O governo Lula não atende as reivindicações da classe trabalhadora | Combate Socialista Nº 197

O mês de maio é quando se comemora o dia internacional de luta da classe trabalhadora. A data relembra os mártires de Chicago assassinados nos EUA em 1887 por reivindicarem a redução da jornada de trabalho. A luta pelo fim da escala 6×1 e contra o arrocho salarial tem suas raízes nessa antiga batalha. São pautas que se chocam com a política da extrema direita imperialista de Donald Trump e seu governo dos bilionários.
O governo Lula e as pautas da classe trabalhadora
A política econômica do governo Lula impede o atendimento das reivindicações da classe trabalhadora. O arcabouço fiscal impôs um teto de gastos para as áreas sociais. Por isso, os servidores federais e estatais tiveram congelamento salarial. E as categorias têm seu poder de compra corroído pela inflação do café, ovo, tomate e tarifas. O governo Lula não revogou a reforma da previdência e trabalhista e se nega a garantir a redução da jornada de trabalho. Existem ameaças de revisão dos pisos constitucionais da saúde e educação. Tudo para manter o pagamento da dívida externa e interna aos banqueiros. E seguir remunerando o agronegócio com o plano safra, o que fortalece a extrema direita.
Por que o governo Lula não atende nossas reivindicações?
Essa é uma pergunta que trabalhadores e jovens com quem conversamos estão se fazendo. Muitos, apesar de não romperem com a frente ampla, estão dispostos a se mobilizar. Recentemente, vimos o indicativo de greve em 30 universidades na FASUBRA. Em outros locais, há inúmeros colegas que não seguem as orientações da frente ampla nos sindicatos, como é o caso da educação municipal de SP. Ou lutas que aconteceram por fora das grandes centrais como o recente breque dos apps. Enquanto lutamos, apresentamos nossa visão. A frente ampla de Lula é uma aliança com nossos inimigos de classe. É um governo capitalista aliado a velhos partidos que sustentaram Bolsonaro ou golpistas como o Ministro Múcio. Lula governa com e para empresários, multinacionais e o agronegócio e com pacto de governabilidade com Tarcísio e governadores reacionários. Para não contrariar aliados patronais, o governo Lula não atende nossas reivindicações.
Confiar em nossas próprias forças e lutar
O fato é que estamos com salários arrochados, longas jornadas e inúmeros problemas. Por isso, devemos nos organizar e lutar para exigir do governo Lula/Alckmin as nossas pautas. É necessário unir as campanhas salariais, as lutas locais e greves. Exigimos da CUT, CTB, CNTE, UNE, MTST uma jornada nacional de lutas em maio.
Lições da greve de SP
As páginas centrais desta edição estão dedicadas à greve da educação e dos servidores municipais de SP. Uma luta fundamental contra a extrema direita. Em nossa visão as lições fundamentais são as seguintes: a) a disposição da luta da base pode garantir a luta mesmo quando as direções majoritárias não querem. b) que a luta unificada dá mais força, pois depois da deflagração da greve da educação entrou em greve o conjunto do serviço público municipal. c) que é preciso uma nova direção democrática e de luta, diferente das direções do SINPEEM e APROFEM. d) que temos de construir uma alternativa à frente ampla pois ela não é consequente na luta por nossas reivindicações e contra a extrema direita, tanto que a direção da APEOESP (comandada pelo PT) se negou a unificar as lutas contra Tarcísio e Nunes. e) o governo Lula não é nosso aliado pois o BNDES financia os projetos privatistas da extrema direita em SP.
Lutar e exigir do governo Lula/Alckmin
Nós exigimos do governo Lula/Alckmin o fim da escala 6×1, redução da jornada para 36h semanais; reajuste emergencial de todos os salários, benefícios e bolsas, zerando as perdas; a garantia de que todos os acordos coletivos devem assegurar o reajuste automático dos salários de acordo com a inflação real dos alimentos, tarifas, remédios. Exigimos o fim do arcabouço fiscal e do plano safra, contra qualquer mudança nos pisos constitucionais de saúde e educação. Por mais verbas para as áreas sociais. O não pagamento da dívida ao sistema financeiro e a taxação dos bilionários e multinacionais.
Construir uma esquerda independente
Ao lado da luta unificada, temos de construir uma esquerda independente da frente ampla de Lula/Alckmin e que seja consequente contra a extrema direita. Precisamos de uma verdadeira esquerda que lute por nossos direitos, pela redução do preço dos alimentos e sem anistia. Defendemos uma reunião das direções dos partidos que não integram o governo Lula: UP, PCBR, PSTU, MRT, SoB e CST. É necessário superar o sectarismo, autoproclamação e vetos. Nenhuma dessas organizações consegue, por si só, construir uma forte esquerda independente. Ajude a fortalecer nosso jornal (veja nosso piquete nacional na pág. 9) e colabore com nossa campanha financeira. Se organize com a CST, seja militante e ajude na batalha pela unidade da esquerda independente. A CST, seção da UIT-QI no Brasil, defende estrategicamente a unidade de revolucionários e revolucionárias e a batalha por um governo da classe trabalhadora e um Brasil socialista.