Tomar as ruas para impedir que tudo acabe em pizza!

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Babá – Direção Nacional do PSOL, Corrente Socialista dos Trabalhadores

O empresário e bicheiro Carlinhos Cachoeira é um dos homens que controla a república. Sua organização criminosa atua em governos estaduais, no parlamento e até no Palácio do Planalto. A empresa Delta é o entreposto que transfere as verbas públicas para as contas privadas da máfia. Há ainda uma relação com a imprensa, sobretudo com a Veja, ao melhor estilo de Rupert Murdoch.

Empresas financiam as campanhas dos políticos que articulam contratos públicos, levando uma porcentagem, seguindo a “ética do mercado” da Locanty, no Rio de janeiro. É esse tipo de relação, entre as corporações privadas e os agentes públicos, que está na raiz de todos os escândalos de corrupção, incluindo os que levaram à queda de seis ministros de Dilma ou, recentemente, o que atingiu a Ministra Ideli Salvatti.

Demóstenes Torres (ex-DEM) atuava no congresso em nome do grupo. Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT), Sandes Júnior (PP) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) receberam recursos provenientes do esquema. Os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e Agnelo Queiroz (PT) de Brasília e, do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB) dentre outros, privilegiam os contratos com a Delta e nomeações indicadas por Cachoeira. No Palácio do Planalto é Olavo Noleto quem realiza os contatos.

A Delta é a principal empreiteira do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), programa do segundo mandato de Lula, que serviu de principal cabo eleitoral para a eleição de Dilma. A Delta recebeu R$ 884 milhões do governo federal em 2011. Em 2012, de um montante de quase R$ 12 bilhões, a Delta abocanhou a maior parte, recebendo quase R$ 260 milhões, mostrando que o governo Dilma é um dos centros de atuação de Cachoeira. Sem dúvida, isto é fruto da opção política do PT, que para chegar ao Palácio do Planalto incorporou-se às instituições do regime e assumiu para si o projeto neoliberal e as privatizações. Seus antigos dirigentes, antes sindicalistas e ex-guerrilheiros, transformaram-se em novos ricos. Em meio ao escândalo é possível até mesmo saber o preço de um político. Fernando Cavendish, dono da Delta, fala de R$ 30 milhões para um deputado e R$ 6 milhões nas mãos de um senador. É assim que a empreiteira é convidada para fazer “coisa pra caramba”, realizar indicações políticas e vencer licitações.

A cúpula do PT está envolvida por meio de Dirceu, que é assessor da Delta. Ele fornece as “informações” privilegiadas, responsáveis pelo meteórico crescimento da empresa, papel semelhante ao que cumpre Palocci no sistema financeiro, com suas consultorias milionárias. É lógico que o crescimento da Delta, assim como das demais empreiteiras, também está alicerçado na brutal exploração dos operários da construção civil.

Todos sabem que não é a primeira vez que a corrupção encontra a dupla Dirceu e Cachoeira. Durante a CPI dos bingos descobriu-se que Waldomiro Diniz, representando o Ministro José Dirceu, recebeu dinheiro de bicheiros, da Gtech e de Cachoeira para financiar a campanha de Lula. O que levou à descoberta do esquema de compra de votos no congresso, conhecido como mensalão. Havia ainda a utilização de caixa dois em campanhas eleitorais e até mesmo remessas ilegais de dinheiro a paraísos fiscais.

Nada podemos esperar da CPI do Cachoeira, instalada no congresso nacional. Hegemonizada pelos governistas, com a presidência e relatoria nas mãos do PMDB-PT, e composta por Collor de Mello e inúmeros fichas sujas, ela tende a concluir num relatório onde todos os partidos se unificarão para salvar a própria pele e o atual regime político, que só funciona por meio da propina e do roubo. Prova disso é a articulação entre Marco Maia e Sarney, ou mesmo o fato do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ter “engavetado” por vários anos as denúncias contra Demóstenes Torres.

É necessário tomar as ruas contra esse abuso, sobretudo porque sabemos que as obras da Copa e das Olimpíadas são o maior roubo da história do país, com um esquema comandado diretamente pelo PC do B de Orlando Silva e Aldo Rebelo.

Devemos seguir o exemplo da juventude, que no último dia 21 ocupou as ruas de Brasília, São Paulo e outras cidades, no dia do BASTA, quando o governo de São Paulo jogou a polícia contra os manifestantes que ocupavam a Avenida Paulista. Repudiamos a repressão policial de Alckmin! Os verdadeiros criminosos encontram-se nos palácios, tribunais e assembléias legislativas desfrutando de inúmeros privilégios e regalias, enquanto governam e legislam contra o povo ou criminalizam as greves. Quem merece spray de pimenta e bombas de gás são as firmas capitalistas que financiam a corrupção.

Nesse processo também temos que construir uma nova direção para o movimento de massas do país, visto o silêncio e imobilismo das direções majoritárias da CUT, UNE e MST.

Exigimos cadeia e confisco de bens para todos os políticos e empresários envolvidos! Fim dos contratos com todas as empresas envolvidas em licitações fraudulentas e esquemas ilegais! Cassação de mandato e inelegibilidade para os ficha suja! Fora Perillo, Agnelo e Cabral! Punição aos Ministros Corruptos do governo Dilma! Fim do foro privilegiado e do voto secreto! Transformar em crime hediondo os crimes de políticos e empresários! Fim do sigilo bancário, fiscal e telefônico de todos os políticos e empresários! Revogação de mandatos! Proibir bancos, empreiteiras e empresários, de realizar doações nas campanhas eleitorais! Pelo financiamento exclusivo e limitado das campanhas eleitorais!