Marcelo Freixo mudou de lado 

Barbara Sinedino e Claudia Gonzalez, Coordenação da CST

Nas eleições de 2022, consolida-se um giro importante na política do PSOL. Pela primeira vez desde sua fundação, o partido não apresenta candidatura própria para disputar a presidência, nem candidaturas próprias aos governos em muitos estados do país. Não apresenta seu programa e adere à frente ampla de PT/PSB, uma aliança com os grandes empresários, banqueiros e a velha direita.

No Rio de Janeiro, o PSOL aderiu à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) com César Maia (PSDB), figura da direita tradicional do país, ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro por dois mandatos. Para uma suposta viabilidade eleitoral, Marcelo Freixo se juntou aos setores da burguesia, como o ex-presidente da República FHC, o banqueiro Armínio Fraga, o ex-comandante Pinheiro Neto, que comandou o BOPE durante parte do governo de Cabral e a PM durante parte do governo Pezão. Essa aliança foi determinante para construção do programa de Marcelo Freixo, que renunciou às pautas que defendia.

Marcelo Freixo abandonou as pautas dos direitos humanos 

O questionamento ao papel da PM sempre foi pauta dos defensores dos direitos humanos. O governador Cláudio Castro aumentou o número de operações policiais nas favelas e periferias do estado do RJ e, consequentemente, os assassinatos de pessoas negras e pobres. No governo Cláudio Castro ocorreram as maiores chacinas da história nas periferias do RJ. Com a desculpa de guerra às drogas, assistimos o genocídio de negros e pobres. Enquanto isso, o tráfico de drogas segue sendo um negócio bastante lucrativo, principalmente para os latifundiários, grandes empresários e políticos que lucram com a venda ilegal de drogas no atacado.

Surpreendentemente, Marcelo Freixo, que era linha de frente no combate à repressão da polícia militar nas favelas e defendia a legalização das drogas, mudou de posição. Sobre as operações policiais, Freixo não fala em desmilitarizar nem em suspender as operações policiais, pelo contrário, Freixo pretende manter a realização de “operações policiais controladas e planejadas”. Em entrevista ao G1, Freixo afirmou que, em seu governo, o Caveirão e os blindados da PM entrarão nas favelas, e fala em um “BOPE mais eficiente”.

Pautas sobre educação para governar com a burguesia 

Marcelo Freixo, que se orgulha de dizer que foi professor e é filho de funcionário de escola, abandonou a defesa da pauta dos profissionais de educação em seu programa de governo (www.juntospelorj.com.br). Enquanto o SEPE-RJ defende reajuste e recomposição salarial, cumprimento dos pisos do magistério e dos funcionários, concursos para todas as funções e o fim das terceirizações, Marcelo Freixo sequer cita o longo período sem recomposição salarial dos profissionais de educação (desde 2014), nem o absurdo do piso salarial dos funcionários das escolas estar abaixo do salário-mínimo e tampouco o descumprimento do piso nacional do magistério na rede estadual. No mesmo documento, Marcelo Freixo não fala em reajuste, nem em recomposição salarial para os profissionais da educação. Não fala em concursos e pretende resolver o problema da defasagem da educação precarizando a função docente, terceirizando o ensino através de tutores sem formação ou experiência, abrindo espaço para convênios com instituições privadas.

Marcello Freixo mudou de lado. Jogou fora sua história de luta pelos direitos humanos para agradar a seus novos aliados burgueses. Enquanto os protestos de rua clamam pelo “Fim da Polícia Militar”, Freixo responde à política de ricos, poderosos e ex-comandantes da PM. Enquanto seu programa afirma a importância de valorizar a remuneração salarial dos policiais, cala-se sobre o salário dos professores e funcionários das escolas. Lamentável. Nós, da CST, continuaremos combatendo as políticas de extermínio e exploração aos trabalhadores e ao povo pobre.

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