Greve geral na Itália / “Vamos bloquear tudo com a Palestina no coração”

Escreve Adolfo Santos, dirigente da Izquierda Socialista/FIT Unidad

Sob o lema do título, nesta segunda-feira, 22, grande parte da Itália aderiu a uma greve geral para repudiar o genocídio em Gaza, apoiar a Flotilha Global Sumud e exigir que o governo de Giorgia Meloni rompa relações com Israel e reconheça o Estado Palestino. Este gesto de solidariedade com Gaza consolida uma mobilização mundial que cresce de forma ininterrupta. Hoje, haverá dezenas de cidades com manifestações ao redor do planeta.

A luta conseguiu que, nos últimos dias, quatro novos países reconhecessem o Estado Palestino: Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal. Uma dessas expressões é a frota que navega em direção a Gaza para tentar abrir um corredor humanitário que alivie a fome gerada pelos ataques do Estado terrorista de Israel.

A greve, convocada pela União dos Sindicatos de Base (USB), foi acatada por milhares de pessoas em grande parte da Itália e recebeu forte apoio de coletivos estudantis de diferentes níveis e de professores que suspenderam as aulas para se juntar massivamente às mobilizações. A greve afetou portos, transporte terrestre, educação, saúde, logística e bombeiros. Esta ação deu continuidade a outra greve de quatro horas, também em defesa de Gaza, organizada na sexta-feira, 19, pela Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL), um dos sindicatos mais importantes do país. Segundo a USB, “os principais portos da Itália, 90% do transporte público e 50% das ferrovias ficaram bloqueados”.

Na estação central de Milão, ocorreram confrontos com a polícia quando grupos de manifestantes tentaram entrar no terminal para interromper a circulação dos trens. Em Roma, 100 mil pessoas se concentraram e bloquearam os acessos à estação Termini, a principal estação ferroviária de Roma e da Itália, o que causou um grande caos com uma multidão de viajantes e turistas que pretendiam acessar esse transporte. Algo semelhante aconteceu na estação Porta Nuova, em Turim. Em Bolonha, 50 mil pessoas se manifestaram e interromperam o tráfego na rodovia A-1. Em Nápoles, estima-se que 40 mil manifestantes tenham participado, enquanto na região da Toscana grupos de pessoas bloquearam a rodovia Florença-Pisa-Livorno.

O bloqueio nos portos teve um grande impacto. A União dos Sindicatos de Base, que participa da organização da frota rumo a Gaza, cumpriu sua promessa de paralisar esses terminais em defesa de Gaza e da Flotilha Global Sumud. O porto de Gênova ficou bloqueado, local de onde partiram os navios italianos que se juntaram às saídas de Barcelona, com 200 toneladas de mantimentos doados por cidadãos. O porto de Marghera, em Veneza, também foi bloqueado. Os protestos se estenderam a Livorno, Trieste, Ancona e Civitavecchia (perto de Roma e principal porto de cruzeiros e balsas do centro do país). Em Ravenna, os trabalhadores portuários detiveram dias atrás dois contêineres que se dirigiam a Israel.

A solidariedade com Gaza, com o povo palestino e com a frota humanitária que tenta romper o bloqueio sionista se espalha com força crescente. Frear os crimes do sionismo, apoiado pelo imperialismo mundial, e exigir o rompimento das relações comerciais, diplomáticas e militares com o Estado de Israel é uma tarefa urgente para as massas do mundo. Se as potências pensaram que, ao transmitir um genocídio pela televisão, conseguiriam intimidar os povos, estão provocando o efeito contrário: a maior demonstração de solidariedade mundial da história. As mobilizações, as greves e a Flotilha Global Sumud (da qual fazemos parte com o deputado nacional Juan Carlos Giordano e Ezequiel Peressini, dirigente da UIT-CI) com ajuda humanitária, entre outras ações, multiplicam as vozes que exigem: basta de genocídio. Por uma Palestina única, livre, democrática e não racista, do rio ao mar.

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