Ainda estou aqui vence o Oscar

Por Bárbara Sinedino e Danilo Bianchi, Coordenação da CST
O filme “Ainda Estou Aqui” motivou muita comemoração no Brasil e no mundo, ao vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2025. A vitória não foi apenas um reconhecimento da qualidade do filme, mas também uma homenagem à luta pela justiça e pela verdade que ele representa.
A trama do filme é baseada na história real de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, que foi torturado, assassinado e desaparecido pela ditadura militar no Brasil. A história é um exemplo doloroso da brutalidade e da impunidade que caracterizaram o regime militar no país.
A ditadura militar no Brasil foi um período de violência e repressão, durante o qual milhares de pessoas foram torturadas, assassinadas ou desaparecidas. A impunidade foi uma marca registrada do regime, que se esforçou para ocultar seus crimes e proteger seus responsáveis.
Não esquecer, nem perdoar
O filme “Ainda Estou Aqui” é um lembrete poderoso da importância de não esquecer o passado e de lutar pela justiça e pela verdade. A atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva no filme, destacou em entrevista à CNN a importância de não esquecer a história: “O acordo que encerrou a ditadura foi uma anistia ampla, geral e irrestrita… Essa solução nunca explicou para a família Paiva o que havia acontecido com o pai deles.”
A anistia concedida aos responsáveis pela ditadura militar no Brasil é um exemplo de como a impunidade pode ser perpetuada. A anistia foi um acordo político que visava encerrar o ciclo de violência e repressão do regime militar, mas que na prática permitiu que os responsáveis pelos crimes cometidos durante o regime fossem protegidos e ficassem impunes. Acabou colocando em igualdade as vítimas e os lutadores que se enfrentaram ao regime aos seus algozes: os assassinos e torturadores.
Nós da CST, seção da UIT-QI, consideramos inadmissível que os ditadores, assassinos e torturadores da ditadura tenham sido anistiados e sigam sem punição.
Punir os torturadores e golpistas
Diante da grande repercussão do filme, vemos que é um momento para fazer uma forte campanha e movimento pela punição da cúpula militar golpista. É necessário que as organizações políticas e sociais, como a CUT, MTST, PT e PSOL, convoquem uma jornada de lutas por justiça e contra a impunidade.
Além disso, é fundamental que o governo brasileiro tome medidas para punir os responsáveis pelos crimes cometidos durante o regime militar. Isso inclui a revogação da anistia concedida aos responsáveis pela ditadura.
Sabemos também que em 8 de janeiro de 2023 houve outra tentativa de golpe de Estado no Brasil. A maioria dos envolvidos, especialmente os financiadores do agronegócio e militares de alta cúpula, coniventes com os acampamentos nas entradas dos quartéis, seguem impunes. Não podemos deixar a história se repetir!
Infelizmente, o presidente Lula, em vez de pressionar pela punição aos golpistas do 8J, opta por outro caminho. Destina 400 bilhões de reais do orçamento para o plano Safra, ao agronegócio golpista. Também mantém em seu governo o ministro da Defesa José Múcio, um bolsonarista que minimiza a gravidade da tentativa de golpe e que faz vista grossa para os golpistas.
É necessário que a CUT, MTST, PT e PSOL sigam o exemplo do bloco Orquestra Voadora, que no Rio fez o cortejo cantando em alto e bom som “Sem Anistia”, em frente à casa de um dos torturadores de Rubens Paiva, o General reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham e convoquem uma jornada de lutas por:
Fora Múcio! Pelo Fim do Plano Safra! Sem Anistia aos Golpistas! Prisão para Bolsonaro!
Precisamos ocupar as ruas! A nossa luta é o caminho para derrotar a extrema direita!