EDITORIAL | Conter o genocídio, o arrocho e a retirada de direitos | Combate Socialista nº 123

O Brasil se aproxima das 250 mil vítimas da Covid-19 e dos 10 milhões de casos registrados. Esses números subnotificados, abaixo da realidade, não escondem o atual genocídio no país. A crise sanitária piora, pois o estoque de vacinas já acabou em várias cidades, incluindo capitais como Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, Teresina/PI, Cuiabá/MT e Campo Grande/MS. Até aqui, cerca de 5 milhões foram vacinados. Uma taxa que corresponde a pouco mais de 2% da população total. Nem mesmo o cancelamento das festas oficiais de carnaval – algo inédito no país – conseguiu reverter a curva de contaminação. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), enquanto as contaminações e mortes diminuem no mundo, no Brasil elas crescem.

A pandemia social se agrava

Nesse contexto, a pandemia social se agrava. Cerca de 60 milhões de pessoas que recebiam auxílio emergencial não contam mais com essa renda. O desemprego, de acordo com dados do IBGE, aflige 14 milhões de trabalhadores. Um dos setores que mais sofrem são os jovens, cuja taxa de desocupação supera os 30% (ao lado dos mais velhos, mulheres e negros e negras). Uma situação que pode piorar com as recentes medidas de autonomia do Banco Central e o pacote de contrarreformas como a administrativa. Além do desmonte do Banco do Brasil, propostas de abertura de capital da Eletrobrás, privatização de unidades da Petrobrás e o plano demissões incentivadas nos Correios. O novo Decreto de flexibilização do uso e de compra de armas visa aprofundar mais a violência no país. Neste momento, o que precisamos é de vacinas e políticas sociais, não de mais venda de armas.

Um governo dos defensores da ditadura militar de 64

Recentemente o STF ordenou a prisão do deputado-policial Daniel Silveira do PSL (sigla pela qual o presidente se elegeu). Esse deputado, igual a Bolsonaro, é defensor da ditadura militar e do AI-5, o golpe que levou os militares a fechar o parlamento, a UNE e colocaram as greves na ilegalidade. Daniel Silveira participou dos atos golpistas pelo fechamento do STF e foi protagonista da quebra da placa de Marielle Franco. O filho de Bolsonaro está na defesa de Silveira e pretende garantir impunidade a esse defensor da ditadura. Esse fato provoca certos atritos entre o Congresso e o STF. Essas divergências devem ser aproveitadas para lutar contra os ataques que o governo pretende votar na Câmara. Devemos contra-atacar a extrema direita e suas ideias ditatoriais, numa ampla unidade de ação pela cassação do deputado.

Unidade na luta!

Resistir à política negacionista de Bolsonaro e do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é uma necessidade. Mais do que nunca devemos fortalecer movimentos unificados como as carreatas que ocorreram nos dias 20 e 21/02. Será fundamental ganhar para nosso lado trabalhadores, jovens e setores populares que ainda não estiveram nos atos anteriores. Cabe às direções da CUT, CTB, UNE e MTST dar continuidade a esse calendário no 8 de março. É preciso organizar manifestações de rua, seguindo todos os protocolos sanitários como fizemos nas passeatas antirracistas e antifascistas, nos protestos por Mari Ferrer, em repúdio ao Carrefour ou conforme fizemos nas campanhas eleitorais de rua de 2020. Nesse caminho, unificar e coordenar os processos de lutas setoriais que estão em curso em algumas categorias, como as paralisações dos bancários do Banco do Brasil, os petroleiros em greve na Bahia e os metalúrgicos da Ford.

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