Seguir nas ruas até derrubar a PEC da Bandidagem e da Anistia! | Combate Socialista Nº 206
O fechamento desta edição do Combate Socialista coincidiu com a jornada nacional de lutas contra as PECs da Blindagem e da Anistia, que se aprovadas representariam grande retrocesso. A primeira protege políticos picaretas, aprofundando a impunidade; a segunda tenta perdoar os golpistas de 8 de janeiro que atacaram Brasília para impor uma ditadura policial-militar. Somos contra e estamos nas ruas para barra-las!
Uma forte Jornada nacional
As manifestações tiveram caráter nacional e massivo, convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, com apoio de artistas como Caetano Veloso, Djavan, Chico Buarque, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Chico César, Duda Beat, Daniela Mercury e Nanda Costa. Os atos foram gigantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte, e expressivos em Recife, João Pessoa, Porto Alegre, Belém, Florianópolis, Fortaleza, São Luís, Brasília e várias outras cidades. Essa capilaridade revela um sentimento popular crescente contra a impunidade e contra qualquer acordo que perdoe os golpistas de 8 de janeiro, somando-se ainda às pautas pelo fim da escala 6×1, isenção do IR até 5 mil e taxação dos bilionários.
“Governo Lula: quero saber por que essa PEC teve voto do PT?”
Nesse cenário, causa indignação em inúmeros trabalhadores e jovens com quem conversamos a postura do Partido dos Trabalhadores, liderado por Lula. Foram 12 deputados petistas que votaram a favor da PEC da Blindagem, uma manobra da cúpula parlamentar do Centrão para reforçar a impunidade de políticos corruptos.
Esse voto não foi um detalhe: evidencia a política de conciliação de classes do governo Lula/Alckmin, que conduz o governo federal por meio de uma governabilidade conservadora via alianças com setores do Centrão e da direita tradicional, repassa verbas federais a governadores como Tarcísio e mantém no governo golpistas como Múcio.
Essa política de conciliação de classes da frente ampla, liderada por Lula com patrões da Faria Lima e pactos com políticos da direita, gera retrocessos e derrotas. Está bloqueando qualquer ação efetiva contra o tarifaço de Trump e dando fôlego ao Centrão e à própria extrema-direita, como Tarcísio.
A solidariedade à Palestina
Outro aspecto de destaque nas manifestações foi a forte presença da solidariedade ao povo palestino e contra Trump. Havia camisas, adesivos, faixas, palavras de ordem e falas de artistas e lideranças, como a do Padre Júlio Lancellotti no MASP. Os atos reafirmaram o apoio ao povo palestino e à sua resistência frente ao genocídio promovido por Israel. Foi um contraponto aos atos da extrema-direita com bandeiras dos EUA e de Israel, em apoio ao genocídio.
Devemos aproveitar esse sentimento positivo para fortalecer o apoio e a defesa da Flotilha Sumud, iniciativa internacional que busca romper o bloqueio criminoso a Gaza. Esse elo é fundamental: a luta contra o golpismo e a extrema-direita no Brasil está diretamente conectada à luta dos povos oprimidos do mundo. O mesmo imperialismo que sustenta o governo israelense é o que pressiona o Brasil a seguir pagando a dívida externa, privatizando empresas estatais e mantendo o país submetido ao capital financeiro internacional.
Por isso exigimos do governo Lula/Alckmin medidas concretas: o fim da exportação de petróleo para Israel; o fim da compra de armas e tecnologia militar sionista; e a ruptura de relações com os nazistas de Israel!
O caminho é seguir nas ruas
Essa jornada de lutas mostra que só a mobilização popular pode barrar retrocessos. Não podemos confiar no Congresso ou no STF. As ruas demonstraram disposição de enfrentar a extrema-direita e rejeitar acordos de bastidores. O grito foi claro: não à anistia, não à blindagem, cadeia para Bolsonaro e golpistas! Enfrentar Trump e o tarifaço imperialista! Combater governadores reacionários como Tarcísio! Pelo fim da escala 6×1, isenção do IR e taxação dos super-ricos. É preciso seguir nas ruas. No MASP, Boulos disse que era apenas o início e prometeu continuidade. Exigimos que se passe das palavras aos atos: que MTST, CUT, UNE, Brasil Popular e Povo Sem Medo, junto com artistas, fortaleçam os atos feministas do dia 28 de setembro e convoquem nova jornada nacional para início de outubro. E que nela estejam as pautas da classe trabalhadora: reajuste de salário, revogação das contrarreformas, aplicação da lei de reciprocidade, verbas para habitação, saúde e educação, nenhuma demissão durante o tarifaço, apoio às greves como a dos operários da construção civil em Belém, nos canteiros da COP 30, dirigidos por seu combativo sindicato.
Uma esquerda independente e combativa
Para que a energia do 21/09 não seja desperdiçada, é preciso fortalecer uma estratégia independente. O governo Lula/Alckmin, ao se apoiar em alianças com empresários e setores da direita, já mostrou seus limites. A votação da PEC da Blindagem prova isso, enquanto medidas fundamentais seguem paradas. Nós, da CST, lutamos pela revogação do Arcabouço Fiscal e do Plano Safra do governo Lula/Alckmin, pelo não pagamento da dívida pública, pela reestatização das empresas privatizadas e pelo aumento dos investimentos sociais.
A lição é clara: não basta “pressionar” ou “aconselhar” o governo Lula. É preciso construir um bloco da esquerda independente, que não se submeta a patrões, multinacionais, golpistas e corruptos, mas confie na força da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos populares. Só assim será possível derrotar a extrema-direita e conquistar as reivindicações da classe trabalhadora e da juventude.
A CST defende a reorganização da esquerda radical, dialogando e propondo unidade entre UP, PCBR, PSTU, MRT, SoB e outros setores independentes, para erguer um polo combativo das esquerdas socialistas e comunistas. Defendemos a unidade de revolucionários e revolucionárias na luta por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e por um Brasil socialista.