Turquia: nasce o Partido da Democracia Operária¹

| tradução Eduardo Rodrigues

Nossa organização-irmã turca, Frente Operária (FO), lançou a construção de um novo partido revolucionário, o Partido da Democracia Operária (PDO), com ato no qual participaram mais de 140 militantes e ativistas. Na declaração de fundação do novo partido se constata que se trata não somente da legalização de Frente Operária, e sim de um salto qualitativo na construção do partido revolucionário e internacionalista na Turquia. PDO, com sua sede e locais em Istambul e em outras cidades, trabalhará com o objetivo de ser parte do movimento operário e popular como uma corrente trotskista revolucionária.

Frente Operária, núcleo que dá a luz ao novo partido, é uma organização revolucionária que se fundou há mais de 35 anos com um programa trotskista e sobre os ensinamentos internacionalistas de Nahuel Moreno.

No ato, mediado pelos companheiros Beliz e Burak, tomou a primeira palavra o principal dirigente de Frente Operária, Oktay Benol. Benol definiu a construção do PDO como a consequência de três décadas de luta de FO contra o propagandismo, o sectarismo e o nacional trotskismo nas correntes revolucionárias na Turquia e também a nível internacional. "Construímos a direção revolucionária contra o capitalismo e pela revolução socialista, e neste caminho estamos dispostos a colaborar, formar frentes e até fundirmo-nos com os partidos e correntes com as quais concordemos no programa", disse.

Benol repassou as principais consignas anticapitalistas e antiimperialistas do partido, dando especial importância a reivindicação do direito de autodeterminação do povo kurdo. Definiu o grande objetivo do PDO como a construção da Federação das Repúblicas Socialistas do Oriente Médio.

Depois de Benol, o companheiro Hakki Yükselen, veterano dirigente e um dos colunistas do periódico de FO, explicou como a tarefa de resolver a crise de direção do proletariado se faz urgente com a crise do capitalismo mundial, com as mobilizações das massas em todo o mundo e com a crise política do regime atual na Turquia.

Ebru Balci, a companheira dirigente sindical do Partido, expôs a linha e o programa sindical do mesmo. Balci explicou a ofensiva do regime contra os sindicatos na Turquia que resulta em perdas de filiações. Também responsabilizou as burocracias sindicais de trair as lutas dos trabalhadores e a grande traição durante as mobilizações de Taksim no verão passado. "trabalhar com um programa revolucionário e com a consigna de democracia operária dentro dos sindicatos, são nossos principais instrumentos para poder encarar a burocracia e o regime", concluiu.

No ato estavam presentes como convidados os representantes das organizações revolucionárias sírias, Yasin e Mansur, e de Luta Internacionalista do Estado Espanhol, Esther del Alcazar e Muhittin Karkin. Os companheiros sírios explicaram a atual situação da revolução na Síria e avaliaram positivamente o trabalho internacionalista que fez Frente Operária em apoio à revolução síria e a construção da direção revolucionária ali. Companheiro Yasin salientou a importância da colaboração internacionalista em um momento em que os revolucionários sírios estão lutando contra duas forças reacionárias: o regime ditatorial de Assad e a corrente jihadista contrarrevolucionária. Também se leram as mensagens de saudação que enviaram as organizações revolucionárias grega (OKDE), tunisiana (Liga de Esquerda Operária) e sueca (Campo Operário). E se passou a mensagem em vídeo do companheiro Juan Carlos Giordano saudando o ato em nome de Izquierda Socialista (Argentina) e a UIT-QI.

Esther del Alcazar, em nome de Luta Internacionalista (LI), saudou a construção do novo partido revolucionário turco e explicou a importância do trabalho internacionalista que LI e FO vem fazendo conjuntamente desde há mais de uma década no marco do Comitê de Enlace Internacional (CEI). Comentou os esforços que ambas as organizações dedicaram em apoio às revoluções tunisiana, egípcia e síria, e às lutas na Grécia, sempre colaborando com as organizações revolucionárias desses países. Também mencionou a recente colaboração do CEI com a Unidade Internacional dos Trabalhadores-Quarta Internacional (UIT-QI), na perspectiva de fundir as duas organizações em uma, como um passo na reconstrução da Quarta Internacional, o partido da revolução mundial. "Por tudo isso", disse Esther, "como foi Frente Operária até hoje, o PDO será nosso partido na Turquia".

Muhittin Karkin, militante de LI e também apresentado pela mesa como o fundador de Frente Operária, qualificou a formação do PDO como um salto importante na construção da direção revolucionária na Turquia, em um momento em que as mobilizações operárias e populares estão no auge e com uma profunda crise política do governo e do regime. Expôs a construção do parido revolucionário dentro das mobilizações das massas e lutando por um governo operário e popular com o fim de edificar uma república operária como os principais princípios que guiaram o FO, e que desde hoje vai guiar o PDO. Mencionou os pontos básicos do programa do PDO, dando maior importância aos que reivindicam a ruptura com a União Europeia, a nacionalização dos bancos, o não pagamento da dívida externa, a luta contra a burocracia contrarrevolucionária no movimento operário e a consigna de um governo operário e popular. "A construção da democracia na Tunísia é uma tarefa impossível pela via de reformas no regime atual; faz falta uma ruptura com o sistema repressivo, uma revolução operária e popular para poder destruir as bases bonapartistas do sistema", disse. Terminou dizendo, "nossa luta seguirá até içar em Taksim a bandeira revolucionária da Quarta Internacional que carregava Yolanda González²". O ato terminou com a sala cantando A Internacional.

1 – Nota publicada por Luta Internacionalista
2 – Militante do PST espanhol sequestrada e assassinada em 2 de fevereiro de 1980 por uma organização fascista.