COP 30: Quem sairá lucrando?
Por João Santiago e Mariza Santos – Coordenação da CST.
A COP 30 acontece na cidade de Belém tendo como discurso central encontrar soluções e financiamentos para combater às mudanças climáticas. Mas que na verdade, o que tem por trás, é um balcão de negócios comandado pelas mineradoras e pelo agronegócio que buscam explorar as riquezas da região amazônica gerenciado pelo governo Lula/Alckmin. As populações da floresta e as afetadas pelas mudanças climáticas, de fato, não participam deste debate, por isso é necessário fortalecer a COP paralela dos movimentos para organizar as lutas e as mobilizações em defesa do meio ambiente.
Belém “maquiada”
O Governo Lula transformou Belém na capital do país e a pedido do Governador Helder Barbalho, acionou GLO (Garantia da Lei e da Ordem), uma lei da ditadura militar, com a desculpa de que o Comando Vermelho atacaria a cidade, mas sabemos muito bem que é para impedir as lutas dos movimentos sociais e prender os jovens da periferia. O combate ao crime organizado deve se dar com operações de inteligência, controle de fronteiras, desbaratando seus negócios com a legalização das drogas e não com GLO.
A cidade está toda maquiada com as obras financiadas pela Vale e as quais pouco beneficiam as populações das regiões mais vulneráveis, pois foram realizadas obras para atender o polígono por onde passaram as ações da COP. A prefeitura de Belém também tentou fazer uma “higienização social” do centro da cidade às vésperas da COP, removendo as pessoas em situação de rua, mas felizmente foi impedida pelo Ministério Público.
A COP e suas contradições
As COPS criadas para pensar ações e buscar financiamentos junto aos países mais ricos e mais poluidores para combater as mudanças climáticas e seus efeitos na degradação do clima e do meio ambiente, porém, na COP 30 observamos o contrário, as grandes corporações mineradoras, como a VALE que enterrou as cidades de Mariana e Brumadinho, e do agronegócio, como BUNGE, e as petroleiras, como a Petrobrás, que além de bancar parte do evento, tentam negociar as riquezas da Amazônia para explorar com a desculpa de desenvolver atividades de sustentabilidade na região. A verdade é que o stand do Brasil é o mais procurado, pois nele estão colocados a venda os crédito de carbono; os rios e estradas para o agronegócio escoar os seus grãos por dentro do território; o petróleo na Foz do Amazonas; as terras raras, as quais o Trump, mesmo não estando na COP, mas quer ser o primeiro da fila para se apossar. Então temos que concordar que a COP 30 será “um grande evento para produzir capital” (Prof. De Geografia da UFPA, Bruno Malheiros).
Outra contradição é a do Governo de frente ampla do Lula/Alckmin, visto como um Governo de esquerda, mas que no processo do COP 30 cumpriu o papel de gerenciar todo esse negócio. Nos dias que antecederam a pré COP, nos dias 6 e 7/11, o Presidente Lula, visitou a região do Tapajós abraçando os Povos Indígenas da região, vendo de perto a situação da comunidade que lhe recebeu de braços abertos e no primeiro dia da pré COP ele discursa pelo fim dos combustíveis fosseis, por energia limpa transição e energética em seu discurso. Mas em sua política ambiental para o país autorizou a privatização do rio Tapajós, cravando uma faca nas costas dos povos indígenas; não vetou o licenciamento para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, sem levar em consideração os maléficos para a fauna, a flora e as comunidades da região. Na verdade o Governo Lula/Alckmin está sacrificando o meio ambiente e o seu povo para atender aos lucros das empresas, as quais não estão preocupadas com a justiça climática.
Neste sentido é necessário fortalecer a COP paralela dos movimentos como a Cúpula dos Povos. É necessário eleger propostas que enfrentem as falsas soluções para combater a crise climática, que enfrentam o capitalismo verde e de sustentabilidade. Criar um calendário de mobilização global pelo clima, neste sentido, convidamos a que todes participem do ato global no dia 15/11, chamado pela Cúpula dos povos!
E nós da CST, seção da UIT-QI, propomos o seguinte programa: Por justiça climática! Não a mercantilização da Amazônia! Por uma verdadeira transição energética: Pelo fim dos combustíveis fosseis! Não a exploração de petróleo na foz do Amazonas! Em defesa das terras raras! Fora o agronegócio e os mineradores da Amazônia! Não a privatização dos rios da Amazônia; Em defesa dos povos da Amazônia! Pela demarcação das terras indígenas! Em defesa da Floresta! Não ao credito de carbono!
