Qual é o projeto de Ciro Gomes? 

Rana Aguarriberi, coordenação da CST

Nas eleições de 2018, Ciro aparecia em pesquisas de intenções de votos como o único candidato a derrotar Bolsonaro no 2a turno. Com esse argumento, ele criou uma onda considerável, levando ativistas a acreditar que ele seria uma alternativa. Mas qual é o seu projeto?

Biografia

Ciro Gomes entrou na política aos 20 anos, quando foi nomeado pelo pai como procurador de Sobral (CE). Com 25 anos, foi eleito deputado estadual pelo partido da ditadura, o PDS (novo nome da Arena, em 1982), passando por 7 partidos. Em 2022, ele seguiu pragmático na escolha do vice, cortejando Luciano Bivar, presidente do PSL e dono da legenda 17, pela qual Bolsonaro foi eleito.

O que é o PND?

O PND (Projeto Nacional de Desenvolvimento, organizado na forma de um livro) é o projeto político/econômico de Ciro. Tal projeto prevê investimentos em ciência e educação, redução da informalidade e acesso à comunicação. Um ponto essencial do documento é a industrialização, baseando-se em: petróleo, gás e bioenergia; saúde; agronegócio; e defesa.

Os polos indicados são importantes, mas a contradição entre trabalhadores e patrões parece não existir. A industrialização asiática prova que apenas a atração de indústrias não significa melhoria nas condições de vida e trabalho.

Segundo pesquisa do IPEA de 2019, o Brasil é o 2a país mais desigual do mundo. Segundo a ONU, 1% dos mais ricos detêm quase 1/3 da renda. O programa de Ciro não foca em mudar essa desigualdade, apenas atenuá-la, por meio da taxação das grandes fortunas, pauta que também defendemos, mas que sozinha não supera a disparidade entre ricos e pobres.

Ao não citar o pagamento da dívida pública, que consome anualmente metade do orçamento, Ciro garante a impunidade aos banqueiros, que saqueiam a população e nada produzem.

Mãos de ferro com os operários

Durante entrevista para o Roda Viva, em 2018, Ciro disse ter orgulho de ser um dos principais responsáveis pelo desmonte da Greve dos Petroleiros, em 1994. Ele disse na entrevista que os operários “apanharam pra cacete” e que, após o desmonte, comemorou com um chope junto com o burocrata sindical Vicentinho (CUT) e com o presidente da FUP (Federação Única dos Petroleiros).

A greve foi um enfrentamento fundamental da nossa classe contra a consolidação do neoliberalismo e sua derrota significou uma onda de privatizações e retirada de direitos. Ciro foi um agente direto desse processo!

A disputa com bolsonarismo: até onde vai?

Quando ainda tramitava a Reforma da Previdência em 2019, Ciro abençoou a reunião entre Mauro Benevides (seu principal assessor econômico) e a equipe de Paulo Guedes, chegando a propor-se como interlocutor de Bolsonaro para aprovar a Reforma. Ciro ainda reivindicou o modelo de capitalização da Previdência, inspirado no Chile, e que levou o país a taxas recordes de suicídio entre idosos.

O PDT votou a “MP da Liberdade Econômica”, que permite o trabalho aos sábados, domingos e feriados, sem o pagamento de hora extra. Além de tudo isso, o presidente da sigla, Carlos Lupi, defendeu o voto impresso, linha que fortalece o discurso de fraude nas eleições.

Por um Brasil Socialista 

Não restam dúvidas: Ciro é um agente burguês com um discurso pseudodesenvolvimentista, que atuou para aumentar a exploração sobre nossa classe. Seja política ou economicamente, não representa a superação da crise. É necessário um projeto econômico que garanta independência em relação ao imperialismo e aos patrões, para reestruturar a indústria e enfrentar os interesses dos ricos e poderosos!

Por um Brasil Socialista e dos trabalhadores!

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