Manifesto das Pré-candidaturas Socialistas e Revolucionárias da CST

1) As eleições estão se aproximando. Nessas horas os grandes partidos capitalistas “lembram” dos trabalhadores e do povo. Daí prefeitos e vereadores aparecem nas feiras, comem pastel ou visitam bairros em busca de votos. Na propaganda eleitoral prometem uma cidade dos sonhos. Para eles não existe ônibus superlotado; aumento das tarifas, nem o aluguel caro. Para eles não existe salário arrochado que nunca chega até o final do mês, nem escala 6×1. Eles defendem cortes de verbas sociais e privatizações que nos prejudicam.

2) Nós repudiamos essa enganação eleitoral dos políticos de sempre. As pré-candidaturas socialistas e revolucionárias da CST combatem tudo isso que está aí. Apresentamos as trabalhadoras combativas Bárbara Sinedino no Rio de Janeiro, Lorena Fernandes em São Paulo e Andressa Rocha em Belo Horizonte. Também Jeane Carla, da juventude revolucionária Vamos à Luta, em Uberlândia. Queremos construir uma alternativa operária e popular que responda às necessidades básicas de salário, emprego, educação, saúde e transporte público estatal e gratuito. Para defender medidas como essas, não podemos ter nenhum conchavo com os patrões e seus representantes.

Precisamos de uma esquerda independente

3) A principal cidade do país, São Paulo, é o termômetro do atual processo eleitoral. Há uma polarização entre a frente ampla de Boulos e a extrema direita de Nunes. Em maior ou menor medida, esses blocos vão se expressar nas cidades. Nessa disputa é compreensível que muitos colegas digam que vão votar na frente ampla. Entendemos essa forma de pensar, mas discordamos.

4) Concordamos que é preciso derrotar a extrema direita e lutamos por isso. Construímos as marchas do “fora Bolsonaro” e estivemos nas ruas contra a intentona golpista de 8 de janeiro de 2023. A orientação de Lula de esperar o STF tomar providências contra a extrema direita não funciona. Essa linha institucional não barrou o bolsonarismo. Para esmagar a extrema direita, devemos fazer como a classe trabalhadora argentina, que enfrenta Milei com greve geral e atos como a marcha da educação.

5) Não concordamos em nos limitar a apoiar o governo Lula/Alckmin e seus candidatos nas cidades. O fundamental é ver como nós, da classe trabalhadora e dos setores populares, nos organizamos para exigir as nossas pautas de forma independente.

O governo Lula/Alckmin não é o nosso governo

6) O governo Lula/Alckmin implantou o Arcabouço Fiscal a serviço dos banqueiros. O Arcabouço Fiscal limita os investimentos nas áreas sociais. Essa política prejudica as negociações salariais com os trabalhadores do serviço público e das estatais e fundamenta um reajuste baixo no salário mínimo. Assim, a maior parte do orçamento federal vai para pagar juros e amortizações da dívida externa e interna e se tenta impor um “zero” aos SPFs em 2024. É contra essa medida que a educação federal está em greve nacional neste momento.

7) Além disso, o governo Lula realiza uma governabilidade conservadora, incluindo no governo federal figuras ultrarreacionárias, como os ministros Múcio (da Defesa) e Fávaro (do Agronegócio), e partidos como o PP de Arthur Lira. O presidente Lula esteve junto com o governador Tarcísio de Freitas anunciando parceria público-privada para a construção de um túnel entre Santos e Guarujá, obra que compõe o novo PAC. O próprio partido de Tarcísio, o Republicanos, ingressou no governo Lula/Alckmin. E até aqui o governo Lula não rompeu relações com os Estado nazi-sionista de Israel e segue comprando armas e tecnologias militares sionistas.

A frente ampla nas cidades não é uma alternativa de classe

8) A frente ampla de Boulos e suas candidaturas nas cidades não expressam um projeto da classe trabalhadora. A frente ampla é uma aliança com os patrões e estão em busca de mais apoio dos empresários. Um exemplo é que a vice de Boulos/PSOL é Marta Suplicy, que até meses atrás integrava o governo de Nunes da extrema direita. Outro é o governo Eduardo Paes, que até poucos meses atrás tinha em sua pasta membros da família Brazão, mandantes do assassinato de Marielle Franco. Na cidade de Belém, governada por Edmilson Rodrigues, do PSOL, a prefeitura se negou a atender os grevistas do município e ameaçou reprimir uma ocupação da greve com a PM estadual, do governo “progressista” de Barbalho.

