Porto Alegre: Nenhum voto em Sebastião Melo (MDB)!

CST Porto Alegre


Passado o primeiro turno das eleições municipais – em meio à uma conjuntura dramática de crise pandêmica, social e econômica – o bolsonarismo e a extrema direita, que hoje estão no comando do governo federal, não conseguiram ter êxito na maior parte do país. Ao mesmo tempo, a maioria dos partidos da oposição (PT, PCdoB, PDT, PSB) tiveram redução no número de prefeituras e, no geral, amargaram péssimos resultados nas principais cidades. O descontentamento ao bolsonarismo acabou, infelizmente, sendo capitalizado pela direita tradicional, representada por partidos como DEM, PSD e PP, que elegeram mais prefeitos e vereadores. Apesar disso, a boa notícia é que o PSOL foi o partido da esquerda que mais aumentou em votos, tendo destaque em várias grandes cidades ampliando suas bancadas nas câmaras (com destaque para candidaturas mulheres, negros e negras e LGBT’s) e, inclusive, colocando Edmilson Rodrigues (Pará) e Guilherme Boulos (São Paulo) no segundo turno de suas cidades.

Em Porto Alegre (RS), participamos da campanha de Fernanda Melchionna e Márcio Chagas (PSOL). Foi uma campanha que, a partir da Frente de Esquerda construída entre PSOL, PCB e UP, apontava a necessidade de construir uma esquerda independente das velhas experiências de conciliação de classes do PT. Uma campanha que corretamente demarcou o enfrentamento ao bolsonarismo e à extrema direita nas ruas, nas mídias e nos debates entre candidatos. Foi a candidatura que de melhor forma denunciou o atual prefeito Marchezan Jr (PSDB) e se propôs a revogar todas as medidas de ataques de sua gestão. O repúdio da classe trabalhadora à gestão de Marchezan foi tanto que ele acabou nem indo ao segundo turno, representando uma vitória de nossa classe.

Agora, o segundo turno será entre Manuela D’Ávila (PCdoB/PT) e Sebastião Melo (MDB), e temos que debater quais as nossas tarefas diante desse cenário.

Melo já foi vice-prefeito de José Fortunati (atualmente PTB) e ambos são corresponsáveis pela precarização dos serviços públicos da cidade e pela passagem de ônibus mais cara entre as capitais. No governo do estado, com José Ivo Sartori (MDB) e os deputados desse partido, aplicaram duros ajustes para beneficiar os mais ricos. Iniciaram o parcelamento e atraso do salário dos professores, promoveram despejos e pressão aos movimentos sociais. Agora nestas eleições, de maneira mais escancarada, Melo busca aproximar-se dos setores políticos mais reacionários, endireitando mais ainda a sua agenda e reafirmando-se como negacionista da pandemia.

Diante disso, muitos setores da classe trabalhadora, da juventude, dos movimentos feministas, negros, LGBTs e ambientais têm visto a candidatura de Manuela como uma forma de impedir a continuidade dessa política promovida pela direita. De nossa parte, enquanto socialistas revolucionários, somos parte daqueles que querem derrotar a direita nas ruas e nas eleições, por isso intervimos cotidianamente nas lutas da nossa classe e também intervimos no processo eleitoral. Mas precisamos alertar que os partidos da coligação de Manuela (PCdoB e PT) infelizmente não vêm dando uma batalha de verdade para derrotar a política da direita. Nos estados do nordeste, onde governam, os governos desses partidos aplicaram reformas da previdência nos mesmos moldes da reforma que Bolsonaro aprovou nacionalmente, além de terem acompanhar o governo federal na flexibilização do isolamento social na pandemia. E no terreno das lutas, PT e PCdoB, através da CUT, CTB e UNE têm se mostrado como um entrave para o desenvolvimento das lutas contra os ataques, fazendo conchavos com o governo e boicotando greves e mobilizações.

Os lutadores e as lutadoras que querem derrotar a direita precisam exigir que PT e PCdoB mudem de postura e coloquem o seu peso nacional para construir mobilizações unificadas em defesa dos direitos da classe trabalhadora. No caso do CPERS e da CNTE, entidades dirigidas pelo PT e PCdoB, precisamos exigir que organizem para já a luta contra a Reforma Administrativa que está sendo proposta por Bolsonaro e Paulo Guedes.

De nossa parte, não temos confiança nesses partidos, por isso viemos defendendo que alternativa de verdade deve ser entre uma Frente de Esquerda Socialista com PSOL-PCB-UP-PSTU. Foi essa alternativa que defendemos para o primeiro turno, apesar das tentativas da maioria das correntes do PSOL de adotar a linha de “Frente Ampla” com PT e PCdoB e abandonar a candidatura própria. Mas, como agora estamos diante de um segundo turno entre apenas duas candidaturas, dialogando com os milhares de lutadores e lutadoras que querem derrotar Melo, a velha direita e sua política de ataques, defendemos “Nenhum voto em Melo”, legitimando, assim

a) Voto crítico em Manuela D’Ávila, se tratando de uma tática para derrotar Melo, sem que isso signifique qualquer apoio político ao seu projeto e seu futuro governo;

b) Voto nulo, pois entendemos que uma parcela dos trabalhadores teve experiências bastante ruins com governos encabeçados pelo PCdoB e do PT, que impuseram projetos de conciliação com os grandes empresários votando projetos contra os interesses dos trabalhadores e do povo pobre.

Após o segundo turno, devemos seguir organizando a classe trabalhadora e a juventude para enfrentar nas ruas e nos locais de trabalho, estudo e moradia os ataques dos patrões e dos governos. Ataques que são uma demanda da burguesia e do imperialismo e irão continuar, independente de quem vencer a eleição.

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