O Brasil é explorado pelo capitalismo imperialista Chinês (texto 5)
Joaquim Tenoné, militante da CST de SP
A relação comercial entre Brasil e China é hoje um dos pilares da economia nacional, causando prejuízos ao nosso país. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, abrangendo investimentos estratégicos, agronegócio, infraestrutura e finanças. A China responde por cerca de 30% das exportações brasileiras, sendo o principal destino de soja, minério de ferro, petróleo bruto, carne bovina e de frango, além de celulose, aprofundado nossa subordinação, exploração da classe trabalhadora e a catástrofe ambiental. Ao mesmo tempo, é o maior fornecedor de bens industrializados para o Brasil, como equipamentos eletrônicos, máquinas, produtos químicos, painéis solares e veículos. Essa dinâmica revela uma relação desigual: o Brasil exporta produtos primários de baixo valor agregado e importa bens industrializados de alta tecnologia, reforçando nossa dependência e perfil agroexportador.
A China é também uma das maiores fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, com foco em setores estratégicos como energia (hidrelétricas, eólicas e solares), infraestrutura (portos, ferrovias, rodovias e linhas de transmissão), mineração (ferro, níquel e lítio) e telecomunicações. Esses investimentos afetam nossa soberania, especialmente quando envolvem controle de infraestrutura e setores estratégicos.
Em resumo, a relação Brasil-China é desigual. Ela reflete o papel do Brasil na divisão internacional do trabalho como fornecedor de commodities e consumidor de tecnologia. O fato é que também somos explorados pelo capitalismo Imperialista Chinês.
Quais são as principais empresas capitalistas Chineses atuando no Brasil?
As principais empresas capitalistas Chinesas que atuam no Brasil são: 1- Huawei que atua no setor de Tecnologia e Telecomunicações. Fornece equipamentos para redes 4G e 5G, além de soluções em tecnologia da informação; 2- Lenovo, atua no setor de Tecnologia e Hardware. Vende computadores, notebooks e dispositivos eletrônicos no Brasil; 3- BYD que atua no setor Automotivo e de Energia. Fabrica veículos elétricos e baterias, incluindo produção e comercialização de ônibus elétricos; 4- China Three Gorges Corporation (CTG) do setor de Energia. Uma das maiores empresas de energia da China, com investimentos em usinas hidrelétricas e parques eólicos no Brasil; 5- State Grid Corporation of China do setor de Energia e Infraestrutura. Empresa estatal que atua no setor de transmissão de energia elétrica, incluindo concessões de linhas de transmissão no Brasil; 6- Alibaba Group do ramo de E-commerce e Tecnologia. Atua via parcerias e investimentos em plataformas digitais e no comércio eletrônico no Brasil; 7-China National Petroleum Corporation (CNPC) do ramo de Combustíveis. Investe em exploração e produção de petróleo e gás no Brasil; 8- China Communications Construction Company (CCCC) do ramo de Infraestrutura. Envolvida em projetos de construção e infraestrutura, como rodovias e portos; 9- ZTE empresa de Telecomunicações. Fornece equipamentos e soluções para operadoras de telecomunicações brasileiras; 10- Jiangsu Shagang Group empresa da Siderurgia. Possui investimentos em aço e indústria siderúrgica no Brasil.
Como se pode notar, setores estratégicos para a economia brasileira estão sendo ocupados pela penetração do capitalismo imperialista Chines. De acordo com dados recentes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil): “a China manteve sua posição como principal investidor asiático no Brasil e atualiza os números do estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para US$ 53,6 bilhões em 2023, um crescimento de 44,3% em relação a 2022… Desde 2021, o volume de investimentos chineses no país vem registrando recordes anuais…. Os investimentos se concentram nos setores de energia, infraestrutura e indústria automotiva”. A China tem grande peso em setores como energia elétrica (transmissão e renováveis), infraestrutura, telecomunicações e agronegócio (exportação de commodities).
As empresas chinesas têm forte presença nesses setores, mas ainda não dominam o mercado brasileiro. No caso do setor de energia tem como lideres Eletrobras, a empresa francesa Engie Brasil, a estadunidense AES Brasil e Neoenergia (do grupo espanhol Iberdrola). Na tecnologia empresas como Samsung, LG, Motorola e outras, lideram o mercado de smartphones, tablets e outros dispositivos eletrônicos. No setor automotivo são as Volkswagen, GM, Stellantis (que inclui marcas como Fiat, Jeep e Peugeot) e Toyota.
Os EUA ainda são o principal imperialismo que nos explora
As empresas dos EUA continuam sendo as maiores no Brasil em termos de faturamento e investimentos. É o caso da Coca-Cola, Walmart, General Motors, IBM, Amazon, Apple e bancos como JPMorgan. Ou seja, o Brasil continua sendo explorados principalmente pelo capitalismo imperialista estadunidense, apesar de sua decadência e crise de dominação. Por outro lado, as empresas capitalistas europeias mantem sua presença na exploração de nosso país: especialmente em setores industriais, automotivo (Volkswagen, Fiat), farmacêutico, energia e bens de consumo.
De todo modo, o avassalador crescimento do capitalismo Chines em nosso país é uma dinâmica muito importante.
Quais os problemas da exploração imperialista Chinesa?
A frente ampla de Lula, muitos intelectuais, partidos e influenciadores digitais falam que o avanço chines é positivo. Dizem que isso “equilibra” a relação com os EUA, contribui para um “mundo multipolar” em que o Brasil se beneficia. Mas isso não é verdade.
O avanço do capital chinês no Brasil ocasiona problemas econômicos, sociais e ambientais. A crescente presença chinesa em setores estratégicos, como infraestrutura, energia e agronegócio, aumenta a dependência do Brasil em relação à China, tornando o país vulnerável a pressões políticas e econômicas externas. O avanço chines ocupando espaços dos velhos imperialismos europeus ou estadunidense não significa algo bom para a classe trabalhadora brasileira. Significa que também passamos a ser explorados por um novo imperialismo, o Chines (ao lado da presença hegemônica Estadunidense e a da presença europeia). Já vimos isso em nossa história quando deixamos de ser explorados fundamentalmente pela Inglaterra para passar a orbita dos EUA no contexto das guerras mundiais.
A forte pressão pela exportação de produtos primários, combinada com a entrada de produtos chineses, geralmente com preços mais baixos, estimula uma especialização produtiva subordinada que nos amarra na exportação de commodities. Ocasionado fechamento de fábricas, secundarizando investimentos em ciência e tecnologia e fortalecendo ramos poderosos como o agronegócio voltado inteiramente para o exterior. A atuação de empresas chinesas em redes de energia elétrica, portos e setores de tecnologia afeta nossa soberania nacional. Investimentos em mineração, agricultura em larga escala e infraestrutura, especialmente na Amazônia e no Cerrado, geram aumento do desmatamento, degradação ambiental e impactos negativos para povos indígenas e locais aprofundando a catástrofe climática. A China, como qualquer imperialismo, possui ações comerciais agressivas, como dumping (venda a preços abaixo do custo para eliminar concorrentes) e desrespeita direitos trabalhistas e condições de trabalho em no Brasil. Nada disso é progressivo ou bom para o Brasil, para nossa classe trabalhadora.
O crescimento do capital Chinês é parte da estratégia de Pequim para aumentar sua influência política na América Latina. Algo que só beneficia o seu projeto imperialista. É necessário lutar contra toda e qualquer forma de dominação imperialista contra o nosso país e contra a exploração de nossa classe trabalhadora.