Rio Grande do Sul: verbas para as vítimas do ciclone e não para os capitalistas

Lucas de Andrade – Trabalhador da educação e militante da CST no RS.

No Rio Grande do Sul, a passagem de mais um ciclone extratropical gerou a maior catástrofe climática já registrada na História do território gaúcho. Foram dezenas de mortos e desaparecidos e milhares de desabrigados. As pessoas mais afetadas são trabalhadoras, pobres e/ou desempregadas, mulheres, jovens, idosas e negras, que vivem em regiões mais vulneráveis. Obviamente, a tragédia gerou comoção e houve mobilização para ajudar as vítimas. A CSP-Conlutas ajudou a organizar a solidariedade de classe, levando mantimento aos que necessitavam, uma iniciativa fundamental.

O governador Eduardo Leite (PSDB) fez discursos em relação à tragédia e até cancelou os desfiles da “Semana Farroupilha”, em respeito às vítimas. No entanto, Leite, estando à frente do governo do RS, tem sido responsável por aplicar políticas de ajuste fiscal e privatizações, precarizando a máquina estatal para beneficiar os grandes capitalistas. O discurso do governo é de que “fez o possível”, mas professores da UFRGS denunciaram que as enchentes poderiam ter sido previstas com 1 dia de antecedência, tomando medidas para diminuir o impacto no povo e salvar vidas, o que demonstra o lamentável papel da falta de investimentos na prevenção de catástrofes por parte dos governos.

Recentemente, lançamos uma nota, disponível em nosso site, em que criticamos as isenções fiscais bilionárias que o governo do RS concedeu a empresas capitalistas, dentre elas vinícolas que foram denunciadas por trabalho escravo, como Aurora, Salton e Garibaldi.

Enquanto temos milhares de vítimas da tragédia climática recebendo auxílios em valores baixíssimos comparados com a magnitude do impacto causado em suas vidas, os grandes capitalistas, que apresentam lucros recordes, não apenas não recebem taxações extras para arrecadar valores às vítimas, mas ainda são beneficiadas com isenções fiscais. Ao mesmo tempo, como não se indignar em ver tantas pessoas desabrigadas sabendo que existem tantos imóveis parados para a especulação imobiliária nas grandes cidades? É uma conta que só fecha na lógica capitalista. Para nós, socialistas revolucionários, a vida tem de estar acima do lucro.

Devemos organizar a luta para exigir o fim das isenções fiscais e o aumento pesado da taxação das grandes empresas capitalistas, assim como o não pagamento da dívida pública aos banqueiros. Essas verbas precisam ser destinadas para o auxílio imediato às vítimas. Nós, da CST, defendemos que essas verbas sejam aplicadas em medidas como:

  1. Expropriação dos apartamentos e casas vazias que servem à especulação imobiliária e destinação desses imóveis aos desabrigados;
  2. Estabilidade no emprego para as vítimas da tragédia e pagamento de auxílios no valor do salário mínimo calculado pelo DIEESE (cerca de 6,5 mil reais atualmente);
  3. Investimentos em pesquisa e elaboração de políticas públicas para prevenir novos desastres climáticos e preservar o meio ambiente;
  4. Planos de obras públicas para construir moradias dignas em áreas seguras, além de estruturas que sirvam à prevenção de enchentes, gerando empregos para o povo trabalhador.

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