Por um programa alternativo para tirar o Brasil da crise

 

 

Diego Vitello e Adriano Dias, Coordenaçao da CST

 

A crise do Brasil é assunto cotidiano dentro de nossas casas e locais de trabalho. Temas como a inflação dos alimentos, gás, aluguel e combustíveis, desemprego, baixos salários, fome, aumento da população que vive na rua, o avanço acelerado do desmatamento da Amazônia, etc. Porém, nem todos brasileiros têm sido prejudicados pela crise. Ao contrário, os mais ricos do país, que têm bilhões nas suas contas bancárias, estão ainda mais ricos às custas do sofrimento do nosso povo.

O país possui quase 20 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente. O salário está arrochado e em 2021 a maioria das negociações salariais foram abaixo da inflação. Enquanto isso, o Brasil ganhou 20 novos bilionários e os ricos não pagam quase nada de impostos. Ao mesmo tempo, temos um sistema financeiro que garante o rendimento de especuladores e alimenta o lucro dos banqueiros por meio do pagamento dos juros da dívida. A pandemia segue com crescente número de contaminados e a vacinação ainda longe de ser concluída.

Bolsonaro é o principal responsável pela situação de crise do país e conta com a cumplicidade de governadores e prefeitos que aplicam a política de Guedes nos estados e municípios. Para além dos ataques aos direitos, esse governo vem destruindo a Amazônia e fomentando o desmatamento e o garimpo em terras indígenas. As ameaças aos funcionários do Ibama também é parte do seu projeto autoritário de perseguir todos que questionam a sua política.

Por outro lado, as direções sindicais e políticas do país não querem derrubar o governo e, por isso, negam-se a construir jornadas de lutas unificadas para colocar para fora Bolsonaro e a extrema direita. CUT, CTB, PT e PCdoB apostam nas alianças eleitorais com a burguesia para governar para os ricos e os patrões. Foram justamente as mobilizações pelo fora Bolsonaro que permitiram termos vacina hoje. As primeiras ações do ano, como a greve da Eletrobras, a paralisação dos portuários e a jornada de Justiça por Moïse mostram que é possível construir um novo calendário de luta contra Bolsonaro.

O Conclat, chamando pelas centrais sindicais, deveria servir para retomar a luta unificada nas ruas, e não para dizer que devermos resolver a nossa vida apenas em outubro, votando na frente ampla de Lula/Alckmin. Exigimos que as centrais sindicais, a Campanha Fora Bolsonaro e as frentes Povo sem Medo e Brasil Popular retomem os calendários unificados, começando ainda em fevereiro, apostando nas greves e lutas e na construção do 8 de março, transformando essa data em dia massivo contra o Bolsonaro e a sua política de morte.

Diante dessa grave situação, é urgente debater quais medidas devem compor uma saída da classe trabalhadora para a profunda crise na qual estamos. Apresentamos, a seguir, algumas medidas que nós, da Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores, julgamos fundamentais para que possamos melhorar de forma duradoura a vida da classe trabalhadora no Brasil.

 

Taxar os ricos e não pagar a dívida pública aos banqueiros

 

Sabemos que os problemas do país não existem para toda a população. Os ricaços têm ganhado muito com a queda do nível de vida de mais de 99% da população brasileira. De acordo com dados do IBGE, do segundo semestre de 2021, o 1% mais rico da população vive com uma renda mensal 35 vezes maior do que a metade mais pobre do país (https://economia.ig.com.br/2021-11-19/ricos-renda-35-vezes-maior-pobres-brasil.html). Segundo a revista Forbes, durante a pandemia, o Brasil ganhou 42 novos bilionários (https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/lista-de-bilionarios-brasileiros-da-forbes-ganha-42-nomes-em-2021-conheca-os-novos-ricacos). Obviamente, quando cresce a miséria, a fome e o desemprego nas famílias trabalhadoras, quem ganha com isso são os ricaços.

Por essas razões, é imprescindível que taxemos as grandes fortunas, revertendo esse dinheiro de imposto em benefícios para a maioria da população. Também temos que acabar com a farra do sistema financeiro em cima da dívida pública. Os banqueiros, maiores detentores dos títulos da dívida, devem pagar a conta. Esse dinheiro deve ser direcionado para programas de habitação, saneamento, frentes de trabalho e para projetos que visem atender a pauta LGBTQIA+, das mulheres e explorados.

 

Repor o poder de compra dos salários e reduzir as tarifas, alimentos e combustíveis

 

Segundo o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal), a taxação das grandes fortunas poderia arrecadar mais de R$ 40 bilhões por ano, sem atingir nem 1% da população (https://www.cnnbrasil.com.br/business/imposto-sobre-grandes-fortunas-ja-tem-37-projetos-parados-no-congresso/). De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, a dívida pública, da qual os maiores credores se encontram entre os 1% mais ricos, levou, em 2020, mais de R$ 1,381 trilhão do orçamento do país (https://auditoriacidada.org.br/conteudo/gastos-com-a-divida-publica-cresceram-33-em-2020/). Esse dinheiro todo, que hoje está concentrado nas mãos dos ricaços, poderia melhorar a vida de dezenas de milhões de brasileiros que viram seu nível de vida desmoronar nos últimos anos. Medidas como um grande plano de obras públicas poderiam gerar milhões de empregos com carteira assinada e construir 8 milhões de moradias, “zerando” o déficit habitacional no país. Precisamos, ainda, de aumento do salário mínimo, reposição das perdas salariais, “gatilho salarial” (para corrigir os salários a cada vez que a inflação somar 2%). Junto a isso, a redução dos preços dos alimentos, combustíveis e de tarifas como de água, luz, transportes e aluguéis.

 

Estatizar o sistema financeiro e reverter as privatizações

 

Enquanto o sistema financeiro continuar na mão dos banqueiros e as empresas estratégicas sob o controle das multinacionais, a maioria da população vai continuar sem acesso a direitos básicos, como saúde, educação e saneamento. Isso porque toda a lógica da produção e distribuição vai ser montada para beneficiar os banqueiros, os ricos e os patrões. Por isso, defendemos a estatização do sistema financeiro, o controle do câmbio, o fim da agiotagem dentro do Banco Central e a reestatização das empresas privatizadas, destinando recursos para reforma agrária sob controle dos sem-terra, demarcação das terras indígenas e políticas ambientais.

Para levar adiante essas propostas, é necessário construir uma frente de esquerda, sem os patrões, para construir uma alternativa da classe trabalhadora e um país sem exploração. Um Brasil socialista, onde os trabalhadores e o povo governem e não sejam mais os responsáveis por pagarem a crise gerada pelos capitalistas, pela burguesia e pelos partidos da ordem.

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