CONSTRUIR UM BLOCO OU CAMPO DA ESQUERDA INDEPENDENTE!

Manifesto por uma alternativa unitária da classe trabalhadora:

Unir os que rejeitam alianças com patrões, não integram o governo Lula e combatem a extrema direita!

1. Estamos em um momento crucial da luta política em nosso país. O governo capitalista de Lula/Alckmin aplica um ajuste fiscal contra a classe trabalhadora e colabora com a catástrofe ambiental capitalista. Lula favorece os bancos, grandes empresários, o agronegócio e as multinacionais com o Arcabouço Fiscal e o Plano Safra.

1.1. Apesar do passado ligado às lutas populares e do discurso progressista, Lula, o PT, PCdoB, PSOL e a frente ampla são pilares de sustentação da ordem capitalista. A política de traição de classe, governando com os patrões, não é uma tática: é uma estratégia política e programática. A nomeação de figuras do mercado financeiro para postos-chave do governo, como o banqueiro Gabriel Galípolo, comprova o compromisso do governo com o pagamento da dívida, às custas do sacrifício da classe trabalhadora. A cumplicidade com o PL da Devastação mostra a diretriz da frente ampla voltada para o agronegócio, mineração e empreiteiras, contra a natureza e os povos indígenas.

1.2. A frente ampla de Lula/Alckmin não governa para a classe trabalhadora e não é uma alternativa para nossa classe. O governo Lula/Alckmin não está em disputa. Não é neutro, sem definição de classe. Ele é capitalista. Seu rumo está expresso no arcabouço fiscal para o grande capital, nas relações com os imperialismos e em sua política de alianças conservadoras. Não podemos apoiar, depositar confiança ou semear ilusões no governo burguês de Lula/Alckmin. Ao mesmo tempo, não se trata de dar conselhos críticos, apelar ao “bom senso” ou tornar-se “assessor” de esquerda do PT. O Lulismo não tem um programa socialista nem política classista. Não há caminho positivo para a esquerda socialista, comunista ou para os lutadores sociais dentro da frente ampla.

São ilusórias quaisquer expectativas sobre “mudança de rumo” ou “giro à esquerda” do governo Lula/Alckmin

2. Tais propostas, feitas por setores do PT, lideranças do MTST ou alas do PSOL, semeiam ilusões num governo capitalista cujo rumo está consolidado. As diretrizes a serviço do capital estão sendo implementadas desde janeiro de 2023. Lula e as lideranças que o cercam aplicam essa estratégia conscientemente. Lideram um governo burguês, usando seu passado popular para iludir, desmobilizar e desmoralizar as lutas da classe trabalhadora e dos setores populares. A política de austeridade, a serviço do capital, é ditada pelo petista Fernando Haddad. O comando do governo é de Lula, a principal e mais capacitada liderança da frente ampla, o presidente da República, que dirige o governo. Não se pode esquecer que o PT já governou da mesma forma em mandatos anteriores. Por isso expulsou os parlamentares radicais (dentre eles, nosso camarada Babá) e a nós da CST.

2.1. As forças do PSOL que criticam a atual maioria do partido não conseguiram deter o novo curso do PSOL, que é irreversível. A esquerda do PSOL (MÊS, APS, Fortalecer, RS, LSR, Ecoar) não tem forças para competir com a maioria. Sua permanência no PSOL está significando uma adaptação perigosa ao projeto palaciano. É preciso refletir e mudar o rumo. Já não há mais espaço para os socialistas no PSOL. Foi por isso que a CST rompeu com o PSOL, quando o Partido integrou o governo Lula/Alckmin com cargos ministeriais, liderança no congresso nacional e integrando a base aliada. O PSOL rompeu as fronteiras de classe. Para realizar uma política de independência de classe consequente, não é possível permanecer no PSOL.

2.2- É um princípio do movimento operário, não participar de governo burgueses. Quem flexibiliza princípios, cedo ou tarde, termina sucumbido. Vide a velha esquerda petista (DS, AE, FS, OT, BS, TM) ou projetos como a Consulta Popular, que terminaram aderindo aos governos petistas com as forças do capital. Começaram defendendo as “táticas” de alianças com PSB e PDT e terminaram aceitando o PL e o industrial José Alencar, para posteriormente aceitaram Michel Temer do MDB como vice de Dilma. Além de aderir a linha imobilista e antidemocrática da Articulação/PT e da UJS/PCdoB no movimento operário, estudantil e popular. Acabaram se integraram a ordem burguesa com cargos e outras bagagens.

