Doria e a direção do Metrô negam Plano de Emergência  nos transportes e colocam milhares de vidas em risco

por Diego Vitello, diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo

Semanas após o início de uma quarentena muito parcial na cidade de São Paulo, a realidade vem se impondo. Enquanto o transporte público segue cheio, a cidade vê o número de mortes por COVID19 aumentar muito a cada dia.
Já é comprovado pela ciência em todo mundo que a busca pelo máximo isolamento social é o caminho para diminuir drasticamente o número de infecções e mortes. O que o movimento sindical deve debater são as medidas para aumentar o isolamento social da classe trabalhadora, defendendo as nossas vidas, salários e empregos.

A demagogia de João Doria

A demagogia do governador contrasta com a realidade de centenas de milhares de trabalhadores. Em suas coletivas de imprensa, Doria fala de “defesa da ciência”, “fazer de tudo para salvar vidas” e outras frases de efeito. A grande imprensa, desesperada por um líder burguês para pensar o pós-Bolsonaro e as eleições de 2022, troca diariamente afagos com o governador. Enquanto isso, quem pega metrô, CPTM e ônibus no horário de pico ( ou até fora dele em alguns locais) fica diariamente exposto, muito perto dos outros passageiros, devido à lotação.

Além desse absurdo, hospitais continuam sem EPIs suficientes, assim como o transporte. Somente em um levantamento feito pelos trabalhadores da CIPA da Linha Verde do Metrô em 06/04, se constatou que faltavam máscaras em 7 das 14 estações. O que vemos é que  milhões de pessoas seguem tendo que ir trabalhar, porque as empresas não querem garantir que seus trabalhadores fiquem em casa recebendo seu salário até o final da pandemia e o governo estadual, comprometido com os interesses dos empresários, não faz nada para mudar essa situação. Dinheiro tem. Doria poderia muito bem garantir o pagamento de salários de parcela dos trabalhadores formais e informais, mas não o faz.

Doria nega o Plano Emergencial apresentado pelo Sindicato dos Metroviários…

O Sindicato dos Metroviários, há cerca de duas semanas, apresentou ao governo e à direção do Metrô um bom Plano Emergencial que consiste basicamente que o metrô funcione somente para atender  os serviços essenciais da cidade. O plano garantiria o deslocamento dos trabalhadores da saúde, transportes, segurança pública, limpeza, produção de alimentos e produtos usados contra o coronavírus e de todas as pessoas que estivessem se deslocando na cidade para usar algum serviço de saúde. Com essa entrada controlada, se diminuiria drasticamente o número de passageiros do metrô, reduzindo o risco da propagação do vírus entre a população e a própria categoria metroviária.Porém, a realidade é que tanto a diretoria do metrô quanto o governo do estado não querem isso. Ao negarem discutir o Plano Emergencial do Sindicato, mostram que estão mais preocupados em garantir os lucros de uma parcela dos empresários do que a vida da população de São Paulo.

… e quer arrebentar os direitos dos trabalhadores do transporte

Como se não bastasse sua política que obriga milhares de pessoas a saírem de casa todos os dias para ir trabalhar, de não garantir EPIs suficientes nos locais de trabalho, Doria e as direções  da CPTM e do Metrô têm feito uma série de ataques aos direitos dos trabalhadores do transporte. No metrô, em meio à pandemia, a diretoria vem terceirizando as bilheterias das linhas azul e vermelha, retirando parte do salário dos bilheteiros.

Alem disso, decretou a retirada de todos os adicionais dos metroviários do grupo de risco que estão em home office. Temos trabalhadores perdendo quase metade do seu salário. Tem também imposto férias sem nenhuma negociação com os trabalhadores.

Na CPTM, o governo do Estado e a cúpula da empresa entraram com ação para garantir que todos os trabalhadores terceirizados que fazem parte do grupo de risco voltem ao trabalho. Sim, trabalhadores de mais de 60 anos, cardiopatas e asmáticos, dentre outros, serão obrigados a voltar ao trabalho por uma ação apoiada por Doria. Uma medida que desmascara as verdadeiras preocupações tanto do governo quanto da diretoria da empresa, que estão muito longe de priorizar a vida das pessoas.

Por que defendemos uma greve de 24 horas no Metrô?

Somos parte do sindicato dos metroviários e temos defendido a construção de uma greve em defesa do Plano de Emergência. Isso se dá porque o governo e a direção da empresa se negam a qualquer negociação e diálogo em defesa das vidas da categoria e da população.

Na prática, querem que o metro siga funcionando com lotação nos horários de pico e sendo um dos principais pontos de aglomeração de pessoas. Acreditamos que não é possível mais esperar.  A direção do sindicato deve assumir uma postura mais ofensiva em defesa da greve e subir o tom contra o governo do estado. Infelizmente essa não é a visão da maioria  do sindicato (PCdoB, PT, PSB, Resistência e Coletivo Chega de Sufoco), que prefere seguir sem defender uma medida mais forte de enfrentamento ao governo.

Mesmo com ampla maioria da diretoria do sindicato contrária, na recente pesquisa feita pela categoria, 37,5% dos trabalhadores que participaram defenderam a greve. Nas próximas semanas, com a explosão das contaminações e mortes que se avizinham por culpa dos governos e de suas políticas insuficientes , esse número pode se ampliar. De nossa parte, acreditamos que a luta é  o único caminho para garantir  nosso direito a trabalhar em segurança, a receber nossos salários integralmente bem como manter a quarentena dos grupos de risco.

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