Estados Unidos: jornada de mobilização no sábado, 14, enquanto protestos contra a política de imigração de Trump se espalham

Por Miguel Angel Hernández, dirigente do PSL da Venezuela e da UIT-QI.

11/06/2025. Os Estados Unidos serão o epicentro de uma nova grande jornada nacional e internacional de protestos no próximo sábado, 14 de junho, apelidada pelos organizadores de “No Kings” (“Sem Reis”). Estão previstas 1.800 manifestações em todo o país. A convocatória foi estendido a outros países e regiões, como a Europa, vários países africanos, o Canadá e o México, entre outros.

Essa jornada de luta acontecerá no contexto dos grandes protestos que eclodiram na última sexta-feira, dia 6, em Los Angeles, contra as ações violentas realizadas pelo Serviço de Imigração e Controle dos Estados Unidos, popularmente conhecido como ICE, na sigla em inglês.

A principal motivação para a mobilização do próximo sábado será a rejeição às deportações arbitrárias e ilegais de imigrantes, orquestradas pelo ultra-direitista Trump. As principais bandeiras serão “Abolir o ICE!” e “Fora ICE das comunidades!”.

Essa jornada nacional e internacional de protesto está sendo organizada pela articulação Indivisible [Indivisível], que surgiu após a eleição de Donald Trump em 2016, junto com o Movimento 50501, que em abril organizou um protesto nacional com 1.200 manifestações em todo o país, com o slogan “Tire as mãos”, rejeitando a política de cortes e demissões em cargos federais promovida por Trump e Elon Musk, durante a gestão do último na chefia do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

O objetivo original do protesto “No Kings” era inicialmente rejeitar o desfile militar agendado por Trump para 14 de junho, em comemoração ao aniversário do exército dos EUA, que coincide com seu aniversário. Isso levou ativistas e organizações sociais e políticas dos Estados Unidos a interpretarem o evento como um gesto de glorificação da imagem de Trump. O desfile, inédito e incomum, será realizado com recursos públicos, estimados em US$ 45 milhões, enquanto o governo está demitindo milhares de servidores públicos e cortando recursos da Seguridade Social, de escolas públicas, do Medicaid – deixando 10,9 milhões de pessoas sem assistência médica –, do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP) – deixando quase 4 milhões de pessoas sem receber cupons de alimentação do referido programa –, entre outras conquistas sociais.

A jornada de mobilização do próximo sábado provavelmente se tornará um novo momento de crescimento e massificação dos protestos contra a política racista de imigração de Trump.

Após a fúria popular que eclodiu em Los Angeles, a mobilização em apoio aos imigrantes se espalhou com manifestações de milhares de pessoas, incluindo cidadãos estadunidenses, por todo o país. Protestos ocorreram em frente a tribunais de imigração, escritórios do ICE e prefeituras de cidades como Filadélfia, Boston, São Francisco, Nova York, Seattle, Chicago, Denver, Dallas, Austin, Atlanta e Washington, entre muitas outras. Além do apoio aos imigrantes, há também oposição à militarização de Los Angeles, para onde Trump enviou 2.000 soldados da Guarda Nacional e 700 Marines, tudo como parte de sua tendência cada vez mais autoritária e repressiva.

A jornada de mobilização do próximo sábado pode ser um ponto de virada no ascenso dos protestos contra as políticas anti-operárias e antipopulares de Trump. Nela, vão convergir a defesa dos imigrantes; a rejeição à militarização de Los Angeles e às tendências autoritárias de Trump; e o repúdio às demissões e aos cortes em programas sociais.

Essa grande jornada de luta pode fornecer uma plataforma unitária para expandir as mobilizações em todo o país, interrompendo os ataques às liberdades democráticas, exigindo a libertação dos presos, abolindo o ICE e acabando com a perseguição, a detenção e a deportação de imigrantes e do povo trabalhador.

Nós, da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), apoiamos a jornada de mobilização “No Kings”, rejeitando as tendências autoritárias e antidemocráticas de Trump. Endossamos os slogans gritados pelos manifestantes de Los Angeles a Nova York: abolir o ICE! Não às deportações! Liberdade para os presos em Los Angeles e em outras cidades! Não ao toque de recolher em Los Angeles! Fora Guarda Nacional, Marines e FBI das comunidades! Abaixo a repressão de Trump!

 

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