Não vamos aos atos de 13 e 15 de Março. Não nos representam!

Unificar as lutas contra o ajuste fiscal do PT, PSDB, PMDB e aliados! | Nota da CST – PSOL

Muitos trabalhadores e jovens honestos e comprometidos com as lutas sociais têm nos perguntado se vamos ou não para o ato de 15 de março, convocado pelas redes sociais, que terá como uma de suas pautas o impeachment de Dilma. Ou ainda, se vamos participar do ato da CUT no dia 13 de março, que, tentando se camuflar de ato contra algumas das medidas do governo, terá como objetivo central defender o governo Dilma e sua política de ataques ao povo trabalhador.

Respondemos categoricamente que não! Não vamos a estes atos, e alertamos à classe trabalhadora, à juventude e ao povo pobre, que essas mobilizações visam desviar o foco da luta contra o ajuste fiscal de Dilma, governadores, prefeitos e patrões. Participamos de uma mobilização se temos acordo com seus objetivos, que tem que servir para defender os interesses dos trabalhadores e do povo.

Acreditamos que muitos jovens, mulheres e homens trabalhadores que estão corretamente revoltados com o estelionato eleitoral praticado pelo PT e por Dilma, acabam se confundindo e vendo, de forma equivocada, o impeachment como solução para a grave crise econômica, social e política pela qual o país está passando.

Acreditamos que a saída via impeachment não significará um avanço para os trabalhadores, pois a coluna vertebral das medidas contra os trabalhadores e o povo se mantém, o plano de ajuste .

O ato do dia 15, que está sendo convocado pelo grupo “Revoltados On Line”, pela internet, está sendo fomentado por debaixo dos panos por aqueles que queriam ser os agentes e aplicadores das medidas anti povo que o governo aplica. Brigam e disputam para retomarem a “chave do cofre”, posto do qual foram corretamente tirados e rechaçados desde 2002.

PSDB, DEM e outros setores da direita clássica brasileira, não tem moral para encabeçarem nenhuma luta contra a corrupção ou em defesa dos direitos dos trabalhadores. Nunca é demais lembrar que o PSDB governou o país impondo arrocho salarial, cortes de verbas sociais, privatizações, protagonizando inúmeros escândalos de corrupção, como a compra da reeleição ou escândalo milionário do cartel do Metrô de São Paulo. Hoje os tucanos governam importantes estados, como São Paulo e Paraná, onde tomam as mesmas medidas e outras mais, que juram criticar do governo petista. Portanto eles, o conjunto da oposição de direita, não possuem moral alguma pra falar contra a corrupção e contra as medidas do governo petista, pois nestes pontos são exatamente iguais.

Também não é menos importante localizarmos que, num eventual processo de impeachment, quem assumiria a presidência seria Michel Temer, do PMDB, ou seja, a situação em nada melhoraria para os trabalhadores.

Por outro lado, é necessário chamar os honestos ativistas que apostam suas fichas no ato do dia 13, pois é um engano enorme acreditar que neste ato ocorrerá uma “defesa da Petrobrás” ou de um governo minimamente de esquerda ou progressista. O petismo sucumbiu à direita e há 12 anos vem garantindo uma política econômica que faz do Brasil um verdadeiro paraíso do capital especulativo e dos bancos. Após a última eleição, com uma notável crise e perda de base social histórica e eleitoral, o governo Dilma e o PT deram um giro ainda mais à direita, numa tentativa de demonstrar sua subserviência aos mercados, ao latifúndio e ao fundamentalismo.

NEM O GOVERNISMO DA NOVA DIREITA, NEM A VOLTA DA DIREITA CLÁSSICA DO PSDB/DEM!
POR UMA SAÍDA DOS TRABALHADORES!

O PSOL e suas principais expressões públicas, junto com o PSTU, PCB, movimentos sociais, sindicatos e entidades de juventude independentes, também devem ocupar as ruas. Devemos expressar claramente nossa independência em relação ao governismo da nova direita e ao falso oposicionismo da direita clássica.

Sabemos que a insatisfação do povo trabalhador brasileiro contra as instituições desta falsa democracia dos ricos e dos poderosos cresce a cada dia. A presidenta, os governadores, prefeitos, além de deputados, senadores e vereadores aumentam seus próprios salários e diminuem o poder de compra da população aplicando um pacotaço com aumento de impostos, combustíveis e inflação. Também o retrógado judiciário brasileiro é questionado pela população, seja pelas altas benesses como o auxílio moradia dos juízes, ou até por atos como o caso do carro de luxo de Eike Batista que foi utilizado por um juiz, o que demonstra o quão reacionário e elitista é este poder.

A polícia militar e civil só protege os poderosos, e seguem matando pobres e negros nas periferias do país, assim como o exército que atualmente ocupa as favelas da Maré. A corrupção na Petrobrás e nas empresas públicas em escala federal, estadual e municipal, geram mais indignação popular e demonstram como a corrupção é parte fundamental deste podre regime.

Por tudo isso, devemos construir nas ruas uma verdadeira alternativa, a dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre, por fora e rejeitando a falsa polarização PT x PSDB, que coloque na ordem do dia os temas que realmente são importantes para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. Barrar o tarifaço e todo o ajuste que está em curso, apoiando e impulsionando as greves e mobilizações que surgem lutando por salário e contra as medidas que retiram direitos da classe trabalhadora, como a MP que mexe no seguro-desemprego. Não deveremos aceitar nenhum direito a menos!

No plano econômico é urgente enfrentar a dívida pública brasileira, exigindo suspensão do pagamento e sua auditoria e que este dinheiro seja investido nas áreas sociais, geração de emprego e infraestrutura como por exemplo no combate a falta de água.

Do ponto de vista político, temos que ter clareza que nenhuma reforma política progressista sairá deste congresso nacional conservador. É necessária a convocação de uma Assembleia Constituinte, livre e soberana, que possa pôr fim ao antidemocrático Senado; permitindo que a população possa decidir sobre o salário e os privilégios dos políticos, vinculando seus valores aos do salário mínimo; exigindo financiamento público exclusivo e com limite de teto para campanhas eleitorais; e centralmente investindo a riqueza da nação não mais para banqueiros, mas sim para a melhorar a vida do povo investindo em saúde, educação, moradia, salario, emprego, e todas as demais demandas do povo!