Forte greve contra Milei

Por Juan Carlos Giordano, deputado nacional eleito pela Izquierda Socialista/FIT Unidad

 

Apesar da campanha de intimidação do governo e da atitude covarde da burocracia da UTA nacional, a greve geral de quinta-feira, dia 10, foi muito importante. O mesmo aconteceu com a grande marcha do dia anterior ao Congresso, em apoio aos aposentados. Dois exemplos do amplo repúdio ao plano motosserra de Javier Milei e do FMI. Agora, devemos continuar a mobilização com uma greve de 36 horas e com um plano de luta nacional da CGT-CTA.

Ferroviários, professores, funcionários públicos, bancários, metroviários, aeroviários, metalúrgicos e mecânicos de grandes fábricas fizeram uma greve decisiva. Os petroleiros de Vaca Muerta também realizaram uma grande assembleia antes da greve, com milhares de participantes. Ou seja, a greve envolveu a maior parte da classe trabalhadora. Em várias cidades, como Neuquén e Rosário, houve manifestações.

O fato de o transporte de ônibus ainda estar disponível, por culpa dos dirigentes da UTA, impediu que a paralisação fosse 100% completa, embora poucos passageiros tenham usado o meio de transporte e os comércios tenham ficado com quase nenhum cliente.

O governo montou uma operação sinistra, que fracassou. Placas eletrônicas com alto-falantes foram colocadas em estações de trem na Cidade de Buenos Aires, declarando a greve um “ataque à República”. Em outras palavras, para o governo de extrema-direita, uma greve geral necessária, um direito legítimo de protesto, é um “ataque” ao país, mas o plano motosserra, que está deixando milhões na pobreza (com salários e pensões miseráveis, milhares de demissões no Estado e devido à recessão), não é.

O governo também repercutiu a traição da UTA nacional, que não parou, ao contrário da última greve geral de 6 de maio. Isso levou a um pequeno movimento de pessoas, especialmente no comércio e entre os trabalhadores precarizados ou que vivem de biscates, forçados a viajar horas em busca do pão de cada dia. Porém, isso não impediu que imagens típicas de um feriado fossem vistas.

Foi impressionante: as entrevistas realizadas pela mídia com pessoas nas ruas deixaram claro que a grande maioria não apoia o governo e que quase todos consideram que o dinheiro não é suficiente para nada, demonstrando que a rejeição a Milei está crescendo diante do aumento da pobreza. Isso não é por acaso. Os acordos coletivos estão abaixo da inflação; os salários do funcionalismo público estão desvalorizados em 16,5% em relação a novembro de 2023; as aposentadorias estão nos níveis de 2006; o consumo popular está caindo; os preços dos alimentos, dos transportes, das tarifas dos serviços e dos aluguéis continuam subindo, entre uma longa lista de problemas.

As mentiras do governo

Os defensores do sistema dizem que o país “se conserta com trabalho”, não com greves. Mas há cada vez menos empregos, e os que existem envolvem jornadas mais longas, super-exploração e salários mais baixos, enquanto os lucros vão para as grandes empresas e para o FMI.

Além disso, o porta-voz oficial do governo – o bajulador e agora candidato a deputado por Buenos Aires, Manuel Adorni – disse, como costuma fazer com suas mentiras diárias, que a greve causou “perdas” de US$ 880 milhões. Outras fontes disseram que foram 200 bilhões de pesos, o equivalente a US$ 200 milhões. No entanto, esses caras-de-pau só se lembram das “supostas perdas” nos dias de greve, não nos 365 dias do ano. Eles nunca se lembram das perdas diárias de salários ou empregos.

Dizer que a classe trabalhadora, que produz a riqueza do país, é a causadora dos problemas demonstra a natureza sinistra do governo de extrema-direita. Na verdade, são os trabalhadores que geram a riqueza, que depois é apropriada por grandes empresários, corporações multinacionais e usurários da dívida. Porém, se for para falar em prejuízos, vale mencionar que US$ 12,5 bilhões já foram pagos somente em juros da dívida externa ao FMI nos últimos anos. E o governo vai aumentar a dívida em US$ 20 bilhões, conforme acordado com o FMI. Tal dinheiro vai para a ciranda financeira e será pago pelo povo trabalhador.

CGT… e a continuidade?

Na coletiva de imprensa da CGT, Héctor Daer parabenizou os trabalhadores pelo sucesso da greve, mas não disse nada sobre os próximos passos. Se Daer reconheceu que os salários e as aposentadorias não são suficientes para viver, então é necessário aprofundar o plano de luta, algo exigido pelo sindicalismo combativo e pela esquerda na coluna independente da marcha de 9 de abril.

Muitas pessoas até disseram que eram contra a greve, não por causa da greve em si, mas porque a UTA também deveria ter aderido, numa crítica dura aos dirigentes burocráticos do sindicato. Outras apontaram que a CGT deveria dar continuidade ao movimento, algo que não está fazendo.

Se algo está provado, é que quando há um chamado à luta, para além da desconfiança justificável em relação a esses dirigentes, milhões cruzam os braços, como aconteceu agora. Milhares de pessoas também participaram do grande protesto do dia 24 de março e se mobilizaram vigorosamente todas as quartas-feiras em apoio aos aposentados, apesar da repressão.

O governo está enfrentando vários contratempos. Foi repudiado por suas declarações sobre as Ilhas Malvinas; fracassou em nomear juízes para a Suprema Corte; falhou em impedir o Congresso de formar uma comissão para investigar o golpe das criptomoedas; e, fundamentalmente, está diante da queda da imagem de Milei, por conta da mentira de que ele está resolvendo as coisas, com supostas conquistas que não estão à vista.

Milhares e milhares de pessoas sentem que o governo pode ser derrotado. É por isso que devemos exigir que a CGT e a CTA deem continuidade ao plano de luta, com uma nova greve de 36 horas para derrotar o sinistro plano motosserra de Milei, dos governadores e do FMI. Para isso, precisamos exigir que os sindicatos convoquem assembleias e elejam representantes por local de trabalho para impulsionar a mobilização.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *