Viva a luta dos trabalhadores e do povo grego!

| Comitê de Enlace UIT-CIR

A rebelião dos trabalhadores gregos contra o brutal plano de ajuste capitalista comove a Europa. O mesmo começam a fazer e pela mesma causa os trabalhadores espanhóis contra o governo social-democrata de Rodríguez Zapatero.

Na Grécia, as greves gerais se sucedem com combativas mobilizações de massas que incluíram até policiais e militares uniformizados.

O governo social-democrata helênico encabeçado por Yorgos Papandreu ganhou recentemente as eleições prometendo aumentos salariais. Hoje pretende impor um brutal plano de ajuste que lhe ditaram o FMI e o Banco Central Europeu, com o apoio de Obama e do imperialismo norte-americano para “salvar” da quebradeira o Estado grego e pagar ao setor privado os empréstimos.

O endividamento de Grécia com os bancos supera o valor do seu PIB. Para que possa pagar aos banqueiros, principalmente alemães, devem emprestar outros 120 bilhões de euros. Para que dêem esse empréstimo gigantesco exigem do governo grego um terrível plano de ajuste que prevê: congelamento de salários e pensões da função pública durante 5 anos; supressão do equivalente a dois meses de salário ao ano de todos os empregados públicos; aumento do IVA de 19 a 23%; aumento dos impostos nos combustíveis, bebidas alcoólicas e tabaco; anulam-se aposentadorias por trabalhos insalubres antes dos 60 anos; aposentadoria com 40 anos de contribuição; re-cálculo diminuindo as aposentadorias em base a média dos ingressos da vida laboral e não dos últimos anos; salário de miséria para jovens e desempregados de longa duração que consigam trabalho; privatização de transportes, energia e outras; ajuda aos bancos; flexibilização laboral facilitando demissões.

O FMI (Fundo Monetário Internacional), justamente odiado pelas massas em todo o mundo por seus planos de ajuste na América Latina e no Leste Europeu que provocaram gravíssimos desastres sociais, agora é o encarregado de supervisionar o plano de fome na Grécia, junto ao Banco Central Europeu, ambos atuando por conta do setor privado agiota, cujo único interesse é tirar o máximo possível da crise grega.

A política oficial de ajudar aos bancos na crise de 2008, assim como as políticas fiscais adotadas há décadas favorecendo aos ricos e às grandes empresas, que eliminaram ou baixaram substancialmente impostos sobre a renda e o patrimônio, foram os principais causadores do enorme déficit público e do super endividamento estatal que agora se pretende que paguem os trabalhadores.

Os empresários e os acionistas engordaram com dividendos, deduções fiscais de todo tipo e remunerações astronômicas que lhes permitiram adquirir fortunas incríveis. A Igreja Ortodoxa grega tem gigantescas propriedades e não paga impostos, enquanto seus bispos vivem como reis. Todos eles devem pagar a crise.

Grécia é uma pequena proporção, 2,5% da economia da União Européia. Mas o problema não se circunscreve nem termina na Grécia, ao contrário apenas começa. A maioria dos Estados europeus, assim como Estados Unidos e Japão, tem dívidas em proporção a sua economia, similares a grega, só que enormemente maiores em quantidade. Grécia funciona como um grande laboratório, tanto sobre as medidas econômicas que estão aplicando contra os trabalhadores, como da capacidade das massas para enfrentá-las.

A mesma medicina da Grécia agora está tentando aplicar o governo de Rodríguez Zapatero na Espanha, rebaixando os salários dos trabalhadores públicos e outras medidas de ajuste. Os governos chamados falsamente socialistas querem que a crise a paguem os trabalhadores. Iguais caminhos podem tomar os governos da Itália, Portugal, Grã Bretanha, França… E se o ajuste é derrotado na Grécia será duplamente mais difícil o impor imediatamente no resto da Europa.

Os trabalhadores da Grécia se negam, com toda a razão, a pagar a crise do sistema capitalista. Uns 70% se manifestaram contra pedir empréstimo ao FMI e fazer sacrifícios. Isto desmente a suposta popularidade que permitiria fazer o que quer o governo de Papandreu. E alguns meios dizem que a indignação popular pode pôr em perigo a continuidade do governo.

