Fim das operações policiais no Rio de Janeiro.

Por Babá – Coordenação da CST, seção da UIT-QI e Rosi Messias – Coordenação da CST, seção da UIT-QI

As operações policiais em favelas do Rio de Janeiro têm sido uma prática recorrente dos últimos governos. Sob o pretexto da “guerra às drogas”, essas ações resultam em invasões de domicílio, prisões, tortura e mortes de moradores.

Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, de janeiro a novembro de 2025, 353 pessoas foram mortas por agentes policiais. O mesmo instituto aponta que, na última década, diversas operações letais ocorreram na cidade, como a chacina do Jacarezinho em 2021, que resultou em 27 mortos. Em 2022, as chacinas nos complexos do Alemão e da Penha deixaram um rastro de sangue, com 16 e 23 mortos, respectivamente. Mais recentemente, em março de 2023, houve a chacina no Salgueiro, com 13 mortes.

O fato de as operações mais letais da história do Rio de Janeiro terem ocorrido em regiões de favelas demonstra o caráter intrinsecamente racista dessas ações, configurando uma guerra aos pobres.

O histórico de militarização e falência da segurança pública no Rio

O Rio de Janeiro tem sido palco de inúmeras operações de impacto negativo nas favelas. Em 1994, a Operação Rio marcou uma inédita ação militar do governo federal, ocupando favelas cariocas. No ano seguinte, foi deflagrada a Operação Rio II. Apresentadas pelos então presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (FHC) como a solução para a segurança pública, essas intervenções, na prática, inauguraram um padrão de uso de força militar e não solucionaram a crise da segurança pública.

Em 2007, o então governador Sérgio Cabral instalou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), iniciando no Morro Dona Marta, em Botafogo, e rapidamente expandindo a estratégia. A face cruel das UPPs logo veio à tona através de inúmeras denúncias de maus-tratos a moradores, como o caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo, que foi torturado e morto por policiais dentro da UPP da Rocinha em 2013.

Em 2010, durante o governo Lula, uma megaoperação no Complexo do Alemão, envolvendo a Polícia Militar e as Forças Armadas, tentou instalar uma UPP na comunidade. Mais uma vez, os moradores viveram momentos de terror, com revistas constantes e a presença intimidadora de tanques e blindados estacionados em frente a escolas, postos de saúde e residências. Essa operação, marcada por um forte apelo midiático, foi mais um capítulo trágico do Rio de Janeiro.

A intervenção federal em 2018

Em 2018, o Rio de Janeiro foi submetido a uma intervenção militar federal durante dez meses. Longe de pacificar o estado, o período foi marcado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e por uma escalada da violência letal: o número de chacinas dobrou em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo relatórios de segurança pública, foram 12 chacinas, totalizando 52 vítimas, contra 6 chacinas em 2017.

Exigimos o fim da guerra aos pobres!

O resultado direto da militarização é a multiplicação de chacinas. A segurança pública efetiva exige uma mudança radical de abordagem: em primeiro lugar, defendemos o fim das operações nas favelas. Defendemos o investimento em inteligência e investigação para desmantelar as cúpulas do crime organizado. A recente prisão do deputado estadual do RJ TH Jóias, do MDB e da base do governador Cláudio Castro, é exemplo do envolvimento de políticos com o tráfico no Rio de Janeiro. Por isso, é necessário desarticular as grandes redes de tráfico e lavagem de dinheiro, a começar por investigar os políticos e empresários envolvidos com o tráfico.

Em segundo lugar, defendemos a implementação de políticas sociais, projetos esportivos, culturais e de lazer que ofereçam oportunidades reais para a juventude. Para isso, é preciso investimento pesado, acabar com o arcabouço fiscal e suspender o pagamento da dívida pública, utilizando esses recursos para investimentos nas áreas sociais.

Por fim, está colocado o debate da legalização das drogas. A Lei de Drogas de 2006, durante o governo Lula, só aumentou o encarceramento da população jovem e pobre. Nós defendemos a legalização das drogas como medida fundamental para minar o poder e a economia do tráfico, ao mesmo tempo em que a dependência deve ser tratada com saúde pública, e não como caso de polícia.

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