1 ano de governo Lula: quais os desafios da classe trabalhadora?

Construir as lutas e batalhar por uma frente eleitoral da esquerda independente

Nosso jornal está de volta. Neste início de 2024, completamos um ano de mandato do governo Lula/Alckmin. A classe trabalhadora tem muitos desafios pela frente (ver páginas centrais). No dia 8/01, nos manifestamos exigindo a punição dos golpistas bolsonaristas e gritando “sem anistia”. Também participamos das manifestações contra aumentos de tarifa, contra feminicídios e pelas pautas LGBTQIA+. Além disso, continuamos nos manifestando em apoio ao povo palestino e a sua heroica resistência, repudiando a nova nakba – catástrofe – que o Estado Nazi-Sionista de Israel está infligindo sobre Gaza. Somos parte dos que estão na mesma trincheira do povo Pataxó e do povo negro na Bahia contra os assassinatos de lideranças dos povos indígenas e do povo nas periferias. E também daqueles que seguem exigindo punição e expropriação da Vale pela destruição e mortes que ela causou em Brumadinho/MG.

Greve Geral na Argentina enfrenta o ajuste fiscal e a extrema direita

No último dia 24, compusemos o bloco dos que apoiaram ativamente, em frente aos consulados, a greve geral da classe trabalhadora argentina. O governo de Milei e a extrema direita querem derrotar a classe trabalhadora. Desejam impor medidas de ajuste profundas e um projeto autoritário, mas recebeu em troca uma poderosa greve e manifestações de rua (ver a contracapa). A luta na Argentina tem repercussões continentais por se enfrentar com um plano de ajuste que retira inúmeros direitos sociais. Algo que é o projeto dos capitalistas e do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, variando em ritmo e intensidade em cada país; por outro lado, ao lutar nas ruas contra o projeto autoritário de Milei, também se está combatendo toda a extrema direita desde a Argentina até o Alasca (Bolsonaro, Keiko Fujimori no Peru, José Kast e os pinochetistas no Chile e a campanha eleitoral de Trump nos EUA).

A greve geral argentina é um exemplo. Dessa batalha podemos olhar a experiência de “nuestros hermanos” na construção do sindicalismo combativo e de movimentos sociais independentes das burocracias majoritárias, fundamentais para batalhar pela continuidade da luta. De lá também vem o exemplo de alternativa classista através da FIT-U (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – Unidade), que se opôs ao governo de colaboração de classes de Alberto Fernández. E agora está na luta contra a extrema direita com independência de classe.

A privatização faz mal para a população trabalhadora

O ano está apenas começando, mas velhos problemas continuam no Brasil. Um exemplo é que amargamos a falta de luz, como a que se viu no Rio Grande do Sul e várias regiões de São Paulo; ou de água em algumas regiões do Rio. Isso tudo é o resultado das privatizações, redução dos quadros de funcionários efetivos e ausência de políticas adequadas para enfrentar a catástrofe climática e ambiental capitalista. Mesmo assim, governos como Tarcísio em SP, Helder Barbalho no PA ou prefeitos como Melo em Porto Alegre insistem em novas privatizações, nos setores de transportes ou saneamento. E, infelizmente, isso também é visto no projeto do governo Lula/Alckmin de manter o plano de privatizações da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre). Agora mesmo em janeiro, em visita ao estado de Pernambuco, Lula não recebeu os metroviários que exigiam retirada dos trens federais do plano de privatização. Exigiam que essa promessa de campanha fosse cumprida pelo presidente. Exigiam ainda mais investimentos federais para o metro de Recife. Mesmo não podendo entrar no evento realizado na Refinaria Abreu e Lima, os metroviários conseguiram que sua pauta fosse entregue pelo Sindicato de Petroleiros do Estado. E até agora a privatização da Eletrobras, mesmo em meio aos constantes apagões, não foi revogada por parte do governo Lula/Alckmin.

Exigimos da CUT, MTST e UNE uma jornada nacional de lutas

A batalha contra as privatizações e outras lutas, por salário, emprego, contra a violência policial nas favelas e no campo, pela revogação do NEM e por emergência climática precisa ser organizada de forma unificada. É por isso que exigimos da CUT, CTB, Força Sindical, MTST e UNE uma plenária nacional das lutas populares para construir uma jornada nacional e a unificação das campanhas salariais com os servidores públicos federais. E desde já nos empenhamos nos calendários de lutas locais e estaduais, como dos sindicatos de SP contra as privatizações. Ou ainda na construção de um forte 8M contra a violência machista, em defesa do aborto legal, seguro e gratuito.

Propomos uma frente eleitoral da esquerda independente

Ao lado da batalha pela construção da luta unificada, temos outro desafio, que é apresentar uma alternativa nas eleições municipais (ver página 10). A frente ampla, de Lula/Alckmin, já se apresentou em várias cidades. Por outro lado, há os candidatos bolsonaristas. Nós defendemos a independência política da classe trabalhadora e, por isso, temos uma proposta alternativa: construir uma frente eleitoral da esquerda independente do governo Lula/Alckmin e de seus governadores, sem qualquer partido patronal. Uma frente eleitoral contra os governadores e prefeitos privatistas de direita. Uma frente contra a extrema direita e que defenda que eles sejam punidos pra valer, sem anistia. Uma frente independente para combater o Arcabouço Fiscal, o plano de desestatização do sistema ferroviário federal, as privatizações, o arrocho salarial; pelo reajuste dos SPFs, redução da jornada de trabalho; o fim da jornada 6×1; lutar pela reversão do corte de verbas, a revogação das medidas do bolsonarismo (reforma da previdência, trabalhista, privatização da Eletrobras e NEM); para exigir a taxação dos bilionários e multinacionais e o não pagamento da dívida para disponibilizar orçamento para reajuste salarial, pagamento do piso nacional da educação, bolsas universitárias, plano de obras públicas (hospitais, escolas, etc.) para geração de emprego, para emergência climática, políticas contra violência de gênero, aborto legal, seguro e gratuito, o desmantelamento do aparelho repressivo e das chacinas policiais, a estatização dos sistemas de transporte municipais e a implementação da tarifa zero, além da reestatização das empresas privatizadas em cada município, dentre outras propostas. Para isso, a CST propõe uma reunião conjunta da UP, PCB, PCB-RR, PSTU, MRT e demais coletivos, organizações e dirigentes socialistas e comunistas para debater a possibilidade de organizar essa frente eleitoral.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *