Pela primeira vez, ONGs israelenses acusam Israel de cometer um genocídio em Gaza

Divulgado por Imprensa UIT-QI
A Diretora Executiva da B’Tselem, Yuli Novak, disse que a realidade “não nos deixa escolha a não ser reconhecer a verdade: Israel está cometendo um genocídio contra os palestinos da Faixa de Gaza”.
As organizações israelenses B’Tselem e Physicians for Human Rights Israel [Médicos pelos Direitos Humanos Israel] (PHRI) acusaram na segunda-feira o governo israelense de cometer um genocídio na Faixa de Gaza. Foi a primeira vez que ONGs locais caracterizaram dessa forma a ofensiva israelense contra o enclave palestino.
“Precisamente nesse momento, é especialmente importante chamar as coisas pelos seus nomes”, disse a Dra. Daphna Shochat, da PHRI, numa coletiva de imprensa em Jerusalém, apresentando um relatório da organização que analisa a situação médica no enclave.
Por sua vez, a diretora executiva da B’Tselem, Yuli Novak, afirmou que a realidade “não nos deixa escolha a não ser reconhecer a verdade: Israel está cometendo um genocídio contra os palestinos da Faixa de Gaza”.
Novak descreveu a sociedade israelense como “capaz de apagar a humanidade das pessoas e perder toda a empatia e as obrigações morais”, por meio de um “longo processo de desumanização dos palestinos”.
“É uma combinação assustadora de circunstâncias que nos leva à realidade que todos vemos hoje”, afirmou a representante da organização.
Além do relatório da PHRI – que analisa os efeitos médicos da ofensiva israelense e conclui que ela atende aos requisitos legais para ser qualificada como um genocídio, segundo a Convenção de Genebra –, a B’Tselem publicou seu próprio relatório, documentando declarações de políticos e altos oficiais militares, que defendem a destruição da sociedade palestina em Gaza.
Além disso, a organização, que se concentra em denunciar a ocupação dos territórios palestinos e os efeitos das políticas israelenses sobre seus habitantes, alertou que Israel está replicando o que aprendeu em Gaza na Cisjordânia ocupada, embora em menor escala.
A organização afirmou que existe o risco de que o genocídio se espalhe para toda a população palestina.
Algumas ONGs internacionais, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, já denunciaram Israel por cometer um genocídio ou “atos genocidas” em Gaza, enquanto a África do Sul acusou o país de cometer um genocídio perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em dezembro de 2023, processo que ainda está em andamento.
Na coletiva de imprensa, as ONGs afirmaram que a liderança israelense é a principal responsável pelo que está acontecendo, mas também acusaram a comunidade internacional de não fazer o suficiente para impedir a guerra.
Quase 60.000 palestinos morreram e dezenas de milhares ficaram feridos durante a ofensiva israelense contra Gaza, que se seguiu aos ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Publicado em www.eldeber.com.bo