A frente ampla pede votos contra a extrema direita, mas não luta de forma consequente nas ruas contra ela

3. A composição da frente ampla de Lula/Alckmin com setores ultrarreacionários como José Múcio, atual ministro da Defesa; com o ruralista Fávaro; os pactos de governabilidade com Arthur Lira e governadores da extrema direita como Tarcísio de Freitas significam colaborar com projetos como a extração de petróleo na foz do Amazonas, fortalecer a cúpula militar golpista e aprovar projetos privatistas e autoritários da extrema direita. As verbas do BNDES, no atual governo Lula, sustentam as privatizações e os ataques do governo de extrema direita de Tarcísio de Freitas em SP. Um governador estadual que tem as mãos manchadas de sangue pelas chacinas policiais. Tarcísio, atacar aos professores e a educação, além da militarização dde escolas estaduais para deixá-las sob o Comando da Polícia Militar. Infelizmente Lula não revogou as contrarreformas da Previdência, trabalhista, o Novo Ensino Médio nem a privatização da Eletrobras de Bolsonaro.

3.1. Ao mesmo tempo, o governo Lula não utiliza seu peso político para combater Trump. A frente ampla se limitou a negociar a ofensiva tarifária da Casa Branca e não tomou nenhuma medida enérgica contra as deportações que os trabalhadores brasileiros sofreram dos EUA. Nada faz em apoio à luta do povo panamenho pela soberania do Canal do Panamá. Nem sequer a ruptura de relações com Israel aconteceu. Algo que outros governos capitalistas já fizeram. Somente agora, em 13/06, depois de uma contínua Nakba, o Itamaraty anuncia que “estuda medidas para romper relações”, sem sair das palavras para a ação. E estamos falando de Israel: um enclave nazista, colonial e imperialista! Romper relações, decretar embargo militar, impedir o envio de petróleo e aço, reconhecer a resistência palestina como força beligerante, proibir relações acadêmicas e esportivas são medidas mínimas.

3.2. Nos governos anteriores de Lula e Dilma, essa estratégia deu errado. As alianças com o PP (partido de Bolsonaro), com a IURD dos bispos Macedo e Crivella, com a chefa do ruralismo Kátia Abreu, com militares na invasão do Haiti, com Sérgio Cabral e os milicianos fortaleceram setores ultrarreacionários. Agora, o governo da frente ampla prepara mais derrotas e retrocessos. O centrão que sustentou Michel Temer, e o governo genocida de Bolsonaro, possui mais de 10 ministérios no governo Lula/Alckmin com todas as verbas e pode que isso significa para um aglomerado de partidos reacionários da direta mais asquerosa desse país. Com austeridade, cortes de verbas sociais, aprofundamento da catástrofe ambiental e manutenção da jornada 6×1, a frente ampla abre o caminho para o fortalecimento eleitoral do bolsonarismo e/ou dos bandeirantes sanguinários do governo de São Paulo.

Combater as forças da extrema direita é urgente

4. Mas isso se faz nas ruas, com ampla unidade de ação do conjunto da classe trabalhadora e dos setores populares. Não pode ser apenas um post nas redes sociais ou um discurso eleitoral. Não podemos confiar no STF e seus ministros, que sempre julgam de acordo com suas conveniências e seguindo o humor político burguês. Só a mobilização organizada nas ruas pode enterrar de vez os projetos autoritários. É preciso seguir o exemplo da mobilização que ocorre agora no Panamá e das greves gerais da Argentina contra a extrema direita. Para isso, a frente ampla já mostrou que não é efetiva. Basta ver o papel da Articulação Sindical/PT, corrente de Lula, majoritária na CUT, em relação ao governo Tarcísio: se negou a unificar a greve dos metroviários, sabespianos e CPTM em 2023. Agora mesmo, não unificou a luta com a educação municipal contra os ataques da extrema direita Ricardo Nunes.

Devemos fortalecer as posições de independência em relação ao atual governo Lula/Alckmin

5. O fato é que a frente ampla de Lula, pela via do aparelhamento, dos cargos nos ministérios e conselhos, transforma os líderes das centrais sindicais e entidades do movimento popular em subsecretários dos Ministérios. Isso produz confusão política, embeleza instituições burguesa e alianças com partidos patronais. Seus dirigentes nos movimentos atuam pela via do engano sistemático e das artimanhas contra a unificação das lutas. A frente ampla provoca desmobilização e amortecimento por meio de sua política de colaboração de classes com nossos inimigos de classe. Um exemplo foi a aprovação do PL da devastação que passou sem protestos no Senado, devido ao papel da frente ampla e ao controle que ela exerce sobre os movimentos sociais, impondo freios às lutas. A cooptação de movimentos sociais e centrais sindicais pelo atual governo gera retrocessos como este. Isso perigosamente pode levar à desmoralização da nossa classe e do ativismo. Algo que devemos combater.

