Após os atos do dia 10/07: continuar nas ruas! | Combate Socialista Nº 201

Enquanto fechamos esta edição do Combate Socialista, ocorriam as manifestações convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular contra o Centrão, pela taxação dos super-ricos, pelo fim da jornada 6×1 e contra o PL da devastação ambiental. Os atos denunciaram o tarifaço da extrema-direita de Trump contra o Brasil, o bolsonarismo e governadores como Tarcísio.
A CST, organização socialista revolucionária independente, marcou presença lutando pelas pautas unificadas. Além disso, denunciamos o imperialismo estadunidense, apoiamos as lutas dos povos do Panamá e da Palestina, exigimos o fim do arcabouço fiscal do governo Lula/Alckmin e a demissão dos ministros do Centrão.
É fundamental manter a mobilização !
Em São Paulo, em frente ao MASP, milhares de pessoas fecharam a principal avenida do país. Por si só, essa adesão expressa disposição de luta para combater os ataques imperialistas da Casa Branca, o Centrão, os planos de ajuste da Febraban e da Faria Lima. Mostraram nas ruas o que aparece nas pesquisas de opinião e abaixo-assinados online: que a maioria da classe trabalhadora e dos setores populares defende a taxação dos bilionários e a redução da jornada de trabalho. É possível avançar por pautas históricas da esquerda. Nós batalhamos para que as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular deem continuidade à luta nas ruas.
E o governo Lula/Alckmin?
O governo Lula/Alckmin fez protestos diplomáticos e fala em utilizar a “reciprocidade econômica” em relação aos EUA. Mas, por ora, segue na tentativa de negociar com os EUA (ver pág. 3). A mesma estratégia é usada com relação ao Centrão (ver pág. 11). Ao mesmo tempo, pactua com os 300 picaretas da Câmara dos Deputados o aumento do fundo eleitoral, do número de deputados e a farra das emendas parlamentares.
No plano interno, o governo Lula/Alckmin implementou o arcabouço fiscal com meta de déficit zero, o que leva a cortes em áreas sociais, reajuste pífio do salário mínimo, leilões de petróleo, ataques ao BPC e ameaça ao piso da saúde e educação. Lula e o PT, mais uma vez, aplicam a austeridade fiscal do FMI, prevista no Plano Real de FHC, além de manter o teto de gastos de Temer. Com essa política econômica, o Banco Central, presidido por Gabriel Galípolo, anunciou a taxa Selic em 15% ao ano. Isso eleva em R$ 12 bilhões anuais os gastos com juros. Em 12 meses, o governo gastou R$ 928 bilhões com juros, o que equivale a 5 vezes o orçamento da educação e 3 vezes o da saúde. Enquanto o governo Lula/Alckmin defende metas fiscais, via corte de verbas sociais e elevação da arrecadação, destina bilhões ao agronegócio. Foram R$ 400 bilhões no ano passado e agora mais R$ 500 bilhões em um novo Plano Safra. É preciso dizer um basta ao arcabouço fiscal, ao Plano Safra e aos leilões do petróleo do governo Lula/Alckmin.
O fato é que há um descompasso entre o espírito combativo que se viu nas ruas no dia 10/07 e a estratégia de colaboração de classes e pacto com a velha direita realizada pelo governo Lula/Alckmin. Por isso, defendemos a necessidade da independência política da classe trabalhadora em relação ao governo da frente ampla.
Batalhar por uma nova jornada nacional de lutas
Exigimos que a CUT, CTB, UNE e MTST parem de blindar o governo Lula, sejam independentes dos governos e convoquem uma jornada de lutas pelas reivindicações da classe trabalhadora. Além das pautas do dia 10/07, defendemos:
a) fim do arcabouço fiscal, do Plano Safra e dos leilões do petróleo;
b) reajuste de salários e benefícios, redução das tarifas de energia, água, internet, gás, gasolina e preço dos alimentos;
c) taxação de bilionários e multinacionais, não pagamento da dívida e estatização do sistema financeiro;
d) arquivamento da reforma administrativa, revogação das reformas trabalhista, previdenciária, do Novo Ensino Médio e da privatização da BR Distribuidora e da Eletrobras, revogação do marco temporal;
f) demissão de Múcio da Defesa, Fávaro da Agricultura e Alexandre Silveira de Minas e Energia, e de todos os ministros do Centrão;
g) punição dos golpistas e expropriação das empresas financiadoras do 8J.
São essas algumas das propostas que a juventude revolucionária Vamos à Luta (CST e independentes) apresentará no congresso da UNE (ver pág. 4 e 5), buscando a unidade da oposição: Correnteza/UP, Juntos/MÊS, UJC/PCBR, Faísca/MRT, Rebeldia/PSTU e Já Basta/SoB.
Construir um bloco ou campo da esquerda independente
A CST não integra a frente ampla e não apoia o governo Lula/Alckmin, que é de colaboração de classes com empresários que nos exploram. A nossa opinião é conhecida: a frente ampla é uma aliança com nossos inimigos de classe e não é uma alternativa para os trabalhadores. Ao mesmo tempo em que realizamos unidade de ação, lutamos pela construção de uma esquerda independente. Para isso, propomos uma reunião dos partidos e organizações que não integram o governo Lula/Alckmin: UP, PCBR, PSTU, MRT, SoB e forças que não integram a frente ampla.
A CST defende uma solução profunda: estrategicamente propomos a unidade dos revolucionários e das revolucionárias. Lutamos por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista. Por uma efetiva unidade anti-imperialista latino-americana contra Trump, rumo a uma Federação das Repúblicas Socialistas da América Latina.