prefeitura.

A mobilização não pode parar!

Somos todos Pinheirinho!