Ocupar as ruas 14/12: Sem Anistia e Fora Hugo Motta!
Os acontecimentos dos últimos dias no Congresso Nacional escancaram, mais uma vez, o caráter profundamente reacionário e antipopular dessas instituições. Sob a condução de Hugo Motta na Câmara e com o Senado caminhando no mesmo sentido, vimos um ataque frontal aos diretos sociais e às liberdades democráticas. A tentativa de cassar o mandato de esquerda de Glauber Braga, somada à censura contra a imprensa com o desligamento da TV Câmara, as agressões físicas contra jornalistas, e à violência desferida contra Glauber, Sâmia e Célia, revelam uma escalada autoritária que não pode ser normalizada e nem tolerada. A indignação nas redes digitais, na esteira do forte levante das mulheres, culminou no recuo de Hugo Motta e impediu a cassação de Glauber.
Congresso e Bigtechs a favor dos golpistas!
Na calada da madrugada, a Câmara aprovou o projeto da Dosimetria, que reescreve a punição dos responsáveis pelo 8 de Janeiro e reduz a pena de Bolsonaro de 27 para apenas 2 anos. Uma verdadeira anistia disfarçada! No mesmo momento, o Senado aprovava o Marco Temporal, um ataque brutal ao direito dos povos originários à sua própria terra. Paralelamente, até mesmo as redes sociais foram alvo da censura orquestrada. A bigtech Meta derrubou perfis de Glauber, Sâmia e até do presidente Lula. Trata-se de uma categórica ação de uma multinacional imperialista, aliada de Donald Trump, contra a soberania nacional que precisa ser repudiada. O perfil da CST, juntamente com as demais páginas da esquerda, também foi alvo, com instabilidade durante as horas de censura. A circulação de ideias é atacada para que os golpistas sigam livres em seu projeto. Exigimos a responsabilização da META e outras multinacionais pelos abusos e as interferências que eles promovem contra as páginas da esquerda e pela sua defesa dos influenciadores digitais da extrema direita misógina. Exigimos de Lula medidas efetivas contra as Bigtechs e a taxação imediata de seus lucros. Diante da recusa das bigtechs, todo seu patrimônio deve ser estatizado!
Por isso é fundamental ocupar as ruas no dia 14/12, nos atos convocados pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, numa ampla unidade de ação. Exigimos da CUT, CTB, Força Sindical e UGT que unifique essa luta com as pautas da classe trabalhadora, com a greve petroleira indicada para dia 15/12 e assembleias dos correios do dia 16/12. E a unificação com o levante das mulheres que acabam de ocupar as ruas de todo país contra os feminicídios, a violência machista e a misoginia. E com os povos indígenas que protagonizaram mobilizações durante a COP-30.
Derrotar a extrema direita é uma necessidade! Mas como fazer?
Diante desses acontecimentos, fica evidente que a extrema direita não recuou e segue buscando caminhos para reorganizar suas forças. Mas isso levanta uma questão central: qual é o caminho para derrotá-la de fato?
O presidente Lula, faz declarações engajadas contra esse setor, mas aposta na convivência com os conservadores, compondo até mesmo ministérios com figuras como José Múcio e Carlos Fávaro e mantendo alianças que, na prática, deram sustentação à aprovação da Dosimetria — mais de 40% dos votos favoráveis vieram de partidos da própria base governista. Essa estratégia se apresenta como uma tentativa de “estabilidade”, mas acaba abrindo espaço para que esses grupos sigam influentes e impondo sua agenda.
Quando Lula afirma que “o que aconteceu na Câmara faz parte do jogo da democracia”, o recado que fica é o de que esses ataques podem ser absorvidos como algo normal. No entanto, essa postura fortalece quem age contra os direitos e as liberdades. Não há nada de democrático em blindar golpistas, restringir liberdades e atacar quem luta. Por isso, é fundamental debater seriamente alternativas que passem pela mobilização social, pela organização nas ruas.
Lula, corretamente, condenou os casos de feminicídio que desencadearam um verdadeiro levante feminista pelo país. Por que Lula não faz o mesmo diante da ofensiva da extrema direita para fortalecer as mobilizações do próximo domingo? Porque seu projeto se apoia na ideia de manter uma suposta “paz” institucional — mas a realidade mostra, todos os dias, que não existe paz possível com a extrema direita golpista e nem com o centrão que sustentou o genocídio de Bolsonaro na pandemia e agora tem ministérios no governo Lula. A conciliação de classes com os patrões, as multinacionais e os pacto de governabilidade com partidos conservadores, a cúpula militar e governadores da extrema direita é um erro que cedo ou tarde gera retrocessos e derrotas para a classe trabalhadora e setores populares.
É justamente por isso que dizemos: para derrotar a extrema direita não há o que conciliar, nem se adequar ao seu jogo. É preciso enfrentá-la de forma categórica, com mobilização da classe trabalhadora, das mulheres, da juventude, da população negra e indígena. Seguir o exemplo combativo dos povos indígenas Mundurukus, Arapiuns e das mulheres que fizeram uma verdadeira onda de protestos contra os feminicídios pelo país. Nenhuma anistia para quem atacou as liberdades democráticas, nenhuma trégua aos golpistas!
Convocamos todas e todos às ruas neste domingo, 14/12. É nas ruas que construiremos a força capaz de esmagar a extrema direita golpista, misógina e racista. Sem anistia! Não ao Marco Temporal! Seguir com as mobilizações! Vamos às ruas contra os golpistas! Fim das privatizações dos rios e da exploração do petróleo na foz do amazonas! Apoio a luta dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras e dos Correios e pela unificação das campanhas salariais, paralisações e greves! Seguir nas ruas pelo fim dos feminicídios e em defesa das pautas feministas!
Construir a Esquerda Independente!
Ao lado da luta unificada nas ruas, com tudo e com todas que estejam dispostas é urgente levantar uma alternativa real para a classe trabalhadora, para as mulheres, dissidências, povos indígenas, o povo negro e quem luta em defesa do meio ambiente. Chamamos as organizações que mantêm sua independência diante do governo a somarem forças em um Bloco da Esquerda Independente, sem patrões, que atue nas ruas, nas mobilizações e nas lutas concretas e no enfrentamento consequente à extrema direita. Após os atos do próximo domingo, propomos uma reunião entre as forças do PCBR, UP, PSTU, MRT, SoB, junto com socialistas independentes como Plinio de Arruda Sampaio, Dirlene Marques, Renato Cinco, lideranças sociais dos povos indígenas do baixo Tapajós que organizaram a luta na COP para avaliar a possibilidade de uma frente da esquerda independente.
A CST é uma organização socialista revolucionária independente, seção da UIT-QI, que luta por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista. E para pavimentar esse caminho, a unidade da esquerda independente para fortalecer e impulsionar as lutas é fundamental.
São Paulo, 11/12/25
CST – Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras, Organização Socialista Revolucionária Independente. Seção da UIT-QI (Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional) no Brasil.
