Universidades em Luta

Combate reúne mais de 13 universidades em greve

A plenária nacional da corrente sindical Combate reuniu dezenas de grevistas das universidades do Norte ao Sul do país. Ao todo, mais de 13 universidades ajudaram a dar uma compreensão nacional da greve e dos desafios pela frente.

Colocamos em pauta como ter uma política comum para disputar os rumos do movimento em cada assembleia. Chamou a atenção novos e antigos ativistas que se aproximam do Combate, a partir de nossas posições nessa greve. Além disso, a plenária serviu para armar toda nossa militância para a marcha a Brasília, na semana de 16 a 19 de abril, e fez uma análise do Grupo de Trabalho sobre a carreira, cuja análise mais completa está no site da CST.

Entre os encaminhamentos da plenária reafirmamos a necessidade de levar a greve para além da categoria. Iniciativas como essa foram feitas com militantes da Combate, fazendo reuniões na porta das gerências onde trabalham os Garis do Rio de Janeiro, ou camaradas da UFMG que passaram em sala junto com a juventude Vamos à Luta, pedindo apoio e solidariedade para a greve.

Em Niterói, uma plenária local da Combate na Universidade Federal Fluminense reuniu mais de 20 grevistas e tirou encaminhamentos que ajudaram a armar a disputa na assembleia que rejeitou a proposta rebaixada do governo.

Nacionalmente a linha da Combate é:

  • Todo apoio à greve na educação federal – cercar de solidariedade e apoio militante nas atividades da greve de militantes de outras categorias;
  • Unificar num comando nacional e local as greves da FASUBRA, SINASEFE e ANDES e tirar calendários, assembleias e atividades em comum, para fazer uma verdadeira greve unificada;
  • Pela derrubada do Arcabouço Fiscal e da política de austeridade que limita os gastos e investimentos públicos;
  • Chega de privilégios aos ricos. Taxação das grandes fortunas e heranças milionárias;
  • Pelo não pagamento da dívida pública e destinar todo o orçamento para as áreas sociais.

Inicia a greve nacional docente

Marco Antonio Perruso, Professor da UFRRJ.

Em 15/04/2024 começou a greve nacional dos docentes das universidades federais – ela já começou grande, contando com UFRGS, UFPR, UFMG, UNB, UFC, UFMA, UFPA, entre outras (UFViçosa já até suspendeu o calendário letivo). Toda greve é um momento fundamental no aprofundamento da consciência de classe dos trabalhadores. Ela muda a vida de cada lutador, de cada militante. Eu mesmo, que já tinha experiência em movimento estudantil e em partidos políticos, passei a ser outro professor universitário – e outro intelectual – a partir da greve do ANDES-SN em 2012. Nossa pauta atual se concentra na recomposição salarial e orçamentária nas universidades federais, negadas em nome do arcabouço fiscal neoliberal de Lula-Haddad.

As condições de trabalho nas universidades públicas continuam ruins, pois os governos do PT expandiram de modo precarizante o sistema universitário nacional, por meio do REUNI. Tais condições se agravam com a terceirização, a insuficiência da assistência estudantil, o produtivismo academicista, o adoecimento profissional, a violência urbana e a crise climática. Daí a greve estar tendo amplo apoio em muitas universidades federais, mesmo nossa categoria profissional tendo votado em peso em Lula contra Bolsonaro.

Fica nítido para todos que o governo Lula atende primeiro a banqueiros, empresários e latifundiários, tendo chegado inclusive a ameaçar nossos direitos sindicais na mesa de negociações. A greve já no seu momento inicial está sendo combatida por bolsonaristas e lulistas, por diferentes motivos. Os primeiros são contra greves por princípio, os segundos entendem que greves contra seus governos não valem. Aqui no Rio de Janeiro, UFRJ, UFF, UFRRJ e UNIRIO ainda não entraram em greve, seja pelo temor paralisante ao bolsonarismo, seja pela adesão ao discurso lulista mais atrasado: mentem afirmando que o ANDES-SN não fez greves contra Temer (fizemos em 2015) e Bolsonaro (só impedida pela pandemia) e ao proclamarem que greves não obtêm conquistas (a de 2012 conquistou recomposição salarial quatro vezes maior do que a ofertada pelo governo Dilma e trouxe o cargo de professor titular de volta para nossa carreira, por exemplo). Pior, as Seções Sindicais da UFRJ e da UFRRJ, dirigidas pelo PT, se colocam a favor dos interesses de seu governo de conciliação de classes em detrimento dos próprios direitos da categoria profissional de que fazem parte.

É o velho peleguismo sindical, de longa história no movimento operário brasileiro. Mas em muitas universidades o sindicalismo governista está sendo atropelado pelas bases e pelas oposições sindicais. Estamos trabalhando para mudar este quadro em nossas universidades federais aqui no Rio (na UNIRIO a votação foi apertadíssima, na UFF já se desencadeia a greve estudantil, junto com a dos técnico-administrativos), pois nossa greve nacional promete: será forte e capaz de ajudar a rearticular a classe trabalhadora brasileira.

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