Defender o meio ambiente: derrotar os ataques dos governos capitalista-imperialista contra a natureza e os povos.

Por Ana Luiza Ugucione e Eziel Duarte, militantes da CST
5 de junho foi o dia mundial do meio ambiente. As mudanças climáticas tem estado na pauta do dia, amplamente debatidas e gerando grandes preocupações sobre nosso futuro; nesse sentido, o que é necessário para a preservação ambiental? Quais as saídas para o meio ambiente e nosso futuro?
Em primeiro lugar, precisamos entender o que degrada o meio ambiente e quem são os principais responsáveis, dar nome aos bois:
Agronegócio
No Brasil a pecuária é responsável por 70% das emissões de gases do efeito estufa, 97% da água consumida no Brasil é direcionada ao agronegócio. O agro é responsável pelo desmatamento de grandes áreas e nosso país lidera mundialmente o uso de agrotóxicos (que poluem solo, ar e água). Ultimamente o agronegócio tem priorizado o desmatamento no Cerrado, segundo maior bioma do país, que abriga as nascentes de oito das doze principais bacias hidrográficas brasileiras. O setor prioriza a expansão de monocultivos de soja e milho, às custas da redução das áreas destinas para o cultivo de alimentos como arroz, feijão, mandioca. Sendo uma falácia que o agro alimenta o Brasil, já que seu foco é a exportação. Como se não bastasse, invade terras indígenas, atacando os povos originários, que, além de terem o direito ao território e à vida, são os principais responsáveis pela preservação das florestas, biomas, águas.
A situação econômica e da indústria brasileira, bem como a subordinação do nosso pais a exploração das maiores potencias imperialistas, proporcionou uma conjuntura favorável ao agronegócio, que, objetivando melhorar a imagem do setor, procurava se afastar das percepções negativas associadas a problemas históricos como trabalho análogo à escravidão, grilagem de terra e relação com a ditadura militar e também visava o crescimento de sua influência não somente política mas também cultural; o agronegócio começa, então, a investir em propagandas, no sertanejo e seus cantores, festivais, feiras etc, especialmente à partir da década de 1980.
Enquanto os setores da extrema direita, muitos vinculados ao agronegócio, constroem leis como a anti-oruam, que criminaliza o funk e rap, com a desculpa de apologia ao crime; o sertanejo colabora para a devastação ambiental e nomes desse estilo musical como por exemplo Leonardo, acusado de manter trabalhadores em condições análogas a escravidão, seguem em liberdade. Uma grande hipocrisia.
Meio ambiente e guerras: o imperialismo destrói a natureza
Os EUA tem cerca de 800 bases militares ao redor do mundo, sendo frequentemente locais de desmatamento e descarte de resíduos, já que o militarismo dos EUA emite mais CO2 do que quase 140 países. Para impor a exploração imperialista na África, Ásia e parte da Europa a OTAN emite 233 milhões de toneladas de CO2 por ano.
Israel emitiu quase 1,89 milhão de toneladas de CO2 nos últimos 19 meses, com bombardeios na Palestina e especialmente em Gaza, que possuía a maior densidade de sistemas de painéis solares do mundo, esses painéis podem liberar chumbo e outros metais pesados no solo quando partidos; praticando, além da limpeza étnica, ecocídio, ao destruir entre 38% a 48% das árvores e fazendas e contaminar o solo e água (atualmente mais de 92% da água em Gaza está imprópria para consumo humano). Dados do G1 mostram que bombardeios israelenses já produziram cerca de 39 milhões de toneladas de detritos e que cada metro quadrado da Faixa de Gaza está agora coberto por mais de 107 kg de entulho.
No Sudão a guerra impulsionada pelo imperialismo gira em torno da disputa pelo controle dos recursos minerais. Programas ambientais foram destruídos e o uso de produtos químicos tóxicos em extrações não regulamentadas, piorou a degradação dos solos. Os conflitos e o cenário de devastação pioram a crise humanitária, que já era grave, fazendo mais de 10 milhões de pessoas se deslocarem.
Mesmo com a gravidade das mudanças climáticas, os ataques continuam..
O PL da devastação, ataque mais recente, flexibiliza o licenciamento ambiental e enfraquece os mecanismos de controle e fiscalização. O que agrava a devastação da natureza, facilita crimes socioambientais como Mariana e Brumadinho e também expande e fortalece essas atividades ilícitas (tráfico, grilagem, mineração, desmatamento).
Não existe floresta sem os povos da floresta. Proteger os povos e territórios indígenas, quilombolas, ribeirinhos é proteger as florestas, a natureza e, consequentemente, nosso futuro e nossas vidas. Tudo está conectado. Também são ataques gravíssimos o marco temporal e a pec da privatização das praias, o PLD 717/2024, a extração de petróleo na margem equatorial da Amazônia, por exemplo. São ataques que vinham antes do governo Lula/Alckmin e permaneceram ou aparecem novos, com disputas internas do próprio governo, nos quais Lula defende a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas.
Seguir nas ruas em defesa do meio ambiente e dos povos!
No final de semana de 30 de maio e 01 de junho ocorreram os primeiros atos contra o PL da devastação 2159/2021, foram atos em cerca de 12 Estados e diferentes cidades. No dia do meio ambiente novamente foram realizado atos pelo país, tendo o maior em São Paulo. Essa jornada de atos e mobilizações são um exemplo fundamental para que os movimentos, partidos de esquerda, sindicatos e entidades do movimento estudantil unifiquem atos para barrar o conjunto de ataques, em um momento que o PL da devastação irá tramitar na câmara de deputados.
Falar de meio ambiente e de mudanças climáticas não é somente falar sobre a floresta e povos originários, mas também sobre saneamento básico, água, transporte público, tráfico de drogas, guerras. Todos esses fatores impactam direta e indiretamente a natureza. Para que realmente consigamos garantir nosso futuro e ter justiça climática, precisamos abordar todos esses temas citados.
Exigimos:
- Emergência climática já! Por adoção de medidas urgentes contra destruição ambiental.
- O fim da PL da devastação e do marco temporal. Demarcação de terras indígenas!
- Verbas para o meio ambiente e não para a dívida pública!
- Contra o plano safra que dá milhões para o agronegócio!
- Reforma agrária já! Com participação dos trabalhadores rurais.
- Concurso público para os órgãos ambientais! Valorização dos servidores do IBAMA, INCRA, ICMBio e demais órgãos.
- O cessar fogo em Gaza e a entrada de ajuda humanitária: fora Israel das terras palestinas e o imperialismo da américa latina!
- Não a indústria armamentista. Canalizar esses grandes recursos para superar a fome e garantir as necessidades de trabalhadoras e trabalhadores.