Ato unitário celebra a trajetória de Zezé!

A CST e a UIT-QI participaram hoje do ato unificado em homenagem a Maria José Lourenço, conhecida carinhosamente como Zezé, fundadora e dirigente do Ponto de Partida, da Liga Operária e da Convergência Socialista. Zezé também foi dirigente da Fração Bolchevique e da LIT-QI, organizações ligadas à corrente trotskista morenista nas décadas de 1970 e 1980.

O evento, realizado na sede da CSP-CONLUTAS em SP, foi organizado conjuntamente por PSTU, CST, Fortalecer, Resistência, MÊS e Emancipação Socialista, com a participação de militantes independentes que integraram a Liga Operária e a Convergência Socialista.

O ato foi conduzido por Célia Barbosa e Nelson Rodrigues, camaradas que integraram a Liga Operária. E a operação da sala virtual contou com a participação de Mané Bahia, militante histórico do PSTU. A cerimônia teve início com uma homenagem a dois dos fundadores do Ponto de Partida que estavam presentes: Waldo Mermelstein, no auditório, e Jorge Pinheiro, na sala virtual. Jorge compartilhou memórias da militância ao lado de Zezé durante a ditadura, especialmente no MNR e no período de exílio no Chile. Amigas de Zezé, como Tetê Moraes, relembraram o tempo do lendário jornal O Sol. Também prestaram suas homenagens, por carta ou vídeo, Romildo Raposo e Ênio Bucchioni. Compareceram inúmeros camaradas desse período, como Celso Brambilla.

Foi exibido um depoimento de Zezé, parte de um documentário ainda em produção, no qual ela narra diferentes momentos de sua trajetória militante. Também foi apresentado um projeto coletivo que busca concluir uma antiga iniciativa de Zezé: a publicação de um livro sobre a história da Liga Operária.

A veterana do movimento trotskista morenista, Mercedes Petit, fez uma intervenção em nome da UIT-QI (confira a fala ao final). A companheira Mariucha Fontana representou a LIT-QI. Camaradas Robério Paulino e Berna Menezes falaram pelo Fortalecer/PSOL, enquanto Michel Oliveira representou a CST, seção no Brasil da UIT-QI (assista ao vídeo em nossa página). O companheiro Zé Maria falou em nome do PSTU; camaradas Mauro Puerro e Genilda Souza, pela Resistência; o companheiro Etevaldo Teixeira pelo MES e o companheiro Dalmo, pela Emancipação Socialista.

A CST e a UIT-QI participaram do evento, tanto presencialmente quanto pela sala virtual. Integraram nossa delegação Miguel Sorans, da direção da UIT-QI; Lorena Fernandes, Barbara Sinedino, Isadora Bueno, Danillo Bianchi, Rosi Messias e Adriano Dias, da coordenação da CST; Rosana Pires, da juventude revolucionária Vamos à Luta de SP; além de Mariza Mercês e João Santiago, antigos militantes da Convergência Socialista em Belém do Pará e atualmente dirigentes da CST.

O evento foi encerrado com uma emocionante declaração de Jorge Sprovieri, companheiro de Zezé por 40 anos (que gentilmente aceitou tirar uma foto com a delegação da CST no auditório da CSP-CONLUTAS).

 

Confira a transcrição em Português do Brasil da fala de Mercedes Petit:

“Bom dia. Agradeço muito o convite para falar neste ato em homenagem à Zezé. Faço parte da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) e da Izquierda Socialista da Argentina.

Em primeiro lugar, quero enviar meu abraço mais afetuoso, ainda que apenas virtual, ao querido Georginho, Jorge Sprovieri, seu companheiro de tantas décadas, lembrando o início daquele amor que nasceu em Bogotá, no exílio.

Acredito que esta homenagem unificada expressa a solidez da trajetória de luta de Zezé e a atualidade de seus ideais anticapitalistas e socialistas. Essa unidade também me dá a alegria de reencontrar numerosos amigues e companheires de militância.

Na maré de acontecimentos dos anos 60 e 70, que no Brasil significou a luta contra a ditadura militar, Zezé soube se afastar dos caminhos sem saída do nacionalismo burguês e do foquismo guerrilheiro. Desde o exílio, ligou-se ao movimento trotskista, mais especificamente à corrente liderada por nosso mestre e fundador Nahuel Moreno. Foi assim que compartilhamos militância e vida cotidiana em Bogotá e no Brasil, além de viagens à França e suas visitas a Buenos Aires.

A partir dos anos 90, nossos caminhos políticos tomaram rumos diferentes. Mas isso nunca alterou nossa amizade nem o respeito mútuo.

Com Zezé, tínhamos três coisas em comum: ser lutadoras, baixinhas e trotskistas morenistas.

Tod@s conhecemos o poeta Bertolt Brecht. Hoje, nesta homenagem unificada, me vem à mente recordá-lo. Porque Zezé foi uma das “imprescindíveis”, porque lutou sempre.

Querida amiga, até o socialismo, sempre!

Muito obrigada”.

(em breve teremos o vídeo da fala em nossa página)

Confira a transcrição da fala de Michel Oliveira, da CST:

“Bom dia. Esse evento é muito importante. Reunindo tantos camaradas históricos. É um dia para homenagear a companheira Zezé. Nós da CST e da UIT-QI nos somamos a esse dia. Zezé foi fundadora de organizações muitos importantes ao lado de muitos dos que estão aqui nesse evento, virtualmente ou aqui nesse plenário. O Ponto de Partida, a Liga Operária e a Convergência Socialista. Foi uma importante dirigente da corrente internacional trotskista morenista: a Fração Bolchevique e a LIT-QI na época de Nahuel Moreno.

Reivindicamos a trajetória da companheira Zezé e de todas e todos que junto com ela conseguiram construir no Brasil essas organizações revolucionárias. Na luta contra a ditadura e militando por um governo da classe operária. Enfrentando prisões, demissões, todo tipo de repressão.

Diante da falência do nacionalismo burguês e do stalinismo do PCB, muitos buscavam saídas equivocadas. O Ponto de Partida e a Liga Operária não. Conseguiram superar o vanguardismo, projetos guerrilheiros e negar o projeto reformista da Unidade Popular do Chile. No Brasil tiveram o acerto fundamental de não se diluir na frente popular do MDB. Como a Zezé fala em dos seus últimos textos: encontraram um caminho. E esse caminho foi marxista revolucionário. Se vinculando a vida militante do trotskismo internacional.

Reivindicamos a dura batalha da Zezé e de tantos que estão hoje aqui nesse evento para se inserir na classe operária, num momento muito difícil da luta de classe do nosso país. Queremos ressaltar que apesar dos esforços dos reformistas, de todas as tintas que são gastas, pra esconder a história real, nunca se conseguiu apagar o papel destacado da Liga Operária e da Convergência Socialista nas lutas pelas liberdades democráticas, nas grandes greves do final dos anos 70 e início dos 80, na construção da CUT e principalmente na fundação do PT.

Apesar de nossas diferenças e dos caminhos distintos que a nossa organização teve em relação aos rumos da companheira Zezé, nos reivindicamos sua trajetória e sua atividade. Nosso método é o do respeito aos que lutam pelo socialismo, junto a classe operária, apesar dos caminhos diferentes que a gente possa seguir. Por que nós apostamos sempre na possibilidade de unificação dos revolucionários e das revolucionárias.

Nós da CST deixamos nossas condolências a todas e todos que com ela militaram, aos seus familiares, amigos, amigas, e ao seu companheiro Jorge Sprovieri.

Companheira Zezé, presente!”

 

 

 

 

 

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