Por Miguel Lamas, dirigente da UIT-QI

Estima-se que 2 milhões de pessoas participaram de cerca de 2.000 manifestações nos Estados Unidos contra Donald Trump no sábado, 14 de junho.

Os organizadores chamaram o evento de No Kings (Sem Reis), em referência à atitude autoritária do presidente dos EUA, acusado de se considerar um monarca. Os protestos denunciaram a repressão, as medidas antipopulares, as políticas anti-imigrantes, os ataques à saúde e à educação públicas e as demissões de funcionários públicos.

A jornada de luta foi uma continuação dos fortes protestos que eclodiram na sexta-feira, dia 6, em Los Angeles, contra as incursões violentas realizadas pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE). Um dos principais motivos da enorme mobilização nacional de sábado foi a rejeição às deportações arbitrárias e ilegais de imigrantes, promovidas pelo ultra-direitista Trump. Os slogans centrais foram: “Abolir o ICE!” e “Fora ICE das comunidades!”

O protesto foi convocado pela articulação Indivisible, que surgiu aglutinando várias organizações após a eleição de Donald Trump em 2016, junto com o novo Movimento 50501. Esse último já havia promovido um protesto nacional em abril, com 1.200 manifestações em todo o país sob o lema “Hands Off” (Tirem as mãos), rejeitando a política de cortes e demissões de funcionários federais promovida por Trump e Elon Musk, enquanto esse último chefiava o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Essa grande mobilização foi um dos fatores que levou ambos a se distanciarem.

O recente protesto No Kings também condenou o desfile militar organizado pelo presidente dos EUA em 14 de junho, em comemoração ao aniversário do exército estadunidense e ao seu próprio aniversário. Foi uma glorificação grotesca de sua imagem pessoal, na qual foram gastos US$ 45 milhões, enquanto ele continua demitindo funcionários e cortando verbas para a previdência social e as escolas públicas, supostamente em nome de “ajuste” fiscal.

As medidas mais recentes de Trump incluem a eliminação do seguro de saúde para 10,9 milhões de pessoas e o fim do acesso a cupons de alimentação para quase 4 milhões de pessoas, além de outros cortes que afetam conquistas sociais fundamentais.

Após a fúria popular desencadeada em Los Angeles, a mobilização em apoio aos imigrantes se espalhou por todo o país, com manifestações de milhares de pessoas (incluindo cidadãos estadunidenses) em dezenas de cidades. Protestos ocorreram em frente a tribunais de imigração, escritórios do ICE e prefeituras em locais como Filadélfia, Boston, São Francisco, Nova York, Seattle, Chicago, Denver, Dallas, Austin, Atlanta, Washington, entre muitos outros. O apoio aos imigrantes foi acompanhado por protestos contra a militarização de Los Angeles, para onde 2.000 soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais foram enviados, demonstrando ainda mais o viés autoritário e repressivo do governo.

Essa jornada de mobilizações massiva representou um grande avanço na luta contra as políticas anti-operárias e antipopulares do governo.

Nós, da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), continuamos a defender o caminho da mobilização e da unidade entre os revolucionários para construir uma alternativa política socialista e revolucionária, com o objetivo de garantir que os trabalhadores e o povo pobre governem e de derrubar o sistema capitalista, que só gera fome, miséria e destruição nos Estados Unidos e em todo o mundo.

Expressamos nosso total apoio a essas massivas mobilizações populares nos Estados Unidos, rejeitando as tendências autoritárias e antidemocráticas do governo, e endossamos os slogans que ecoam de Los Angeles a Nova York: abolir o ICE! Não às deportações de imigrantes! Liberdade para os presos em Los Angeles e outras cidades! Não ao toque de recolher em Los Angeles! Fora Guarda Nacional, Marines e FBI das comunidades! Abaixo a repressão de Trump!