Carta aberta pela Frente de Esquerda e Socialista para as lutas e eleições de 2022

Aos 44% do PSOL: tendências, coletivos, dirigentes e militância da candidatura própria; – À UP, PCB e correntes da Articulação Povo na Rua; – À todas as organizações políticas, sindicais, estudantis e populares que não estão na frente ampla.

A atual conjuntura impõe desafios para a esquerda. Em meio ao desgaste eleitoral do governo Bolsonaro ocorre o crescimento da frente ampla (https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/06/04/editorial-a-posicao-da-cst-nas-eleicoes-combate-socialista-n153/. É preciso construir uma jornada de luta contra o projeto ultrarreacionário de Bolsonaro, uma ampla unidade de ação. Seguir a batalha contra a extrema direita nas eleições é necessário. Porém o programa burguês de Lula/Alckmin não é uma alternativa para a classe trabalhadora. Precisamos nos solidarizar com as posições alternativas, caso de Rita Von Hunty (https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/05/10/solidariedade-a-rita-von-hunty/). Por isso a CST, tendência radical do PSOL que integra o Polo Socialista e Revolucionário, propõe uma reunião nacional das forças que não estão na frente ampla para debater ações em comum e a proposta de frente de esquerda e socialista para as lutas e eleições.

1- Fortalecer as pautas da classe trabalhadora e uma esquerda independente

A CST realiza esse debate no PSOL https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/03/17/manifesto-psol-sem-patroes/, no campo das oposições do PSOL (Fortalecer, MES, APS, COMUNA, LS e demais forças) e no Povo na Rua.  É um debate atual no Polo Socialista e Revolucionário que nós da CST construímos https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/06/07/sobre-nossa-proposta-de-frente-de-esquerda-socialista/. Apoiamos a pré-candidatura à presidência de Vera Lucia, companheira operária, negra do Polo Socialista e Revolucionário. E a partir dessa localização seguimos esse diálogo pela unidade da esquerda socialista, sem patrões. Defendemos uma tática eleitoral que impeça a pulverização das forças à esquerda da frente ampla porque assim podemos aproveitar esse momento e fortalecer as pautas da classe trabalhadora. Apesar das diferenças entre os 44% do PSOL, a UP, PCB e o Polo Socialista, avaliamos que é possível avançar numa frente sem patrões. Apelamos a que todos partidos e organizações atuem para impedir essa pulverização. A dispersão em 3 campanhas – caso se confirme – só vai beneficiar a frente ampla.

2- Companheiros e companheiras do campo das oposições do PSOL,

A CST, corrente fundadora do PSOL, esteve na batalha pela candidatura própria no PSOL. Propusemos uma candidatura contra a extrema direita, oposição intransigente ao Bolsonarismo, mas com o pé fincado na esquerda. O manifesto do bloco das oposições que obteve 44% afirmava “com a chapa Lula e Alckmin não haverá revogação das contrarreformas… não haverá taxação das grandes fortunas e o não pagamento da famigerada dívida pública… porque toda essa política é construir uma frente amplíssima incluindo velho políticos corruptos e burgueses”.  Ou seja, com Lula/Alckmin não se soluciona problemas mínimos da classe trabalhadora. A maior parte dos 44% lutou contra a federação com a REDE, partido patronal ligado ao sistema financeiro. Após a conferência sacramentar a união com Lula/Alckmin e a REDE precisamos debater como continuar a luta na base do PSOL. A política da frente ampla e federação com a REDE é o que leva o governo de Edmilson atacar a classe trabalhadora, rompendo fronteiras de classe e devemos construir outra politica (https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/06/02/edmilson-devolva-imediatamente-o-salario-cortado-das-os-trabalhadores-as-nao-docentes-da-educacao-de-belem/). Defendemos uma nova reunião nacional dos campos de oposição do PSOL para avaliar juntos quais nossas tarefas e que os 44% se articulem com as demais forças que não estão na frente ampla. Defendemos que os 44% não integrem a campanha Lula/Alckmin, não sejam parte dos palanques estaduais da frente ampla. Propomos a construção de uma Frente de Esquerda e Socialista unificando a esquerda do PSOL, UP, PCB e o Polo Socialista e Revolucionário.

2.1- Camaradas do MES revejam sua posição, abandonem a Frente Ampla

Estivemos junto com vocês camaradas do MES no movimento dos 44% pela candidatura própria. A batalha pela candidatura própria foi correta e devemos ser consequentes. Se discordamos do que foi votado pela direção majoritária não podemos ceder nesse terreno. Nos preocupa que vocês do MES, que são uma importante corrente do PSOL, já estejam nos eventos eleitorais de Lula/Alckmin. Não houve uma reunião dos 44% para debater como seguir. De fato, vocês estão aceitando o resultado como se não houvesse nada mais a fazer. Ignoram que existem hoje três pré-candidaturas à esquerda da frente ampla, com Péricles da UP, Sofia do PCB e Vera do Pólo Socialista e Revolucionário. Não debater bem nos 44% o que fazer pode fazer o campo das oposições se perder na linha de consultor de esquerda da frente ampla, tal como o faz Valério Arcary/Resistência. A política de traição de classe de Lula está aí pra todo mundo ver desde os últimos 30 anos e não vai mudar. A colaboração de classes, cedo ou tarde trará novas frustrações e retrocessos, alimentando a direita e a extrema direita. É um erro tentar ser a consciência crítica da chapa Lula/Alckmin pois, apesar de uma ou outra frase de esquerda, se termina dentro do campo burguês da frente ampla de Lula/Alckmin

Os camaradas do MES, com seu peso parlamentar e juvenil, têm uma forte responsabilidade com os rumos do bloco das oposições do PSOL. Uma movimentação pela esquerda de parte do MES ajudaria a construir uma alternativa independente nessas eleições e nas lutas. Do contrário, ao seguir na campanha da frente ampla de Lula/Alckmin, ajudam a fortalecer o campo burguês da frente popular e a política reformista majoritária do PSOL. Apelamos a que reflitam e mudem de posição.

