Por João Santiago e Mariza Santos – Coordenação CST Pará

A COP-30 será um grande confronto: de um lado os que verdadeiramente defendem o meio ambiente e lutam contra a catástrofe climática, como as mais de 700 Entidades que formam a Cúpula dos Povos. Do outro lado: dezenas de empresas multinacionais e nacionais que financiam a COP-30 para esconder a destruição insana que fazem da natureza e dos povos tradicionais com a falácia do “capitalismo verde” ou “sustentável” e se apropriam do discurso da COP-30 com o objetivo de manter seus lucros e negócios intactos.

As “raposas” (Multinacionais) querem tomar conta do “galinheiro”

Segundo a grande mídia, várias empresas multinacionais dos mais diversos ramos tem confirmado sua participação na COP-30, em Belém do Pará. Algumas dessas delas vem patrocinando diretamente a propaganda de empresas de comunicação com o objetivo de serem vistas pela população como “ecológicas”. No setor de Mineração e Metais são listadas: a Vale: (Brasil), a Hydro: (Noruega), a BHP: (Austrália), Alcoa: (EUA), MRN e IBRAM: (Brasil). Do agronegócio temos: JBS: (Brasil) Cargill: (EUA) Bayer: (Alemanha) CNHIndustrial: (Países Baixos/Itália); SLC, Raízen e Agropalma (Brasil). Do ramo da Tecnologia temos Microsoft: (EUA) NTT DATA: (Japão). Da Energia e Indústria: ExxonMobil: (EUA) Honeywell: (EUA) GM: (EUA). Dentre os bancos temos: Itaú: (Brasil) JPMorgan Chase: (EUA) Standard Chartered PLC: (Reino Unido).

Recentemente, ambientalistas denunciaram a empresa Edelman que vai comandar as relações com a mídia internacional, de trabalhar para a Shell, uma das maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo. A empresa ganhou o contrato de US$ 835 mil (cerca de R$ 4,76 milhões) neste mês, por meio de uma agência da ONU, para ajudar a equipe da COP 30 do Brasil a “elaborar uma narrativa estratégica”, gerenciar relações com a mídia internacional, criar conteúdo digital e conduzir crises de relações públicas na cúpula de novembro (FSP, 30/07/25; edição online). Rachel Rose Jackson, diretora de pesquisa e política climática da ONG Corporate Accountability, afirmou que “ter um apoiador de combustíveis fósseis e facilitador da crise climática desempenhando um papel fundamental na COP 30 é absurdo”.

Por que Empresas Multinacionais patrocinam a propaganda da COP-30?

O Grupo Globo (O Globo, Valor Econômico e CBN) com o seu projeto “COP-30 Amazônia” contará com o patrocínio da JBS e da Vale. A Folha de São Paulo montará o “Espaço Folha” no hangar e terá o apoio da JBS, Vale e outras empresas. O Grupo Liberal no Pará, afiliada da Rede Globo, terá o patrocínio da norueguesa Hydro, da Agropalma, outras empresas do setor agro e energético, além da Vale (Carta Capital, 07.05.25, edição online).

Por que grandes empresas que tem um passado de destruir o meio ambiente querem manipular o que vai sair na imprensa sobre a COP 30?

Sim, a maior parte dessas empresas tem as mãos sujas com crimes ambientais. Recentemente a Vale foi indiciada pelo Ministério Público como a responsável pela contaminação dos rios utilizados pelo povo Xikrin, no Estado do Pará; sem contar os desastres provocados em Mariana e Brumadinho pelo rompimento das barragens que resultaram na morte de 291 pessoas. A Vale pratica a mineração a céu aberto, um método condenado pelos ambientalistas do mundo inteiro por conta do uso de cianuretos e arsênico, que contaminam os solos e rios e explosões de montanhas; é uma técnica criminosa para saquear os povos. A JBS é campeã de desmatamento, fato confirmado por 35 fazendeiros dos quais a JBS compra bois na Amazônia, segundo apurou a Carta Capital. A Hydro, que patrocina o Liberal, foi condenada pela justiça a pagar uma multa de R$ 100 milhões após o desastre ambiental em Barcarena, onde a empresa contaminou o Rio Mucuripe com lama tóxica.

A manipulação da mídia é para maquiar a farsa do “capitalismo verde” e seu desenvolvimento sustentável. Tentam incutir na população, através dos seus vassalos da mídia, a ideia de que são defensores da natureza e do meio ambiente. Pura farsa! A mineração chega a representar de 10% a 15% do PIB dos estados amazônicos e de 25% a 30% do PIB do Pará.

Fortalecer a Cúpula dos Povos contra a farsa do “capitalismo verde”

A Cúpula dos Povos será o maior evento paralelo à reunião de Cúpula oficial durante a COP-30, na Universidade Federal do Pará, no período de 12 a 16/09. Mais de 700 organizações sociais e políticas do Brasil e do mundo inteiro estarão reunidas para se contrapor às pautas oficiais e defender a justiça climática.

Nós, da CST/UIT-QI, nos somamos a este chamado da Cúpula dos Povos, como um movimento alternativo e paralelo à Cúpula dos Ricos e ao capitalismo-imperialista, o principal sistema responsável por todos os desequilíbrios climáticos que estão ocorrendo no mundo. Por isso, para além da pauta da Cúpula, no Brasil, exigimos do Governo Lula a Revogação do PL da Devastação, a punição e a expropriação das empresas que destroem o meio ambiente e provocam desmatamento, pelo fim do Plano SAFRA, do agronegócio capitalista e do Marco Temporal, pela Reforma agrária sob controle dos sem-terra e pela Demarcação já.