Greve geral contra o Plano Motosserra de Milei e do FMI

CGT-CTA: é necessário dar continuidade à mobilização com uma greve de 36 horas

Escreve Adolfo Santos

A greve de 9 de maio foi uma resposta contundente das trabalhadoras e dos trabalhadores ao brutal plano de ajuste aplicado pelo governo de extrema-direita de Milei e pelo FMI. Foi uma verdadeira greve geral, que demonstrou a enorme vontade de luta da classe trabalhadora contra o Plano Motosserra, a liquidação de salários e aposentadorias e o ataque sistemático aos direitos e ao nível de vida das massas populares.

“Parecia que era domingo”, relatou um meio de comunicação. Não por acaso, regiões das cidades que em dias normais atraem multidões, como as estações Constitución, Retiro, Once ou Liniers, ficaram desertas. Nem mesmo a atitude fura-greve de um setor da direção da UTA, alinhado com os patrões da empresa de transportes DOTA, conseguiu esvaziar a greve. As linhas da empresa circularam praticamente vazias pela AMBA, porque a decisão das trabalhadoras e dos trabalhadores, apesar da oferta de transporte, foi aderir à greve.

O funcionamento de pequenos comércios, farmácias e alguns serviços não conseguiu ocultar a força da greve. Os próprios comerciantes declararam que não entrava nenhum cliente. Fábricas, escritórios, escolas e universidades; administração pública, transportes rodoviários, ferroviários, aéreos e fluviais; portuários, trabalhadores dos grandes monopólios agro-exportadores, bancários etc. não hesitaram em paralisar as suas atividades, massificando o protesto contra as políticas do governo a serviço dos grandes empresários e do FMI.

Em muitos lugares, a paralisação das atividades foi acompanhada de atos e mobilizações massivas. De Neuquén chegaram relatos de mais de dez mil manifestantes, ocupando cerca de quinze quarteirões. Em Córdoba, província em que Milei venceu por ampla margem, a greve foi muito forte e coroada com uma importante mobilização. Na Terra do Fogo, em que a greve foi total (incluindo a fábrica Mirgor da família Caputo e os trabalhadores portuários), houve uma marcha de seis quarteirões em Ushuaia. Por sua vez, o sindicalismo combativo realizou atos e conferências de imprensa na Plaza Congreso e no centro de Rosário.

A greve teve um impacto histórico devido à sua massividade e extensão, mesmo com a natural desconfiança da população em relação à burocracia sindical. Foi um reflexo da agitação social gerada pelas medidas econômicas governamentais. As ameaças não surtiram efeito. O governo montou uma campanha de desmobilização, com alto-falantes nas estações ferroviárias pedindo para a população denunciar supostas intimidações de sindicalistas. O porta-voz presidencial falou em descontar o dia de trabalho de quem aderisse à greve e Patricia Bullrich ameaçou investigar os “atentados contra ônibus”, ao mesmo tempo em que fazia um papelão ao entrar em um ônibus vazio, mas sem crédito da SUBE para viajar. O impacto do protesto atingiu diretamente o governo, porque milhões de pessoas que pararam foram eleitores de Milei. A ideia de que o ajuste é feito com aprovação popular começou a ruir.

Devemos continuar a lutar contra o plano de Milei e do FMI

A contundência da greve demonstrou a vontade de luta da classe trabalhadora. Foi mais um round da luta contra o governo, do qual saímos mais fortes. É possível derrotar o Plano Motosserra, a Lei Bases e anular o DNU. Não concordamos com a CGT que, depois de dizer “foi uma greve geral vitoriosa”, descreveu o movimento como “um alerta para o governo, que deve tomar nota” e afirmou que “está aberta ao diálogo”. O governo já demonstrou que não tem interesse em dialogar com a classe trabalhadora. O seu único objetivo é governar a serviço dos grandes empresários e do FMI.

O caminho é a mobilização e a luta. Por isso, a classe trabalhadora teve que realizar, em menos de cinco meses de governo, duas greves gerais e várias greves setoriais e a educação realizou uma marcha histórica no dia 23 de abril em defesa do setor. Nos próximos dias, a Lei Bases será votada no Senado. A CGT deve convocar a mobilização para demonstrar total oposição a este projeto desastroso. E devemos ir além, como apontaram as ferroviárias e os ferroviários de Sarmiento numa grande assembleia, em que aprovaram a exigência de uma nova greve geral de 36 horas com mobilização.

Não foi por acaso que, nos dias seguintes ao 9 de maio, se discutiu tanto a proposta que o dirigente combativo Rubén “Pollo” Sobrero fez à CGT, durante a conferência de imprensa em frente ao Congresso, de realização de uma greve de 36 horas. Essa proposta também foi aprovada pelo sindicato Ademys (professores da CABA) e pela Multissetorial de Neuquén, entre outros. Por isso, exigimos uma greve geral de 36 horas com mobilização! Que a CGT e a CTA convoquem uma marcha ao Senado quando a Lei Bases for discutida. Abaixo a Lei Bases e o DNU! Não às demissões e ao aumento de tarifas. Aumento imediato de salários e aposentadorias. Existe dinheiro, basta parar de pagar já a dívida externa. Abaixo o Plano Motosserra de Milei e do FMI.

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