Enfrentar Bolsonaro e construir um programa dos trabalhadores e sem patrões

Adriano Dias e Diego Vitello, Coordenação Nacional da CST

 

O Brasil vive um momento de grande crise. São 33,1 milhões de pessoas passando fome, mais de 12 milhões de desempregados, preço nas alturas e um salário mínimo que não consegue comprar nem uma cesta básica. Esse é o governo Bolsonaro, onde a regra é cortar verba da educação para garantir a bonança para os milionários e da patronal. Diante desse contexto, temos que enfrentar esse governo nas ruas, ao mesmo tempo em que construímos um programa alternativo, sem os patrões e a burguesia. Sabemos que muitos trabalhadores e jovens vão votar em Lula/Alckmin, mas gostaríamos de dialogar, porque essa chapa não é solução para a crise que afeta o povo trabalhador.

 

O programa da Frente Ampla não enfrenta a crise

 

A Frente Ampla, formada por PT, PSB, PCdoB, PV, PSOL, REDE e SOLIDARIEDADE, e liderada pela chapa Lula/Alckmin, apresentou a sua base programática a partir do documento “Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil”. Um programa que, infelizmente, não dá uma resposta do ponto de vista da classe trabalhadora à situação de caos que vive o país. Ou seja, apesar do apoio popular, a Frente Ampla não se dispõe a resolver os problemas da classe trabalhadora e dos setores populares. Isso acontece porque o leque de alianças da Frente Ampla e as suas ampliações nos estados, com PSD, setores do MDB e do PSDB, impõe limites a um programa dos trabalhadores e do povo pobre, já que esses setores também são responsáveis pelos problemas que vive hoje a nossa classe.

Por exemplo, o programa da Frente Ampla não aponta de forma categórica a revogação das contrarreformas previdenciária e trabalhista nem está pelo fim da lei da terceirização. Mantém o pagamento da dívida pública e não propõe taxar os ricos do país. Aponta de forma genérica a inclusão da população pobre no orçamento, sem falar como seria possível fazer isso mantendo intacta uma política econômica onde o centro é manter os lucros dos banqueiros e milionários.

No tema do salário, em vez de propor aumento geral de salário ou igualar o salário mínimo ao indicado pelo DIEESE, apresenta uma formulação genérica de “retomar a política de valorização do salário mínimo”, mais uma vez sem apontar como se aplicaria essa política sem enfrentar a patronal e alterar a política econômica.

Isso segue em outras pautas importantes, como a da privatização, onde não se fala em reverter nenhumas das privatizações, nem mesmo as mais recentes, como da BR Distribuidora, a venda das refinarias ou da própria Eletrobras, além de não garantir que não ocorrerá abertura de capital nas empresas estatais. Ao mesmo tempo, não apresenta mudanças significativas nos acordos coletivos para os trabalhadores dessas empresas e na contratação por concurso público.

O que fica explícito com esse programa é que a Frente Ampla encabeçada por Lula e Alckmin não é a saída para o país e não mudará a vida da classe trabalhadora e do povo pobre, pois as alianças com a burguesia não reverterão a grave crise social que vive o Brasil. Não tem como acabar com a fome no país sem mudar a pirâmide social e a concentração da maior parte da riqueza nas mãos de um punhado de bilionários, sem atacar o lucro dos banqueiros, o pagamento da dívida pública, as privatizações e o governo com os patrões.

 

Enfrentar Bolsonaro nas ruas com um programa da classe trabalhadora

 

Somos aqueles que, no dia a dia, enfrentamos Bolsonaro e sua política de morte. Fazemos isso sem aliança com os ricos e os patrões e com um programa construído nas lutas. Podemos derrotar Bolsonaro, mas para isso é preciso mobilização, política que não é defendida pela chapa Lula/Alckmin.

Por exemplo, no momento em que ocorrem 3 campanhas salariais importantes, de petroleiros, Correios e bancários, as centrais majoritárias, como CUT e CTB, deveriam sair da paralisia e da política de conciliação de classes e unificar essas categoriais para enfrentar a política de fome de Bolsonaro, retomando os calendários de luta com unidade de ação nas ruas.

Ao mesmo tempo, defendemos um programa que aponte o não pagamento da dívida pública, a taxação das grandes fortunas, a reversão das privatizações, a estatização do sistema financeiro, aumento real de salário e o enfretamento do racismo, machismo e LGBTfobia. Por isso, discordamos da direção majoritária do PSOL, que montou uma federação com a REDE e dá seu apoio a Lula/Alckmin. A CST, tendência radical do PSOL, tem outra política. Nós construímos o Polo Socialista e Revolucionário, que lançou a pré-candidatura de Vera Lúcia para a presidência da República, bem como governadores, senadores e deputados. Nossa corrente disponibilizou as pré-candidaturas de Bárbara Sinedino, ao Senado; Babá, a deputado federal; Bruno da Rosa e Bernarda Thailania, a estadual (RJ); João Santiago, ao Senado; Mariza Santos, a federal, e Joice Souza, a estadual (PA); Diego Vitello, a estadual (SP); e Cindy Ishida, a federal (MG).

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