Silvia Santos (Pestaña), presente!

Nossa homenagem para uma das fundadoras da CST e da UIT-QI

 

Michel Tunes, Secretariado da CST

 (Reproduzimos a Intervenção realizada para as homenagens da CST realizadas no RJ e PA)

1- Estamos reunidos aqui hoje para prestar nossa homenagem a Pestaña. É um dia triste, mas é um dia de homenagem à dirigente histórica e fundadora da CST e da UIT-QI. É mais do que merecida essa homenagem a uma das veteranas do movimento trotskista.

2- Foram 50 anos de militância trotskista. Iniciada ainda muito jovem, nos anos 1960, em meio a uma dura luta do trotskismo ortodoxo contra o reformismo, o stalinismo e o guerrilheirismo. Foram anos duros. A própria IV era destruída pela direção revisionista de Pablo e Mandel e jogava nossas seções para o desvio foquista. A revolução cubana estava no seu auge e logo seria tragada pela burocracia soviética.

Silvia inicia sua militância no PRT-La Verdad, em seguida militou no PST. O trotskismo tentava se inserir no movimento operário e enfrentava toda a pressão peronista (um forte movimento nacionalista burguês que tragou todo o movimento operário argentino). Além disso, enfrentaram as dificuldades da militância na clandestinidade, que nos tirou mais de 100 militantes. Posteriormente, Silvia atuou na direção nacional do MAS, trabalhando diretamente em equipe com Nahuel Moreno.

3- Pestaña foi uma dirigente internacionalista. Militou e ajudou a fortalecer nossas seções na Bolívia e a Convergência Socialista, do Brasil, nos anos 1980. Nos difíceis momentos de dispersão e explosão da LIT, do MAS, da CS, foi preciso que uma camada de dirigentes mantivesse de pé o morenismo. Foi uma batalha necessária, porque muitos dos antigos militantes morenistas foram tragados pelo revisionismo mandelista.

Dessas tarefas – de manter o trotskismo ortodoxo – se impôs o desafio que levou Pestaña ao Brasil, para ajudar a coordenar um pequeno núcleo de militantes para formar a CST, enraizando-nos nas greves e nas lutas; utilizando de forma revolucionária o parlamento nos mandatos de Babá e em nossa atuação da esquerda petista, a expulsão dos radicais e a fundação do PSOL. Foi uma longa marcha que durou quase 30 anos no Brasil; até o seu retorno ao seu partido natal, hoje denominado de Esquerda Socialista.

4- Pestaña foi uma das mais radicais e intransigentes defensoras da independência de classe que já militaram em nosso país. Nunca fraquejou nesse terreno, mesmo rodeada de reformistas, seja no PT ou no PSOL. Foi ela quem nos educou e nos armou para nunca capitular e sempre denunciar as direções frentepopulistas, ensinamento que a CST aprendeu; foi assim que Pestaña integrou o grupo de dirigentes que refundou a CST em nossa conferência de 2003 ou atuou junto aos dirigentes que mantiveram de pé a UIT-QI em 2006, quando todo um setor revisionista e impressionista liderado por Aníbal Ramos e Pedro Fuentes tentava nos levar para os projetos frentepopulistas de Chaves. Felizmente não nos diluímos no chavismo e seguimos firmes.

5- Silvia era uma camarada muito querida e estamos tristes com sua partida. Silvia impôs respeito até em seus adversários, muitos dos quais agora mesmo reconhecem sua atuação na esquerda brasileira. Com ela conformamos equipes de direção aqui no Brasil que tiveram acertos e erros coletivos. Nossa tarefa é prosseguir essa construção e fazer avançar a CST e a UIT-QI, lutando pela unidade do revolucionários e revolucionárias.

6-  Vamos no inspirar no exemplo militante que ele nos deixou, na batalha por construir o partido no movimento operário, como ela fez no PST e no MAS; a resistir na situação da clandestinidade; a batalhar contra a capitulação à conciliação de classes; na disposição internacionalista para construir um partido socialista revolucionário mundial.

7- Vamos nos esforçar para ser cada dia mais trotskistas e internacionalistas. Isso significa hoje, amanhã e depois de amanhã, construir a CST e a UIT-QI. Oferecer mais e mais nosso jornal nos piquetes; trazer mais e mais trabalhadores e jovens para nossas reuniões; jogar-nos a fundo na rifa; militar com ódio de classe para tentar triunfar. Vamos cerrar os punhos, apertar os dentes, com sangue nos olhos, lutar contra a extrema direita bolsonarista, os planos de ajuste e a conciliação de classes lulista.

8- Essa é a melhor homenagem a Pestaña: aprender com sua história, fazer jus aos quase 30 anos em que ele esteve aqui conosco e aos seus mais de 50 anos de militância. Silvia, presente! Até o socialismo, sempre!

 

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