PERU | Quarentena sem fome

Antes da crise da saúde, os trabalhadores éramos as vítimas de um modelo que apenas enriquece uns poucos, condenando a grande maioria do país à informalidade, com salários e pensões de miséria, um serviço público de saúde pública subfinanciado, uma educação pública desmantelada e viver amontoados por falta de moradia além de milhões sem acesso a serviços básicos, como a água.

Na emergência, os que sempre se beneficiam querem agora transformar essa crise em um novo negócio. A quarentena é necessária, mas afeta milhões de famílias pobres. O bônus de S/. 380 soles peruanos é insuficiente, não está chegando a todos que precisam e os municípios não garantem uma distribuição transparente. A militarização da quarentena ocorre mais para proteger os grandes negociados contra qualquer possível explosão social.

A recessão econômica que está chegando pretendem atenuá-la com mais isenções tributárias, demissões arbitrárias e férias forçadas, a entrega de poderes extraordinários concedidos pelo Congresso busca resgatar bancos e grandes empresas, e financiar as perdas com o dinheiro de todos, sendo os trabalhadores e o povo peruano os que mais uma vez pagamos pela crise.

Pessoas em situação de rua em Lima, capital do Peru, a uma distância segura entre si por conta da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus
Sebastian Castaneda/Reuters

Para que isso não aconteça, exigimos:

1. Aumento do orçamento de imediato. Fortalecimento e modernização da saúde pública. Não mais ter a saúde como negócio, que a saúde privada se torne pública para enfrentar a crise. Aumento do salário e passar ao quadro fixo todos os trabalhadores da saúde. Solução imediata para a mudança de grupo ocupacional. Seguro de saúde universal e gratuito para todos os peruanos.

2. Cancelamento de todas as isenções para multinacionais e grandes empresas locais. Criação de um fundo de emergência baseado na imposição de impostos progressivos sobre as grandes propriedades e fortunas de todo tipo: mercado de ações, bancos, mineração, petróleo, telefone, energia e pesca.

3. Congelamento dos preços dos produtos de primeira necessidade até 1º de março. Garantir a produção e distribuição gratuitas de alimentos e produtos higiênicos e de limpeza para as famílias mais pobres durante a quarentena. Pelo fim da especulação de preços!

4. Suspensão temporária do pagamento de eletricidade, água, gás, internet, telefonia com garantia total dos serviços. Suspensão dos pagamentos de aluguéis.

5. Devolução dos fundos das AFPs (Administradoras de Fundos de Pensão). Bônus de apoio igual ao salário mínimo, aumento da pensão para S/. 930 soles. Por um sistema de aposentadoria e pensão do Estado, único e público. Controle popular dos fundos entregues aos municípios.

6. Proibição de demissões e suspensões. Cessação total das atividades desnecessárias para alimentação e saúde, sem demissões e com manutenção dos salários. Distribuição das horas de trabalho e controle operário da produção essencial.

Que a crise não seja paga pelos trabalhadores e os povos!

Segunda-feira 30 de março de 2020

Traduzido por: Pablo Andrada

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