EDITORIAL : Tomar as ruas para defender a Amazônia e nossos direitos.

A edição nº 102 do Combate Socialista é publicada durante um momento de fortes ataques aos direitos e a natureza, turbulências no governo e aumento da insatisfação da população frente às posturas e medidas de Bolsonaro. Somam-se aos ataques aos direitos, às mulheres, às minorias e ao meio-ambiente, um sem número de declarações polêmicas, torpes e rudes proferidas pelo presidente da República, inclusive contra seus próprios aliados.

O crescimento da rejeição a Bolsonaro se reflete na divisão de sua base de apoio, que se expressa no descolamento de figuras como o João Dória (governador de São Paulo), a expulsão do deputado Alexandre Frota do PSL (recém-ingresso no PSDB com a tutela de Rodrigo Maia), e nos atritos com o Kim Kataguiri e o Movimento Brasil Livre (MBL). Contrariando Moro e os operadores da Lava-Jato, Bolsonaro indicou o subprocurador Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República pelos próximos dois anos, ignorando a lista tríplice de nomes escolhidos em eleição pela classe. A medida gerou enorme insatisfação e uma enxurrada de comentários negativos em sua própria base de apoio. Bolsonaro opera frequentemente para livrar seu filho, o senador Flavio Bolsonaro, e o ex-assessor Fabrício Queiroz das investigações por corrupção e envolvimento com milícias, enquanto trabalha para tornar seu outro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, embaixador do Brasil nos EUA.

Ao contrário das falácias amplamente difundidas pela mídia, das necessárias “reformas”, as insistentes políticas dirigidas a agradar o mercado, cujo foco são ataques aos direitos da classe trabalhadora, não produziram como resultado nenhum crescimento econômico. Ao contrário, a economia segue estagnada e a classe trabalhadora alterna entre baixos salários, desemprego e subempregos.

Pesquisas recentes detectaram o aumento gradual da impopularidade do governo Bolsonaro e da rejeição à Reforma da Previdência. Apesar disso, a Reforma da Previdência avança no Congresso Nacional com a cumplicidade das direções majoritárias das maiores centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, entre outras), que permanecem inertes, e a colaboração dos governadores de oposição (PT, PCdoB, PDT e PSB), que negociam a aprovação da PEC “paralela” para estender a medida aos estados e municípios. A data de votação do segundo turno da reforma da previdência na Câmara dos Deputados foi anunciada com praticamente um mês de antecedência pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. Apenas a CSP-Conlutas se movimentou na direção de promover protestos de rua. A exemplo do primeiro turno, a posição das maiores centrais foi resumidamente não fazer nada. Uma falta de empenho que não se percebe quando o assunto é negociar a imposição de contribuição sindical compulsória.

Exigir um plano de luta unificado

A reação nas ruas diante dos ataques do governo à educação e frente à postura criminosa de Bolsonaro acerca das queimadas na Amazônia demonstra que há perspectiva para que a insatisfação crescente com o governo seja convertida em mobilização popular. Há imenso potencial para impulsionar um calendário de lutas, contudo a indisposição das direções majoritárias do movimento de massas é gritante e prejudica que as mobilizações avancem.

Em outubro haverá o 4º Congresso da CSP-Conlutas, um espaço importante para debater a necessidade de fortalecer uma alternativa de direção combativa para o movimento sindical brasileiro. É hora de somar forças e pressionar as maiores centrais para que convoquem um calendário de luta unificado contra a Reforma da Previdência, em defesa da educação e da Amazônia. A CUT e demais centrais deve utilizar o calendário ambiental do dia 20/09 para realizar ações de protestos em todo país, do mesmo modo precisa dar continuidade a esse movimento e ter um plano de luta para esse segundo semestres, contra as privatizações, em defesa da Amazônia, contra a reforma da previdência e retirada de direitos trabalhistas, exigindo o não pagamento da dívida interna e externa canalizando recursos para salario, emprego, saúde e educação.

09/09/2019

Coordenação Nacional da CST/PSOL

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