Por uma verdadeira independência! | Combate Socialista Nº 204
Às vésperas do 7 de Setembro, o Combate Socialista reforça a necessidade de protestos unificados contra o tarifaço dos EUA e em defesa dos direitos da classe trabalhadora: aplicação da lei de reciprocidade, taxação das multinacionais, não pagamento da dívida, nenhuma demissão ou redução salarial enquanto durar o tarifaço. Exigimos a destinação dos R$ 30 bilhões da MP Soberana para áreas sociais, salário mínimo e BPC. O 7/09 é a data mais simbólica para a luta por soberania e contra as ações dos EUA.
Não existiu uma verdadeira independência
No 7 de Setembro, governantes, empresários, militares e fazendeiros falam de nossa “independência”, mas ela nunca se concretizou totalmente. Saímos da condição de colônia de Portugal para cair na exploração da Inglaterra, que rapinou nossas riquezas e impôs a origem da dívida externa: Dom Pedro I pagou cerca de 2 milhões de libras ao imperialismo inglês para “comprar” a independência, após séculos de massacres aos povos originários, escravidão do povo negro e a exploração brutal dos trabalhadores.
Assim, nascemos com uma independência amordaçada, marcada pela submissão ao capital britânico. Depois, com a Segunda Guerra, passamos à dominação dos EUA, que impuseram a ditadura de 1964 para garantir os lucros de suas multinacionais. Hoje, o império estadunidense busca aprofundar sua exploração com o tarifaço de Trump.
Defendemos a mobilização nas ruas contra o tarifaço e para conquistar uma verdadeira independência: um Brasil dos trabalhadores, livre da dominação estrangeira.
A dominação imperialista impede nossa soberania
As multinacionais, grandes potências capitalistas e bilionários nacionais (sócios dos EUA) impedem nossa verdadeira independência. A Casa Branca saqueia nossas riquezas, explora nossa mão de obra, transfere lucros para fora e impõem um comércio em dólar que garante superávits para eles, lucrando trilhões com nossa dívida interna e externa.
A dominação é tão profunda que, durante a pandemia, um dos maiores genocídios recentes, não tivemos autonomia para produzir todas as vacinas no Brasil. Multinacionais e instituições como a OMC nos proibiram, por meio de patentes, de fabricar os produtos farmacêuticos necessários, situação que se repete em diversas áreas.
Hoje, surge um novo imperialismo: o chinês. Mas isso não representa progresso. Ser explorado, independentemente da potência, é sempre prejudicial. O capitalismo imperialista chinês aprofunda nosso caráter exportador de produtos primários e a dependência tecnológica (veja www.cstuit.com, especial sobre BRICS).
A dívida externa nos deixa dependentes
A dívida externa do Brasil, originada na dominação britânica e ampliada durante a Ditadura Militar de 1964, consome quase metade do orçamento federal, restringindo investimentos sociais.
Para beneficiar banqueiros e o sistema financeiro, Bolsonaro privatizou a Eletrobras e Temer fez a reforma da previdência. Sob Lula, a lógica continuou: o arcabouço fiscal e o novo teto de gastos garantem pagamento de juros e amortizações da dívida, favorecendo o imperialismo e bilionários do sistema financeiro.
Romper com a dominação imperialista é o caminho. Sem exploração externa, produtos como o café seriam mais baratos, setores estratégicos poderiam ser reativados e empresas como Petrobras e Embraer fortalecidas. Só a classe trabalhadora e os setores populares podem construir essa soberania econômica e social.
7 de setembro: unidade na luta
Exigimos da CUT, CTB, Força Sindical, das Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, da UNE, da CNBB e do Grito dos Excluídos uma unidade anti-imperialista e em defesa dos direitos da classe trabalhadora. Infelizmente, essas direções do movimento operário e popular se destacaram até agora pela timidez com que enfrentam, nas ruas, os ataques imperialistas.
Ao mesmo tempo, é necessário criticar a MP “soberana” do governo Lula/Alckmin, que destina R$ 30 bilhões aos empresários enquanto corta recursos sociais, atacando o salário mínimo, as estatais, os serviços públicos, aposentadorias e o BPC. Por isso, é preciso exigir da CUT, CTB, UNE e MTST a continuidade de atos como os do congresso da UNE em Goiânia ou diante da embaixada dos EUA em São Paulo, sem apoio à MP “soberana”, e pelo fim da escala 6×1 e pela taxação dos super-ricos.
Bloco da esquerda independente
Por isso, nós da CST propomos a UP, PCBR, PSTU, MRT, SoB e todas as forças que não integram a frente ampla a construção de um bloco da esquerda independente nos debates, assembleias e no ato do dia 07 de setembro. Propomos a realização de uma reunião entre os partidos e organizações que não fazem parte do governo Lula/Alckmin para discutir a luta em comum pelos eixos unitários do 7 de setembro e construir, na prática, um campo combativo e independente da esquerda nesses atos para exigir do governo Lula/Alckmin medidas efetivas em defesa da soberania e contra qualquer ataque a classe trabalhadora:
a) Aplicação da lei de reciprocidade; defesa das terras raras, sem entrega aos EUA; Reestatizar a Vale e Petrobras 100% estatal; taxação e proibição do envio de lucros das multinacionais; não pagamento da dívida externa e interna; estatização do sistema financeiro; criação de uma frente latino-americana contra o imperialismo.
b) ruptura com Israel; cassação de deputados bolsonaristas; cadeia para Eduardo e Jair Bolsonaro; expropriação das empresas financiadoras do 8J.
c) Fim do arcabouço fiscal e Plano Safra; revogação do PL da devastação e do marco temporal. Reforma agrária sob controle dos sem-terra. Demarcação já!
d)Reajuste de salários e benefícios; redução de tarifas e alimentos; fim da 6×1! Redução da jornada; arquivamento da reforma administrativa; revogação das reformas trabalhista, previdenciária, do NEM e das privatizações; demissão de Múcio e todos os ministros do Centrão.
Medidas urgentes em defesa da soberania nacional e em defesa da classe trabalhadora, para romper com o império estadunidense, rumo a conquista de uma verdadeira independência nacional. Participe das reuniões da CST, ajude a divulgar e financiar nosso jornal e seja militante! Lutamos por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e por um Brasil socialista.