Na última semana as manifestações e ações de protesto se multiplicaram. Saíram à rua desde os lixeiros até empregados de linhas aéreas, marinheiros, membros da Polícia e do Exército – estes últimos têm proibida a associação sindical. O sindicato Adedy, que representa cerca de meio milhão de empregados do setor público, afirmou: “estas medidas são um desastre, levarão a uma recessão mais profunda ou inclusive a falência do país. O Governo está roubando nossos salários e nossas aposentadorias”.

A batalha dos trabalhadores gregos, espanhóis e europeus interessa a todos os trabalhadores do mundo. O mesmo plano de ajuste que querem impor hoje na Grécia e Espanha, tratarão de impor amanhã em outros países do mundo. Já estão tentando impor novamente planos de ajuste em vários países latino-americanos. Há dos bandos. De um lado os governos a serviço das multinacionais, os bancos e o imperialismo, pretendem que sejamos os trabalhadores e povos oprimidos os que paguemos a crise causada pela sede de lucro dos capitalistas. De outro lado estamos os trabalhadores e povos oprimidos do mundo que, atropelando as direções sindicais burocráticas, temos demonstrado que podemos lutar e derrotar os planos de ajuste do FMI.

Na América Latina os governos seguem pagando as dívidas externas que logo são usadas pelo imperialismo para salvar bancos e multinacionais e dar “empréstimos” como agora o do FMI à Grécia. Devemos exigir aos governos que se dizem “progressistas” e “populares” e que inclusive, criticam os ajustes do FMI, como Lula, Chávez, Evo Morales (que enfrentou uma greve geral da COB), Cristina Kirchner, Correa ou Mújica, que deixem de pagar as dívidas externas para realmente mostrar que apóiam aos povos da Grécia, Espanha ou Portugal.

Convocamos a nossos irmãos trabalhadores de todos os países a se unir, a se solidarizar com a luta dos trabalhadores gregos, porque é a luta de todos. Em primeiro lugar é a luta dos trabalhadores da União Européia, porque se o ajuste se impõe na Grécia, irão aplicar planos similares em cada país. Mas se o plano de ajuste e o governo grego são derrotados, em todos os lados estaremos mais fortes para impedir estes planos do imperialismo e do FMI, e se aproximara a hora de uma solução dos trabalhadores à crise, terminando com a exploração capitalista. Neste processo de lutas, o desafio dos trabalhadores europeus e de todo o mundo é o de conformar partidos revolucionários que realmente os representem e lutem conseqüentemente por seus direitos, pois os atuais partidos que se dizem de esquerda estão na realidade do lado dos capitalistas.

Exigimos de todas as centrais sindicais, aos sindicatos e a todas as organizações operárias e populares do mundo, que se organizem ações de solidariedade e uma jornada internacional de apoio aos trabalhadores da Grécia, Espanha e do resto da Europa.

Viva a luta dos trabalhadores gregos! Sigamos seu exemplo em cada país! Abaixo os planos de ajuste capitalistas e do FMI!
Que a crise a paguem os capitalistas, não os trabalhadores!
Suspensão imediata dos pagamentos das dívidas!

Unidad Socialista de Izquierda (USI), de Venezuela
Izquierda Socialista, de Argentina
Uníos en la Lucha, de Perú
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), do PSOL, do Brasil
Uníos, de Colombia
Alternativa Socialista, sección simpatizante de Colombia
Propuesta Socialista, de Panamá
Membros da Unidade Internacional dos Trabalhadores-Quarta Internacional (UIT-QI)

Partido Obrero Socialista de México
Liga Socialista de los Trabajadores (LST), de República Dominicana
Opinión Socialista, de Argentina
Movimiento de Trabajadores y Campesinos-as (MTC), de Costa Rica.
Membros da Corrente Internacional Revolucionária (CIR)

Comitê de Enlace UIT-CIR.
Maio 2010