5.1. Em nossa visão, a frente ampla com seus pactos com setores do ruralismo (muitos dos quais apoiaram o 8J), as multinacionais do campo, os bancos e com a patronal demonstra que não é uma alternativa para a classe trabalhadora e os setores populares. Por outro lado, fica explícito que devemos nos organizar e fortalecer as posições de independência em relação ao atual governo Lula/Alckmin dentro dos sindicatos e movimentos sociais.

Diante da crise do capitalismo, é necessário construir a unidade das organizações que não compõem a frente ampla de Lula/Alckmin

6. Nós, da CST, queremos dialogar com partidos, organizações, lideranças independentes e lutadores sociais que queiram construir um caminho tático unitário. Todes que aceitem dar passos em comum, sem vetos, exclusões burocráticas ou autoproclamação. Para construir um espaço enraizado na classe trabalhadora, independente da burguesia e dos seus representantes. Defendemos uma reunião das organizações que não integram o governo Lula: UP, PCB-R, PSTU, MRT, SoB e CST. Nenhuma dessas organizações consegue, por si só, construir uma forte esquerda independente. Para dar os primeiros passos nesta difícil tarefa, propomos uma reunião das forças que compuseram o Plo Socialista Revolucionário: PSTU, MRT, SoB e CST, além de organizações nacionais, regionais e lideranças que queiram somar (sem vetos sectários e nem exclusões burocráticas). Para verificar ações em comum, baseado num debate fraterno das divergências, respeitando os acordos possíveis. Sempre mantendo a independência política, programática e organizativa de todo mundo envolvido nessa unidade tática.

6.1. Infelizmente existem forças fora da frente ampla que tem como eixo de atividade atacar outras organizações, esgrimindo uma suposta pureza programática. Atuam como únicos revolucionários do mundo a quem a “verdade foi revelada”. Com esses, definitivamente, ninguém pode avançar. É preciso superar o espirito de seita, do círculo fechado dos “iluminados”. A unidade da esquerda independente é também uma batalha contra o sectarismo e o vanguardismo.

A tarefa que se impõe é a reorganização independente da classe trabalhadora, com uma política em defesa da classe trabalhadora

7. A CST defende confrontar o sistema capitalista e seus representantes e manter um combate radical contra a extrema direita. Para manter de pé a luta por reajuste emergencial de todos os salários, benefícios e bolsas, zerando as perdas; garantir que todos os acordos coletivos assegurem o reajuste automático dos salários de acordo com a inflação real dos alimentos, tarifas e remédios; pela duplicação do salário mínimo. Lutar pelo fim da 6×1, redução da jornada de trabalho, atendimento das reivindicações do breque dos apps. Exigir o fim do arcabouço fiscal e do Plano Safra, contra qualquer mudança nos pisos constitucionais de saúde e educação. Por mais verbas para as áreas sociais e para as pautas feministas e LGBTQIA+. Pelo não pagamento da dívida, taxação dos bilionários e multinacionais, estatização do sistema financeiro e expropriação das multinacionais. Garantir terra para quem nela quer trabalhar, impor a demarcação das terras dos povos indígenas, acabar com as chacinas policiais e todo o aparelho repressivo. Pela prisão de Bolsonaro e todos os golpistas, e expropriação das empresas que financiaram o golpe. É necessário unir as greves da educação, atos ambientais, lutas contra os cortes. Exigimos da CUT, CTB, UNE, MTST uma jornada nacional de lutas. Batalhamos por uma nova direção democrática, unitária e de lutas para o movimento operário e popular, combatendo as direções majoritárias pelegas.

7.1. A CST é uma organização socialista e revolucionária independente. Somos a seção no Brasil da UIT-QI (Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional). Estrategicamente defendemos a unidade dos revolucionários e revolucionárias. Lutamos por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e por um Brasil socialista. Por uma efetiva unidade anti-imperialista latino-americana contra Trump, rumo a uma Federação das Repúblicas Socialistas da América Latina.

17/06/2024
CST – Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras

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