Congresso Municipal de Porto Alegre | A nossa batalha é pelo programa e perfil fundacional do PSOL

No dia 04/06, ocorreu o congresso municipal do PSOL-POA que oficializou a pré-candidatura de Luciana Genro à prefeitura da cidade, bem como as pré-candidaturas a vereador/a. Foi um espaço importante de debate político, onde ficaram evidentes divergências e discussões políticas existentes no interior do partido. As batalhas em torno do perfil do PSOL e das alianças eleitorais foram centrais para colocar os alinhamentos políticos necessários.

Luiz Araújo e nenhum dirigente partidário pode ser consultor de prefeituras!

Apresentamos ao conjunto do congresso a nossa rejeição ao fato de o presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo da US (Unidade Socialista), ter prestado consultoria na área educacional à prefeitura de Macapá dirigida por Clécio (ex-PSOL/US e atualmente na Rede). Além de ser contratado sem licitação, prática comum entre os partidos da ordem, Luiz Araújo fez ainda consultoria para diversas prefeituras dirigidas por partidos burgueses. Isso é politicamente, programaticamente, moralmente e metodologicamente errado, exercer cargo na direção do partido e prestar serviço de consultoria a prefeituras do PSOL ou de partidos da ordem. Infelizmente, o dirigente do MES-PSOL, Roberto Robaina, naturalizou o fato e o atribuiu a simples calúnias da mídia. No entanto, na reunião da Executiva Nacional do PSOL, realizada no dia 06/06, o MES foi quem solicitou um desagravo a Luiz Araújo! Devemos combater essas práticas que ocorreram em Macapá e ter a clareza que o partido deveria proibir esse tipo de consultoria!

Linha auxiliar uma ova! Basta de aproximação e unidade com o PT, o PCdoB e a Rede!

A CST foi firme na denúncia da postura da dirigente da US, Berna Menezes, que no dia anterior, deu as mãos à Dilma no palanque do ato pelo “Volta Dilma” em Porto Alegre, saindo na contracapa do jornal Zero Hora discursando ao lado da presidente afastada. Um escândalo que demonstra a política liquidacionista da US, direção majoritária, que pretende consolidar o partido como linha auxiliar do PT e liquidar o nosso programa de fundação. O PSOL nasceu para ser a negação à traição do PT, oposição de esquerda consequente, e não linha auxiliar do petismo que por 13 anos atacou os trabalhadores, pactuou com a direita tradicional, retirou direitos e aplicou um ajuste fiscal brutal, se igualando a qualquer outro partido da ordem. No congresso municipal, denunciamos de forma contundente essa política da US e de Berna, que vai na contramão do nosso programa fundacional de enfrentamento ao PT e de um perfil radical e coerente que queremos construir para o PSOL.

Infelizmente, na reunião da Executiva Nacional realizada no dia 06/06, a US, junto com o Raiz e a Insurgência, votaram uma resolução de conjuntura defendendo a participação no ato do dia 10/06 em SP, que contará com a presença de Lula. O MES criticou a ida ao ato mas se absteve, não apresentou nenhum texto alternativo próprio e não votou na única resolução alternativa apresentada pela nossa corrente que, entre outras considerações e propostas, rejeitava a presença do PSOL no ato petista.

