Editorial | Unificar as manifestações! | Jornal Combate Socialista Digital No. 02

Unificar as manifestações!

Os protestos continuam. Na semana passada o movimento ocorreu em São Paulo e Porto Alegre. No domingo, 21, em Belo Horizonte. A violência policial levou a protestos localizados na periferia de São Paulo e em Niterói. Os manifestantes enfrentam o governo Bolsonaro/Mourão e sua política autoritária, denunciam a PM racista e questionam a flexibilização das medidas de isolamento social por parte de governadores e prefeitos. No Rio de Janeiro um movimento das merendeiras, com três manifestações seguidas, arrancou o pagamento do ticket e do salário atrasado.

Eles são um exemplo local da luta que deveria ocorrer para enfrentar as demissões, a redução salarial, a fome, e as políticas de ajuste fiscal que retiram direitos votadas no congresso nacional por Rodrigo Maia e Alcolumbre e nas assembleias legislativas.

A tarefa do momento é voltar a unificar os vários protestos locais que estão ocorrendo. Voltar a realizar manifestações coordenadas num mesmo dia. Superar a dispersão e retomar o caminho das passeatas unificados aos domingos, por exemplo. Todo mundo junto, protestando nas ruas, com distanciamento físico e as medidas sanitárias recomendadas pela OMS aos manifestantes. As torcidas antifascistas, as juventudes negras, a Frente Povo Sem Medo e Guilherme Boulos, os novos movimentos nas favelas, artistas como Mano Brown, precisam cumprir esse papel agregador e unificador, urgentemente. Estamos diante de um holocausto capitalista e temos de lutar para não morrer de vírus, de fome, das balas racistas da polícia e para manter nossos direitos sociais e trabalhistas. Dar trégua ao governo, suspender os atos de rua, é um erro.

Falta o chefe da quadrilha!

Enquanto ocorrem protestos locais, o governo Bolsonaro vive um dos seus piores momentos. Popularidade em baixa, perda de protagonismo da extrema direita nas ruas, prisões de seus aliados mais extremistas e disputas na cúpula republicana. Exemplos do que falamos são o inquérito da Procuradoria Geral da República (PGR) contra os atos golpistas da extrema direita, a queda do nefasto Ministro da Educação, o prosseguimento do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF) e a explosiva prisão do ex-assessor Queiroz, braço direito do senador Flávio Bolsonaro, amigo íntimo da família do Presidente. Queiroz é o elo financeiro dos Bolsonaro com o crime organizado do Rio de Janeiro. Todos os inquéritos envolvem filhos e amigos do Presidente. Há até depósitos de Queiroz para Bolsonaro através da conta da primeira-dama. É absurdo, portanto, que Jair Bolsonaro não seja investigado. Ele é o chefe dessa quadrilha, que agora loteia cargos públicos com velhas raposas corruptas do centrão. Os trabalhadores que já não confiam mais em Bolsonaro precisam romper de vez com esse presidente que só governa para os ricos e que utiliza o governo para beneficiar sua própria família.

A direção da CUT e da UNE estão vacilando

A CUT é a central sindical com mais sindicatos, e a UNE, a maior entidade estudantil. Essas lideranças têm muita responsabilidade sobre a convocação ou não de protestos em nosso país, atualmente. Mas hoje elas estão vacilando. Na prática, estão atuando para evitar atos de rua ou para pulverizar os calendários. Exemplos é que foram contra e conseguiram bloquear os atos aos domingos no Rio e BH. E foram contra o protesto das merendeiras no Rio.

Isso ocorre porque o PT e PCdoB, que são majoritários nas direções dessas entidades, não querem convocar de verdade suas bases para protestar nas ruas. O grande objetivo deles é acalmar os manifestantes e canalizar a indignação atual para as urnas. Porém, a contaminação, as mortes, o desemprego e o arrocho salarial não esperam o calendário eleitoral e as promessas eleitoreiras nunca cumpridas.

Infelizmente a cúpula do PSOL e outros partidos de esquerda cederam às pressões desse setor e também desmarcaram o atos, como o de São Paulo, o que foi um erro. O PSOL e seus parlamentares precisam convocar os atos e jogar um papel ativo na mobilização de seus militantes e eleitores.

É preciso unificar as lutas

É preciso seguir a batalha contra a violência policial e pelo fora Bolsonaro e Mourão, por quarentena já com direitos sociais e com salário.

É preciso enfrentar o retorno das aulas nas escolas e universidades. Não há o menor sentido de afrouxar o pouco que existe de isolamento social num país que ocupa o segundo lugar mundial de contaminação e mortes por coronavírus. Será fundamental que ANDES, FASUBRA, SINASEFE, UNE, UBES, FENET, ANPG, CNTE organizem plenárias nacionais unificadas e construam comitês locais de mobilização para enfrentar as absurdas propostas de reabertura das aulas presenciais e também a precarização da educação via ensino remoto/EaD.

A classe trabalhadora está na mira da contaminação e das mortes. Faltam máscaras aos garis, faltam EPIs aos trabalhadores dos hospitais, faltam salário e renda. Não podemos aceitar. Diante da contaminação e mortes, precisamos organizar operação padrão e trabalhar conforme as estritas normas de segurança e leis trabalhistas do país. Precisamos fazer operação tartaruga, atrasos de turno, paralisações relâmpago, greves sanitárias e ambientais de advertência de meio período. Temos de exigir esses planos de luta de nossos sindicatos, delegados sindicais e representantes nas Comissões de Prevenção de Acidente (CIPA).

Que a CUT e demais centrais utilizem o dia 1 de julho para realizar uma jornada nacional da classe trabalhadora

Os trabalhadores de aplicativo, principalmente os de SP, estão convocando um protesto nacional coordenado no dia 1° de julho. Esses trabalhadores são muito atacados pelos patrões escravocratas e estão na linha de frente da contaminação, realizando entregas em meio à pandemia. Eles pedem apoio e solidariedade nas redes sociais, propondo um boicote ativo dos usuários desses aplicativos (não pedir nada nesse dia e que os usuários avaliem negativamente as empresas). Temos de fazer isso e mais: dar apoio ativo ajudando na divulgação do ato e convocando essa data junto com eles. Devemos exigir que a CUT, CTB, Força Sindical e UGT transformem essa data num dia nacional de lutas da classe trabalhadora, em defesa do salário, dos empregos. O sindicalismo combativo da CSP-Conlutas precisa encampar essa batalha, exigindo suspensão do pagamento da dívida e taxação das grandes fortunas para que seja possível garantir recursos para o SUS e renda básica aos desempregados.


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