3- Camaradas da UP, PCB e organizações da Articulação Povo na Rua,

A CST esteve ombro a ombro com vocês na construção da Articulação Povo na Rua. Um espaço importante para batalhar pela retomada das lutas no ano passado, num momento em que Lula, o PT, a CUT se negavam a convocar manifestações. Numa das Assembleias da Povo na Rua votamos que “defendemos a independência de classe da esquerda e o classismo nos movimentos sociais. Rejeitamos as frentes amplas com os patrões”. Infelizmente não se pode transformar essas resoluções num movimento político unificado. Hoje a Povo na Rua não está reunindo e não realizou atos alternativos aos 1° de maio da frente ampla https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/04/28/1-de-maio-construir-manifestacoes-classistas-e-combativas/. Nas bases, a Povo na Rua não conseguiu atuar de forma unificada e enfrentar a socialdemocracia expressa pelo PT nos sindicatos, um desafio que ainda segue vigente.

Duas organizações da Povo na Rua, a UP e PCB, lançaram pré-candidaturas com as quais dialogamos (o camarada Péricles https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/01/15/entrevista-com-leonardo-pericles/; a camarada Sofia https://www.cstuit.com/home/index.php/2022/02/08/entrevista-com-sofia-manzano/). Nas respostas não vimos abertura para uma proposta de Frente de Esquerda nas lutas e eleições. Desse modo vai se impondo uma pulverização de candidaturas à esquerda da frente ampla. Em nossa opinião, na atual conjuntura, seria melhor uma tática eleitoral que unificasse todas as forças que não estão na frente ampla.

Nos debates que já existiram, a exemplo do que ocorreu na Contrapoder, está se afirmando apenas e exclusivamente as divergências. Sem dúvida as organizações que não estão na frente ampla são heterogêneas e há divergências no passado e atuais. Há temas nacionais e internacionais que são insolúveis. Porém o fato de que não estejamos com Lula/Alckmin não deve ser desprezado ou esquecido. Para tentar construir uma frente para as lutas e eleições temos de hierarquizar este fato importante: surgiu um setor que é contra a extrema direita, luta contra o bolsonarismo e a direita, mas não embarca na frente ampla Lula/Alckmin. Desse modo seria possível ver se podemos encontrar uma plataforma política comum visando uma frente de esquerda e socialista. Ter candidaturas independentes, sem patrões, unificadas em nível nacional e em cada estado e ações conjuntas nas lutas. Sem embarcar nas frente amplas estaduais ou nos palanques locais de Lula/Alckmin. É importante debater as propostas para tirar o país da crise, sabendo que existem pontos em comum e divergentes.

Para iniciar esse diálogo gostaríamos de apresentar temas que nos parecem vagos no programa da UP (https://www.facebook.com/photo/?fbid=559551865539142&set=pb.100044529995425.-2207520000..) Os camaradas, dentre outros pontos, defendem “anulação dos acordos e dívidas do Estado com os capitalistas estrangeiros, que foram contraídos contra a soberania e os interesses dos trabalhadores” e quando dizem “Controle social de todos os monopólios e consórcios capitalistas e dos meios de produção” ou “controle popular do sistema financeiro”. Já os camaradas do PCB, como parte de suas propostas, apresentam a Reestruturação da dívida interna. Reestruturar a dívida interna a partir da criação de uma Comissão Especial para analisar todo o processo de constituição da dívida” https://pcb.org.br/portal2/28849,  uma formulação que em nossa visão é incorreta. Nós entendemos que essas fórmulas ambíguas ou rebaixadas devem ser superadas. Para um programa emergencial comum deveríamos formular o não pagamento da dívida, estatização do sistema financeiro e das empresas estratégicas que foram privatizadas, insistindo na necessidade de que seja sob controle da classe trabalhadora. Em nosso jornal apresentamos algumas propostas emergenciais que deveriam integrar um programa operário e popular com medidas urgentes contra a fome, o desemprego e o arrocho q pode ser lido em nosso site, que se articulam com nossa batalha por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista. São propostas que apresentamos desde o acúmulo que temos no Pólo Socialista e Revolucionário e a pré-candidatura de Vera. Para isso a CST propõe uma reunião nacional entre as esquerdas do PSOL, UP, PCB e o Pólo Socialista e Revolucionário.

4- É possível construir uma frente de esquerda e socialista nas lutas e eleições

Podemos fazer uma frente e manter nossa autonomia, sem que ninguém tenha que abandonar sua trajetória e a totalidade de suas concepções. Apesar das diferenças que existem, avaliamos que é possível sim avançar em pontos comuns para expressar nas eleições uma chapa sem patrões e atuar em comum nas lutas.

Mantendo nossa independência e sem esconder nossas posições, a CST se dispõe a marchar rumo a um bloco ou frente de esquerda para as lutas e eleições de 2022. Uma reunião daqueles que não estão na frente ampla teria de ocorrer ainda esse mês para que seja possível debater uma frente eleitoral e inscrevê-la oficialmente. Assim poderíamos aproveitar a campanha eleitoral para fortalecer as propostas de nossa classe e de forma unificada apoiar e desenvolver as lutas e greves. Esperamos que seja possível concretizar essa proposta e estamos à disposição para colaborar com as forças que tenham essa mesma visão.

14/06/2022

Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras – tendência radical do PSOL e integrante do Polo Socialista e Revolucionário.

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