Para defender a soberania, é preciso enfrentar o imperialismo

Por Danilo Bianchi e Adriano Dias, Coordenação da CST
No último dia 6 de agosto, entrou em vigor o chamado “tarifaço Trump” — uma elevação de 50% nas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida escancara o caráter imperialista do governo estadunidense, que aprofunda sua dominação sobre a economia brasileira e repassa os custos desse ataque à classe trabalhadora.
Vale lembrar que os EUA já exploram amplamente as riquezas do Brasil, principalmente por meio da dívida pública — interna e externa — que o governo paga pontualmente aos banqueiros. Além disso, mantêm uma relação comercial vantajosa: exportamos produtos primários como laranja, petróleo e café, e importamos bens com alto valor agregado, como combustíveis e aeronaves. A burguesia brasileira, sócia-menor do imperialismo, lucra com essa lógica de dependência.
Entre o anúncio do tarifaço e sua entrada em vigor, passou-se um mês. Nesse intervalo, os EUA divulgaram uma lista de 694 produtos isentos da tarifa, representando 43,4% do comércio entre os países. Entre eles, suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis, além de metais e madeira — itens que os EUA não produzem ou não conseguem substituir por outros mercados.
Todo esse ataque foi apoiado pela extrema direita Bolsonarista e governadores como Zema de Minas Gerais e Tarcísio de Freitas de São Paulo que juntos com a família Bolsonaro cumprem o papel de capachos de Trump e do Imperialismo Americano. São os mesmos que defendem a anistia para os golpistas do 8J e querem que o Brasil vire um quintal dos EUA.
Lula não enfrenta o Imperialismo Estadunidense
Diante desse grave ataque, o governo Lula, apesar do discurso em defesa da soberania, não adota uma postura consequente. Limitou-se a regulamentar a Lei de Reciprocidade Econômica, sem aplicá-la ou tomar medidas concretas, apostando em negociações com a Casa Branca, que trata o Brasil com desprezo.
Pior: os EUA demonstram interesse nas nossas terras raras — minerais estratégicos, abundantes no Brasil e essenciais para setores como celulares, carros elétricos, turbinas e equipamentos militares. O governo Lula, por meio do ministro Fernando Haddad, tem sinalizado que aceitará ceder às pressões imperialistas, permitindo a exploração dessas riquezas por multinacionais estado-unidenses, em troca da aceitação do PIX nos EUA — uma demonstração absurda de submissão.
Internamente, a única política efetiva do governo diante do tarifaço tem sido proteger os lucros dos empresários, com medidas elogiadas pela Faria Lima. A burguesia nacional, historicamente subordinada ao imperialismo, é cúmplice dessa situação de dependência estrutural.
A verdade é que Lula faz discursos contra os EUA, mas não enfrenta os bilionários nem os interesses da Faria Lima. Lula não é um parlamentar, é presidente da República e responsável direto pelos rumos do país. Sua política de conciliação de classes não serve à classe trabalhadora nem defende a soberania nacional. É inaceitável que o governo use recursos públicos — oriundos do trabalho do povo — para cobrir prejuízos de empresários, mantendo o país submisso, sem aplicar sequer a Lei de Reciprocidade.
Ocupar as ruas contra o tarifaço e o Imperialismo americano
Diante dos ataques do imperialismo, é urgente fortalecer a mobilização nas ruas. O ato de 10 de julho, quando milhares ocuparam a Avenida Paulista contra o tarifaço, foi importante — mas não teve continuidade. Em vez de uma luta unificada, seguiram-se apenas calendários dispersos. As centrais sindicais como CUT e CTB e entidades estudantis como a UNE e a UBES não foram consequentes no chamado massivo nas ruas contra o Imperialismo americano e o tarifaço. É preciso enfrentar o imperialismo de verdade.
Por isso, exigimos das centrais sindicais e dos movimentos sociais uma nova jornada nacional de lutas e paralisações em defesa da soberania e dos direitos dos trabalhadores. Pela proibição do envio de lucros das multinacionais estadunidenses e taxação de suas receitas. Derrubar o arcabouço fiscal, revogar as contrarreformas, taxar os bilionários. Sem anistia e punição de todos os golpistas de 8J; cassação e prisão de Eduardo Bolsonaro.