Fim da anistia: basta de impunidade para os golpistas de ontem e de hoje

Por Bruno da Rosa e Denis Melo, direção da CST

O julgamento de Bolsonaro por iniciativa de golpe de Estado reacende um debate necessário sobre o julgamento e punição dos golpistas de 1964 e os do 8J.

No auge do regime militar, aplicou-se uma anistia que livrou a cara de torturadores, generais golpistas e seus cúmplices civis, financiadores daquele regime.

Enquanto milhares de trabalhadores, estudantes e militantes tiveram suas vidas destruídas pela ditadura, os responsáveis pelo terror de Estado jamais responderam por seus crimes.

A farsa da “anistia ampla, geral e irrestrita” permitiu que a herança autoritária sobrevivesse dentro das Forças Armadas e no aparelho policial.

Não é coincidência que, décadas depois, o país tenha assistido a um espetáculo vergonhoso em 8 de janeiro de 2023, quando milhares de golpistas, convictos da impunidade, invadiram na tentativa de dar um golpe de Estado, restituindo Bolsonaro ao poder, tudo sob a inspiração e a conivência de setores das Forças Armadas e das polícias.

Na ditadura de 1964, nenhum torturador respondeu por quaisquer dessas barbaridades. Dessa vez, o Congresso Nacional, encabeçado pelos partidos União Brasil e PP, que até outro dia tinham cargos no governo Lula, iniciou um movimento de anistia geral, vendendo a idéia de não é necessário punir com rigor “alguns loucos que se excederam” e anistiar completamente Bolsonaro de qualquer responsabilidade.

Mas golpe não é loucura, é um projeto de classe. É a arma usada pelos patrões e seus aliados fardados sempre que seus privilégios são ameaçados. Por isso, o fim da anistia é parte da luta maior contra exploração e opressão. Punir os militares golpistas de ontem e os fascistas de hoje é defender o direito de greve, de manifestação e de organização sindical e popular. É garantir que jamais se repita o silêncio imposto com censura, prisões e violência.

O contexto internacional reforça essa batalha. Tentativas de interferência dos EUA na América Latina, as pressões de Trump e o genocídio em curso contra o povo palestino mostram que não existe liberdade democrática sem soberania popular.

Chega de anistia para torturadores, golpistas e corruptos fardados! É necessário, julgar e punir de forma exemplar aos responsáveis pelo golpe de 64 e pela intentona golpista de 2023. Queremos o fim da tutela militar sobre a vida política do país.

A tarefa que se coloca é fortalecer a mobilização popular, construir unidade entre trabalhadores, juventude e movimentos sociais e arrancar das ruas a força necessária para impor o fim da impunidade. Só assim poderemos enterrar de vez a herança da ditadura e impedir que os inimigos da nossa classe voltem a ameaçar nossas liberdades.