Siria: solidariedade aos protestos populares contra Al Assad

UIT-CI, 25/09/2023

Declaração unitária UIT-CI/CCRI

Em 16/09 completou-se um mês dos atuais protestos na Síria, iniciados na cidade de Al Sueida, no sul do país, como reaçao popular à piora das condições de vida resultante do corte de subsídios para os combustíveis, principalmente a gasolina.

O estopim foi uma desvalorização de 50% da moeda nacional, que levou a cotação do dólar no paralelo a 15000 libras sírias por 1, ao mesmo tempo em que o corte dos subsídios fez o litro da gasolina pular de 3000 para 8000 libras. Junto com os constantes cortes de eletricidade, esses foram os fatores detonantes dos protestos que assumem um caráter político e passam a contestar abertamente a ditadura.

O foco inicial dos protestos contra o custo de vida é Al Sueida, de onde se estenderam para outras cidades e aldeias, com manifestações quase diárias. Segundo informe de um grupo de especialistas reunidos no Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), organização estadunidense, os protestos se estenderam a oito províncias em todo o país. Um órgão de mídia local, Sueida 24, informou que alcançaram as cidades de Daraa, no sul, e Jableh, próxima de Latakia, além de Idlib, no noroeste, capital da província homônima onde se situa o maior bastião da oposição ao ditador.

Entretanto, não durou muito para que esses protestos começassem a ter, para além dos objetivos econômicos, uma dimensão política e passassem a pedir o fim do regime de Assad. As pessoas voltam a gritar as palavras de ordem que se tornaram conhecidas desde o começo da Revolução Síria, em 2011, ao mesmo tempo em que levantam as bandeiras de “Síria Livre”. Em 14 de setembro se ouviam, numa praça da zona central de Al Sueida, lemas como “A Síria quer liberdade” ou “Fora Bashir, inimigo da humanidade”. O governo ditatorial de Bashir Al Assad responde com a repressão mas até agora não consegue impedir que os protestos continuem.

Em março de 2011, o povo sírio desatou uma mobilizou revolucionária com a palavra de ordem Abaixo Assad, na onda de mobilizações aberta dois meses antes em Tunis, a qual se estendeu pelo mundo árabe e levou à queda de vários ditadores. Apoiado por Putin (além da Turquia, Irão e EUA) e com ajuda de tropas russas, Bashir lançou uma repressão genocida com tanques e bombardeios, arrasando e destruindo cidades inteiras. Após anos de guerra civil e heroica resistência popular, o ditador conseguiu continuar no poder. Nesse período, 6,7 milhões de sírios se deslocaram para outras regiões no interior do país e outros 5,6 milhões se refugiaram nos países vizinhos e na Europa. 90 por cento da população síria está vivendo, hoje, abaixo do índice de pobreza.

Quando, meses atrás, ocorreu o terremoto que devastou, além da vizinha Turquia, a região rebelde de Idlib, o genocida Assad criou todo tipo de obstáculo à entrada da ajuda Internacional. Agora, amplos setores do povo sírio voltam a protestar, retomando as bandeiras da revolução iniciada em 2011.

Os militantes da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores-Quarta Internacional UIT-QI, e da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI), apoiamos incondicionalmente os protestos massivos do heroico povo sírio e suas reivindicações. Apoiamos esses protestos, na perspectiva de que o povo sírio possa retomar o caminho aberto com a revolução popular de 2011 para terminar com a ditadura, conquistar sua autodeterminação e lograr seu próprio governo. Como socialistas revolucionários, sabemos que a solução definitiva para a classe trabalhadora e os povos da Síria virá de um governo de trabalhadoras e trabalhadores, uma Síria socialista, que respeite os direitos nacionais e religiosos de todos os povos.

Mobilizados na UIT-QI e na CCRI, defendemos total solidariedade à luta do povo sírio contra o ajuste econômico e pelas liberdades: liberdade para os presos, justiça social e direitos dos oprimidos; pelo fim da ditadura de Al Assad, a retirada das potências imperialistas invasoras – Rússia, EUA – e das potências regionais como Turquia, Irão e Israel.

Convocamos as trabalhadoras e trabalhadores a unir forças com os partidos populares e organizações de esquerda numa campanha internacional de solidariedade com a luta do povo sírio. FORA BASHIR AL ASSAD! FIM DAS INTERVENCÕES IMPERIALISTAS E DA PRESENÇA DAS POTÊNCIAS REGIONAIS TURQUIA, IRÃO E ISRAEL!

Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores (UIT-QI)

Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI)

17 de setembro de 2023

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