Aumenta o número de instituições federais de ensino em greve

Entidades apoiam greve nas instituições federais de ensino | ANDES-SN, http://www.andes.org.br:8080/andes/portal.andes

No segundo dia da greve iniciada pelos docentes das instituições federais de ensino, mais seis locais aderiram à mobilização convocada pelo Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES-SN). “Em poucos momentos da nossa história começamos uma greve com tanta força como estamos agora”, avalia o 2º vice-presidente da Regional Rio Grande do Sul, Carlos Alberto da Fonseca Pires, que está em Brasília participando do Comando Nacional de Greve (CNG).

A partir desta sexta-feira (18) também paralisaram suas atividades os docentes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal do Acre e das seções sindicais de Juazeiro, da Universidade Federal do Vale do São Francisco; e de Catalão, da Universidade Federal do Goiás.

Deliberaram entrar em greve na próxima segunda-feira (21), por exemplo, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal de Juiz de Fora. Os docentes da Universidade Federal Fluminense vão paralisar a partir da terça-feira (22). “Quem estava em dúvida se era oportuno entrar na greve, agora, devido à força inicial, tem decidido pela paralisação”, analisa Pires.

Durante o dia de ontem (17), o CNG aprovou uma nota em que fazem um balanço do primeiro dia e apontam as razões da paralisação. Para o CNG, a força dos primeiros dias de paralisação “demonstra de forma contundente e inequívoca a indignação que tomou conta da categoria depois tantas tentativas de negociação com o governo sem resultados concretos.. A precarização das condições de trabalho nas instituições federais de ensino vem se agravando dia a dia com falta de professores, de salas de aula, de laboratórios e até mesmo materiais básicos para funcionamento”.

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Entidades apoiam greve nas instituições federais de ensino

Os docentes das instituições federais de ensino não estão sozinhos na luta por uma educação pública de qualidade. No primeiro dia da greve foram enviadas ao ANDES-SN três notas de solidariedade à mobilização. Nesta quinta-feira, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Campina Grande aprovou uma moção de apoio à greve (leia aqui) pela “justeza da pauta de reivindicação dos docentes”. Também mandaram mensagens o coletivo de estudantes “Vamos à luta”, que faz uma oposição de esquerda dentro da União Nacional dos Estudantes (UNE), e um grupo de diretórios acadêmicos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe).

A moção de apoio do Conselho Universitário da UFCG, aprovada nesta quinta-feira (17), ressalta a luta dos docentes em defesa de “melhores condições de trabalho, da valorização da carreira docente e do caráter público, gratuito e de qualidade das universidades públicas”. O colegiado também reconhece que a greve é um direito de todo servidor público, independentemente de sua condição contratual, repudiando, assim, qualquer forma de retaliação contra os docentes participantes da mobilização.

Estudantes
A nota do coletivo “Vamos à luta” (leia aqui) denuncia a situação em que se encontram as universidades públicas. “Salas de aulas lotadas, déficit de professores, efetivos contratados como temporários, aumento médio de até 40% do número de horas em salas de aula, escassez de bolsas de pesquisa e extensão, corte de R$ 5 bilhões na educação nos últimos dois anos. Essa é a realidade que estudantes e professores têm enfrentado no seu dia-a-dia, fruto das diversas políticas de precarização do ensino que o governo federal tem aplicado nas universidades”, afirmam os estudantes.

A nota também traz críticas à expansão sem qualidade gerada pelo Reuni, que “além de não garantir uma educação de qualidade, precarizou o trabalho docente”. O texto também critica a forma como o governo Dilma tem enfrentado a crise internacional ao cortar R$ 55 bilhões do orçamento em 2012, sendo R$ 1,9 bilhão em educação.

Por fim, os estudantes do coletivo convocam a comunidade estudantil a se juntar à luta dos professores. “Em cada universidade, devemos unificar a pauta de reivindicações do movimento estudantil à pauta dos professores e fortalecer a greve em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”, defende a nota.

Já os estudantes da Ufrpe reclamam da expansão desordenada promovida pelo Reuni. “A interiorização das universidades é importante, pois amplia o acesso ao ensino público superior. Porém esse processo está sendo desordenado, a exemplo das Unidades Acadêmicas de Garanhuns e Serra Talhada. Falta restaurantes universitários, biblioteca, casa do estudante, laboratórios e, o pior:professores e professoras”, denuncia a nota (leia aqui).