Construir uma pré-campanha socialista e revolucionária

9) Acreditamos que temos de construir uma alternativa da classe trabalhadora e utilizar as eleições para divulgá-la. Acreditamos que a classe trabalhadora não pode votar nos patrões, seus partidos ou alianças. A CST é uma organização socialista e revolucionária independente, seção no Brasil da UIT-QI. Pelas leis antidemocráticas do país, ainda não possuímos a legalidade para concorrer com nossa própria legenda. Mesmo com essa restrição do atual regime, que bloqueia de todas as formas a participação das forças de esquerda, não vamos ficar parados. Vamos utilizar a legenda democrática dos camaradas do PSTU e lançar as pré-candidaturas da CST para as câmaras de vereadores no RJ (Barbará Sinedino), SP (Lorena Fernandes), BH (Andressa Rocha) e Uberlândia (Jeane Carla).  Para as prefeituras vamos apoiar as pré-candidaturas do PSTU.  Em São Paulo, nos somamos à pré-candidatura de Altino Prazeres, trabalhador metroviário, grevista, perseguido pelo governo Alckmin e demitido após a última greve unificada do metrô, CPTM e Sabesp em SP. No RJ, vamos com Cyro Garcia, em BH com Vanessa Portugal, dois lutadores da classe trabalhadora.

10) Vamos utilizar a campanha eleitoral para desmascarar a falsidade do atual regime político dos patrões que nos exploram com reformas trabalhistas e previdenciárias; denunciar o comitê de negócios dos empresários que é o Estado burguês e seus projetos absurdos de privatização; explicar que as eleições não mudam a nossa realidade, que só a luta muda a vida, apoiando as greves da FASUBRA/SINASEFE/ANDES e outras. Vamos denunciar o papel das centrais sindicais majoritárias (CUT, CTB, Força, UGT), federações e sindicatos que ficam atrelados aos governos e não organizam e nem unificam as lutas; lutar contra todo tipo de opressão, em defesa das pautas feministas, contra a violência machista, em apoio às reivindicações LGBTQIA+; pelo fim do genocídio contra o povo negro nas periferias e em defesa dos povos indígenas e suas terras ancestrais; vamos denunciar a destruição ambiental capitalista que nos prejudica, como situações de alagamentos no RS, seca de rio na Amazônia ou ondas de calor no centro-sul. Vamos afirmar que nossa classe é internacional, apoiando a luta argentina contra Milei e a heroica resistência do povo palestino.

Por um governo da classe trabalhadora e um Brasil Socialista

11) A opinião da CST é que os problemas que enfrentamos todos os dias são de responsabilidade dos patrões brasileiros e estrangeiros que nos exploram e oprimem. Então, as nossas necessidades cotidianas esbarram na propriedade privada e no lucro capitalista. Enquanto formos governados por eles, sempre seremos explorados e não vamos conseguir solucionar integralmente nossos problemas. As pré-candidaturas socialistas e revolucionárias da CST defendem um programa operário e popular com medidas urgentes contra o arrocho e a crise social: a) em defesa de reajuste dos salários, zerando qualquer perda; aumento imediato do salário mínimo e sua duplicação em 2024; redução das jornadas de trabalho sem redução de salário; o fim da jornada 6×1; garantia de estabilidade no emprego; concursos públicos; aumento do valor do Bolsa Família, das bolsas e auxílios estudantis; por frentes de trabalho estatais dos que estão em situação de rua; b) combater o Arcabouço Fiscal do governo Lula e pelo reajuste dos SPFs em 2024; revogar a Lei de Responsabilidade Fiscal e as privatizações; revogação das medidas do bolsonarismo (reforma da previdência, trabalhista, privatização da Eletrobras e NEM); taxação dos bilionários e multinacionais e o não pagamento da dívida para disponibilizar orçamento para reajuste salarial, pagamento do piso nacional da educação, bolsas universitárias, plano de obras públicas (hospitais, escolas, combate à dengue, etc.) para geração de emprego, para emergência climática, políticas contra violência de gênero, aborto legal, seguro e gratuito, apoio às pautas dos movimentos negros, indígenas, LGBTQIA+ e anticapacitistas; c) o fim das  chacinas policiais e o desmantelamento do aparelho repressivo; a estatização dos sistemas de transporte municipais, além da reestatização das empresas privatizadas em cada município.

12) Para aplicar essas medidas, necessitamos de um governo da classe trabalhadora, sem patrões, que enfrente os capitalistas; que rompa com as multinacionais e a exploração imperialista e construa um Brasil socialista.

Uma pré-campanha militante a autofinanciada

13) Não temos os bilhões de impulsionamento pago dos marqueteiros e nem aparecemos no horário eleitoral deles. Nós só contamos com o horário combativo das nossas redes e da nossa militância. Nossa pré-campanha é militante e autofinanciada. Sem rabo preso com empresas, governos ou empresários. É a luta do tostão da classe trabalhadora contra os bilhões dos magnatas. Com a sua ajuda, podemos fortalecer esse projeto e as nossas pré-candidaturas. Participe de nossas reuniões, financie nossa pré-campanha e divulgue nosso manifesto, panfletos e jornal! Seja militante dessa batalha socialista e revolucionária!

 

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