No Congresso de POA, demos a batalha também contra a política de Marcelo Freixo, pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, que em decisão arbitrária, passando por cima da base do partido, se reuniu com Jandira Feghali (PCdoB) e Molon (Rede e ex-PT) para selar um pacto de “não agressão” no primeiro turno e possível unidade no segundo turno. Como bem colocou o companheiro Babá, fundador do PSOL e vereador pelo PSOL-RJ: “Quantas empreiteiras e bancos mais precisam financiar o PT e o PCdoB para desconsiderá-los como partidos de “esquerda”? Quantos ajustes fiscais, remoções, ocupações militares em favelas, leis antiterror, privatizações, usinas antiecológicas, alianças com Sarney, Renan Calheiros, Collor, Maluf, Cabral, Paes, Pezão, Marco Feliciano eles ainda precisam fazer para serem considerados aliados das elites e não os nossos?”. Infelizmente, mais uma vez, Roberto Robaina fez uma defesa contrária à moção que apresentamos, secundarizando a importância política dessa reunião e defendendo Marcelo Freixo citando o papel do “deputado Fraga” no filme Tropa de Elite. Porém, o que Robaina não diz, é que com tais alianças, Freixo perde a sua independência política e aquele perfil combativo que o deixou famoso e gerou nas eleições de 2012 a Primavera Carioca. Como justificar a sua atuação na CPI das milícias junto ao PCdoB de Jandira, que até ontem, estava no governo do PMDB que financia milicianos no Rio de Janeiro? Além disso, a fala de Robaina ainda deu a entender que o RJ deve cuidar dos seus problemas e POA dos seus, o que não temos nenhum acordo.

Queremos alianças coerentes com o programa de mudança que Porto Alegre precisa

O principal debate travado no Congresso foi a polêmica sobre o arco de alianças para as eleições de 2016 em Porto Alegre. A CST apresentou a proposta de resolução de delimitação da política de alianças à Frente de Esquerda (PSTU, PCB, UP). A direção do MES defendeu a abertura do leque de alianças, sem nenhuma restrição, o que abre precedentes preocupantes de incorporação da Rede de Marina Silva e do PPL. Não por acaso, tais partidos estavam na mesa de abertura do Congresso. Para refrescar a memória, a Rede é um partido bancado pelo Itaú, que apoiou Aécio no segundo turno das eleições de 2014. Marina Silva, a principal porta-voz da Rede, hoje lamentou no seu facebook a morte de Jarbas Passarinho, político da Ditadura Militar. Tal fato, inclusive, teve grande repercussão e comentários de repúdio à Marina. O PPL, racha recente do PMDB, faz alianças pragmáticas em todo o país, exemplo disso é na cidade de Santa Maria/RS, onde articulam sair com o DEM nas eleições municipais.

Defendemos que a nossa tarefa central é construir uma Frente de Esquerda, que aproveite o seu peso eleitoral para construir um polo de lutas junto à juventude, aos trabalhadores e aos movimentos sociais. Com os secundas que ocupam as escolas, com as professoras que encabeçam uma gigantesca greve contra Sartori, com os municipários que enfrentam há anos o governo Fortunati (PDT), com as dezenas de milhares de mulheres que tomam as ruas no Junho Feminista, com as LGBTs e a juventude negra em luta; esses são os nossos aliados fundamentais, é com eles que devemos governar caso o PSOL ganhe essa eleição. O projeto de Marina Silva e do PPL vai na contramão dessa política.

Para explicitar o erro que a direção majoritária do PSOL-POA está cometendo, só ficamos sabendo pela imprensa burguesa que o presidente estadual da Rede, Montserrat Martins, declarou: “São estes os dois partidos com os quais estamos mais próximos e mantemos diálogo, o PSOL e o PDT. O PSOL já nos ofereceu a oportunidade de ser vice na chapa de Luciana Genro, mas não há definições” (Correio do Povo, 05/06/2016). Essa declaração deve ser tomada como um alerta à toda a militância psolista de POA. Somente a base do partido conectada com as lutas em curso pode exigir que a direção do MES reveja essa política equivocada de abertura do leque de alianças para partidos que em nada tem a ver com os objetivos pelos quais fundamos o PSOL. Caso não seja revista, batalharemos com todos os companheiros e companheiras que estiverem dispostos a derrotá-la na Convenção Eleitoral do PSOL. Nós da CST seremos parte da mais ampla unidade para barrar o retrocesso político que seriam essas alianças.


Corrente Socialista dos Trabalhadores CST/PSOL
Porto Alegre, 06 de junho de 2016

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