Enfrentar, julgar e punir a extrema direita golpista

Diego Vitello e Adriano Dias, Coordenação da CST

 

Na reta final do segundo turno e nas semanas seguintes às eleições, a enorme lista de crimes cometidos pela extrema direita bolsonarista foi complementada. Além de empresários bolsonaristas, que já têm uma enorme lista de crimes (assédio eleitoral, fraudes fiscais, etc), chama atenção a participação ativa e conivência da Polícia Rodoviária Federal e das Polícias Militares, mostrando que dentro das instituições da segurança pública temos uma série de criminosos fardados, apoiadores de Bolsonaro.

Para além de condenar essa extrema direita com seus tentáculos nas polícias e Forças Armadas, precisamos enfrentá-los nas ruas, exigindo a investigação e punição dos criminosos bolsonaristas envolvidos nas ações eleitorais e pós-eleitorais.

 

PRF comete ação criminosa no dia das eleições

 

Meses após os criminosos da Polícia Rodoviária Federal assassinarem Genivaldo de Jesus, um homem negro asfixiado com gás lacrimogênio até a morte, essa instituição comandou uma operação no nordeste do país para atrasar ao máximo, buscando impedir a votação de eleitores de Lula. As imagens e áudios comprovam que em zonas onde Lula foi muito mais votado no primeiro turno foi justamente onde a PRF fez a sua ação. O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal foi indicado ao cargo por Flávio Bolsonaro e obviamente a ação criminosa e antidemocrática ocorrida no dia da eleição no nordeste tem por trás a mão da cúpula bolsonarista.

 

Os bloqueios golpistas

 

Apenas dois dias após o segundo turno, quase mil pontos de rodovias em mais de vinte estados do país estavam bloqueados por bolsonaristas. Um setor de caminhoneiros, financiados por empresários bolsonaristas, encabeçaram as ações por todo o país. Sua reivindicação fundamental era o não reconhecimento do resultado eleitoral e que Bolsonaro e as Forças Armadas encabeçassem um golpe no país. Além disso, contaram com a conivência e apoio de parte da PRF e da PM. Chamou atenção uma fila de policiais militares em SC batendo continência para os manifestantes. A mesma PM que atira em crianças nas favelas, que espanca professoras que pedem melhoras na educação pública, se mostrou favorável aos bloqueios de estrada que buscaram criar um caos no país para impor o fim das poucas liberdades democráticas que restam aos trabalhadores brasileiros.

Não temos dúvidas de que os bloqueios mostraram o quão perigosa é a extrema direita bolsonarista e que de forma alguma podemos subestimar seu potencial de mobilização. Apesar da derrota eleitoral, o neofascismo brasileiro segue tendo uma capilaridade em setores de massas, além de apoio multimilionário de uma parcela do empresariado.

 

Atos golpistas nas principais cidades do país marcam a primeira semana de novembro

 

Já no dia 02 de novembro, dezenas de milhares de bolsonaristas saíram às ruas exigindo um golpe militar e que o resultado eleitoral não fosse reconhecido. Depois disso, no domingo, dia 06, mais uma leva de atos bolsonaristas que iam no mesmo sentido. Os atos em geral se concentraram em frente a batalhões do exército, pedindo intervenção militar e a prisão de Lula e Alexandre de Moraes. Sua expectativa estava colocada em uma suposta “auditoria” que as Forças Armadas fariam nas urnas eletrônicas. Pois bem, mesmo após a “investigação” dos militares, nada conseguiram provar, obviamente. Suas teorias mentirosas e mirabolantes vão seguir, pois isso é o que alimenta a massa que se move pelo bolsonarismo, porém, provas concretas apresentadas eles não têm nenhuma.

 

É preciso expropriar as empresas golpistas

 

Após os bloqueios de rodovia estão investigando diversos empresários que estiveram por trás dessas ações golpistas. Entre eles, mais uma vez, Luciano Hang, o “véio da Havan”. É evidente que eles utilizam do dinheiro gerado pelas suas empresas para promover atos antidemocráticos e criminosos por todo o país. Não há outra saída a não ser a sua expropriação, sob controle da classe trabalhadora. Deixar essas empresas nas mãos desses canalhas é, obviamente, a certeza de que, com seus milhões de reais nas mãos, continuarão promovendo crimes por todo o país.

 

Conciliação com apoiadores de Bolsonaro ajuda a extrema direita

 

As movimentações na transição da frente ampla escancaram a política de pacto e conciliação de classes que envolve até partidos ou parlamentares que sustentam o governo Bolsonaro. Partidos que votaram a favor das contrarreformas da previdência e pela privatização da Eletrobras e dos Correios. Isso é preocupante, porque essa conciliação ocasionará ataques à classe trabalhadora e reabilitará setores que hoje são parte do governo Bolsonaro, que ao invés de serem denunciados e responsabilizados pela situação de caos que vive o país, são recebidos como aliados em uma falsa lógica de que isso garantirá a estabilidade política.

Com a conciliação não será aplicado nenhum programa de mudanças de fundo e isso vai causar decepção, abrindo espaço para a extrema direita que de forma oportunista se localizará na oposição, aproveitando a crise que pode abrir diante da capitulação da frente ampla à burguesia.

A burguesia deu sustentação para o governo Bolsonaro secundarizando muito das suas medidas, principalmente as de ajuste fiscal. Conciliar com eles é deixar a extrema direita seguir no seu projeto sem ser incomodada. Nomes do PSD, como Gilberto Kassab, que apoiou o candidato de Bolsonaro em SP, Tarcísio de Freitas, e está cotado para ser Ministro de Lula, é um pequeno exemplo da disposição da frente ampla de conciliar com a direita que de alguma forma apoiou políticas bolsonaristas.

O correto, ao invés de conciliar, é defender a punição a Bolsonaro e os seus ministros e parlamentares bolsonaristas, como a deputada Carla Zambelli, que ameaçou matar um militante negro em plenas ruas de São Paulo, pelos inúmeros crimes cometidos nesses últimos 4 anos. Não podemos dar nenhuma trégua à extrema direita, pois manter a impunidade sobre esses setores fortalecerá o bolsonarismo e toda a sua política de autoritarismo, fome e morte.

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