Peru: tudo está podre, que se vão todos!

Por Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores – Uníos, seção peruana da UIT-CI

Novo governo continuista. Nenhuma confiança em Dina Boluarte e no Congresso!

Que governem os/as trabalhadores/as e o povo!

No mesmo dia em que o Congresso da República debateria a terceira moção de impeachment contra
Pedro Castillo, este surpreendentemente decidiu fechá-lo. Ao meio-dia de quarta-feira, 7 de
dezembro, anunciou que, após o fechamento do Congresso, instalaria um governo de emergência, por
decretos, com estado de sítio e uma reforma judicial duvidosa, para o qual ordenou a mobilização das
forças armadas e do PN. Tudo isso no quadro do Estado Social de Mercado e da defesa da propriedade privada dos grandes meios de produção e do modelo vigente. Mas Castillo ficou sozinho e isolado.

Essas medidas antidemocráticas não encontraram base social entre os trabalhadores. Em menos de
três horas vários ministros renunciaram, junto com a vice-presidente Dina Boluarte. Até que,
finalmente, as forças armadas ignoraram o governo e as medidas anunciadas, alegando que o
fechamento do Congresso foi proclamado sem que este tenha negado a confiança ao governo em ao
menos duas ocasiões, conforme estabelece a constituição reacionária vigente desde a ditadura de
Fujimori. Dessa forma, o governo facilitou e acelerou sua estridente queda – enredado entre
descontentamento social e graves casos de corrupção – um ano e quatro meses depois de ter sido eleito democraticamente. O Congresso teve argumentos para aprovar sua destituição via impeachment com 101 de 130 votos a favor, substituindo-o por Dina Boluarte, que assumiu a presidência do Peru em nome do repudiado Congresso para preencher o vácuo de poder e evitar uma potencial explosão
social, como aconteceu com Merino.

A direita comemora. Boluarte assume para governar contra o povo. Rechaçamos as medidas antidemocráticas anunciadas por Castillo, mas também rechaçamos o Congresso de maioria neoliberal que agora, com o apoio da imprensa mentirosa de Lima e dos grandes grupos econômicos, apresenta-se falsamente como “defensor da democracia”, quando na realidade é ultra-antidemocrático e responsável direto pela crise.

A direita comemora a queda de Castillo como um grande triunfo – objetivo que buscavam desde sua
posse, após a derrota eleitoral do fujimorismo e de seu projeto neoliberal. Entretanto, o país continua
mergulhado em uma profunda crise social, com o maior índice de informalidade do trabalho e baixos
salários; com a precariedade económica, que se alastra, e uma enorme crise política, impostas por um
modelo de crescimento económico que só serve aos mais ricos, enquanto estes continuam a explorar
a força de trabalho e a encher os bolsos às custas da saúde e da educação do povo.

O novo governo de Boluarte não tem nada de novo e não merece a confiança do povo trabalhador
porque, desde o início, se propõe a formar uma gestão de “unidade nacional” com todos os partidos
corruptos, toda a ultradireita conservadora e reacionária e os grandes empresários, que pisoteiam os/as trabalhadores/as do campo e da cidade, saqueiam nossos recursos e destroem o meio ambiente.

Boluarte e seus aliados governarão a serviço dos grandes capitalistas e contra o povo trabalhador,
demonstrando mais uma vez que os governos de conciliação de classes não passam de um beco sem
saída para os/as trabalhadores/as e que as promessas eleitorais de Castillo foram dissolvidas nos
acordos de governança com a direita, o FMI e a OEA, se tornando simples mentiras e traições ao
povo trabalhador, que segue buscando uma mudança de rumo.

Vamos lutar por salário, trabalho, saúde e educação! Que se vão todos e que governem os/as
trabalhadores/as!

Nós, do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores – Uníos, somos claros em apontar que o
fechamento do congresso ou o impeachment presidencial são medidas insuficientes para sair da crise
social e política do país. Conclamamos o povo trabalhador do campo e da cidade, as organizações
sociais, políticas, sindicais, estudantis e populares, a resgatar a mobilização independente por uma
solução operária e popular para que os trabalhadores não paguem pela crise. Que o os capitalistas
paguem por isso! É preciso nos organizarmos para acabar com esse regime falido de representação,
que não representa ninguém; romper com o esgotado modelo econômico, que mantém congelados os
salários de fome e impõe altos índices de informalidade do trabalho. Lutemos por um aumento geral
de salários e pensões sem os ladrões da AFP!

Enfrentemos a precariedade e a informalidade lançando um plano de obras públicas de habitação
popular, para garantir trabalho genuíno a milhares de desempregados, subempregados e trabalhadores informais! Lutemos por um aumento imediato do orçamento para o trabalho, a saúde e a educação e pela contratação de todos os trabalhadores precários! Lutemos pela nacionalização do gás e dos recursos naturais, para acabar com o saque e colocar os recursos do país a serviço das necessidades do povo e não dos lucros dos empresários! Nessa perspectiva, denunciamos que nem o governo nem o congresso são uma alternativa e defendemos que todos devem ser derrubados pela mobilização popular.

Comitê Central
Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores – Uníos
Lima, 7 de dezembro de 2022

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