Diante da fraude escandalosa no SNTE: Exigimos que o governo de López Obrador rompa com o sindicalismo amarelo

O cenário político nacional está sendo dominado pela super antecipada sucessão presidencial. Todas as atenções estão voltadas para este processo ilegal. Enquanto isso, o país afunda em uma onda de violência incontrolável, que mostra o poder dos cartéis do crime organizado, que ampliam seus domínios em todo o território nacional e diversificam suas ações criminosas contra migrantes e comerciantes, bem como com o tráfico de mulheres. O feminicídio cresce sem parar, apesar dos compromissos governamentais, inclusive do governo de Claudia Sheinbaum na Cidade do México.

Entretanto, esses não são os únicos problemas que se agravam, sem encontrar uma resposta oficial. Basta apontar o problema da água, que ameaça se tornar uma catástrofe social, ou as enormes dificuldades que afligem as comunidades indígenas, devido à contaminação ou à destruição da natureza, em prol de um suposto desenvolvimento, como acontece com o chamado trem maia ou com as grandes minas.

Porém, nesta edição abordaremos outra grande questão: a justiça e a democracia sindical prometidas pela Reforma Trabalhista e, especialmente, a ausência de ambas entre os trabalhadores a serviço do Estado. Não podemos deixar de citar o caso mais emblemático disso: a greve de mais de 3 anos na Notimex [Agência de Notícias do Estado Mexicano], que teve como única resposta sua ocultação do noticiário da agência.

E, longe de acabar com o corporativismo e com os contratos favoráveis aos patrões, o atual governo mantém uma aliança estratégica com os principais sindicatos amarelos, como no caso do petróleo, deixando Romero Deschamps, um dos dirigentes sindicais mais corruptos da história do país, seguir impune e sustentando a sucessão de Ricardo Aldana, nada menos do que aquele que orquestrou o desvio de recursos milionários para o PRI, quando era tesoureiro do sindicato.

O processo eleitoral no maior sindicato da América Latina confirma isso. O governo permitiu que a direção do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Educação (SNTE) realizasse eleições em várias Seções de forma antidemocrática. Foi imposto um Regulamento absurdo, que não permite a participação da base, pois exige que a pessoa tenha sido representante sindical para isso, algo que contraria a Lei Federal do Trabalho. Além disso, divulgaram convocatórias com apenas três dias de prazo para o registro de candidatos e com normas rasuradas, etc. As piores práticas do velho sindicalismo amarelo.

Tudo isso com o aval do governo, que lhes permite atropelar os direitos dos/as trabalhadores/as da educação, como analisaremos nesta edição de El Socialista. E, por isso, expressamos nossa mais ampla solidariedade aos/às companheiros/as da Seção IX da Coordenação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que estão travando uma luta muito importante contra esta fraude escandalosa. Exigimos que o governo de López Obrador deixe de apoiar o peleguismo, que em troca de tal apoio fará a campanha de seus apadrinhados, como nos velhos tempos do PRI, hoje vergonhosamente reciclados pelo Morena e seu caudilho.

A CNTE terá que analisar esta nova ofensiva do peleguismo, munindo-se de uma política adequada para enfrentá-la, com o apoio do sindicalismo democrático e independente. Também deverá aprofundar e alargar a luta para erradicar o peleguismo do SNTE, recuperando o grande sindicato e colocando-o a serviço da classe trabalhadora. E, como a CNTE estabeleceu há muitos anos, a luta deve seguir sendo pelo socialismo, rompendo drasticamente com o governo de “centro-esquerda”, que os traiu descaradamente.

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