5 anos da tragédia ambiental em Brumadinho: A vale tem que pagar!

No dia 25 de janeiro, completaram-se 5 anos desde a tragédia que ceifou 272 vidas em nome do lucro de pessoas que sequer pisaram em Brumadinho (acionistas). A Vale mantinha suas barragens de forma irregular e com pouca ou nenhuma fiscalização. A fiscalizadora (ANM – Agência Nacional de Mineração) é conhecida como o segundo órgão federal mais corrupto do país e também é culpada pelo desastre. Após o rompimento da Mina 1 da barragem do Córrego do Feijão, 26 municípios foram afetados, 132 km de mata atlântica, a bacia do rio Paraopeba foi contaminada pelos rejeitos, rio este que abastecia a cidade e diversas pessoas que viviam de atividades rurais, além de contaminar peixes e tudo mais que dependia do rio. O rompimento da barragem em Brumadinho é uma das maiores tragédias ambientais e humanas da história do país e ainda tem 3 desaparecidos em meio ao mar de lama tóxica deixada para trás.

A maioria das mineradoras no Brasil, após retirar o minério, deixa os rejeitos que não interessam ao mercado acumulados em barragens irregulares, em locais de risco, mal construídas e com suas capacidades de armazenamento com o limite acima do recomendável.
No capitalismo se visa o lucro acima da vida e os rejeitos que poderiam ser drenados, se tornar tijolos e entre outras coisas, são jogados ou mal armazenados diretamente na natureza e para maximizar os lucros. Ao mesmo tempo que as pessoas correm risco de vida e as empresas arrocham os salários dos trabalhadores, a Vale é a quarta empresa do país que tem o pior remuneramento aos seus trabalhadores (Lucros/Salário, anuário estatístico Ilaese 2021).

Lucro e desperdício, milhares de litros de água tratadas são jogadas juntos aos rejeitos e as mesmas empresas recebem isenções e não são penalizadas em períodos de seca, em que temos que poupar para que sobre mais para seus negócios bilionários.

O poder público brasileiro é tão responsável quanto as empresas corruptas e gananciosas da mineração. O Estado cria todas as possibilidades para a implantação dos negócios da mineração. São isenções fiscais, leis de amparo e outros privilégios sem cobrar nada em troca e com uma fiscalização praticamente ausente. A empresa não tem responsabilidade social com o trabalhador e tampouco com o meio ambiente e todas as vidas próximas à mineração.

Os negócios de mineração na América Latina entre os anos 1990 e 1997 aumentaram em 400% nos últimos anos, ao mesmo momento em que abríamos mão da Vale (Estatal) por um preço de banana. É a velha história: o Estado usa dinheiro público para construir e, ao passo que os negócios estão plenos e lucrativos, são entregues para o privado. A Vale ilustra o desastre da privatização, que não se resume apenas em perdas de investimento para o povo brasileiro, mas em destruição e morte.

A Vale já deixou outro desastre com o rompimento da Barragem do Fundão em Mariana (MG – Mais de 118 mortos) e, sob pressão, já houve alertas na barragem em Barão de Cocais (MG). Mesmo com o rastro de sangue, segue a impunidade. Enquanto os acionistas receberam em lucros e dividendos R$ 154,7 bilhões desde então, as famílias afetadas receberam em indenizações R$ 3,5 bi. Em tese, o valor pago já é 60% da dívida (em 5 anos!) e ainda existem famílias na Justiça, além de pessoas que recebem meio salário mínimo! O brasileiro já não confia e sabe dos riscos das barragens.

Os negócios da mineração crescem, os lucros aumentam e sequer somos indenizados pelos crimes das empresas que continuam poluindo e lucrando com nossas vidas. Já chega de mortes e destruição, defendemos o trabalho de restauração do meio ambiente contaminado e reestatização das mineradoras que devem estar a serviço do povo brasileiro, que deve decidir inclusive o quanto se necessita produzir, porque não colocamos apenas as pessoas e a natureza em risco tentando abastecer o “mercado mundial”, estamos acabando com a terra da qual necessitamos para sobreviver, destruímos e vendemos minério para importar metais (quantidade menor que a matéria bruta produzida). Precisamos de uma produção que sustente nossas necessidades numa indústria nacional gerida por nossa classe para o uso consciente de nossos recursos.

Nossa solidariedade pelas mortes e pelas famílias afetadas. A Vale deve pagar, sendo expropriada e reestatizada sob controle de seus trabalhadores e das comunidades dos territórios envolvidos!

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