Em defesa do povo palestino e do professor de História de Porto Alegre

Nós, da Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST), seção da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) no Brasil, viemos, através desta nota, manifestar nossa solidariedade a um professor de História de Porto Alegre/RS que vem sendo perseguido por questionar os ataques genocidas do Estado de Israel contra o povo palestino. Além de nossa nota, há diversas outras manifestações de solidariedade. Assim como as demais, optamos por não divulgar o nome do trabalhador a fim de preservá-lo.

Ele trabalha no Colégio Anchieta de Porto Alegre, uma escola privada da Rede Jesuíta de Educação. Em uma aula no 9º Ano do Ensino Fundamental, alunos filmaram um debate do educador com os educandos, em que é possível perceber que o educador problematiza a narrativa hegemônica dos meios de comunicação burgueses de que o Estado de Israel estaria apenas se defendendo de ataques “terroristas” do Hamas. O educador questionou as fontes de informação utilizadas pelos educandos e também problematizou o uso do adjetivo “terrorista” utilizado pela mídia, elucidando que esse uso visa legitimar a ofensiva sionista contra o território palestino. O educador frisou que o Hamas não é meramente uma organização “terrorista”, mas sim uma organização política que conquistou apoio no território palestino ao não reconhecer o Estado de Israel. Também destacou que o povo palestino ocupa o território histórico da Palestina há muito tempo e que os educandos precisam ter cuidado com as narrativas dos meios de comunicação hegemônicos, pois a adesão a essas narrativas pode levá-los a aderir a um lado sem ter total conhecimento da situação. São questionamentos fundamentais por parte de um professor de História, que estava cumprindo seu trabalho de forma correta. No entanto, a aula foi gravada por algum educando, que divulgou o vídeo, e isso foi o suficiente para iniciar uma perseguição contra o educador por parte de setores que apoiam as ações do Estado de Israel. O Colégio Anchieta, lamentavelmente, afastou o professor e estaria “investigando” a situação, e isso já repercutiu em sites na internet, que acusam o professor de ser um “doutrinador”.

De nossa parte, gostaríamos de iniciar repudiando o Colégio Anchieta, que rapidamente atirou seu trabalhador na “fogueira” ao invés de protegê-lo. É um desrespeito que um educador tenha sua aula filmada sem consentimento. Essa prática é utilizada pelos autoritários do movimento “Escola Sem Partido” para perseguir os educadores que buscam apresentar visões críticas acerca da realidade aos seus educandos. Sabemos que bolsonaristas, por exemplo, orientam seus filhos a filmar aulas com o objetivo de constranger e perseguir os educadores. Para além disso, o educador apenas apresentou fatos históricos e problematizou o uso parcial das fontes de informação por parte dos educandos, algo essencial no exercício do Historiador. Ele nem chegou a afirmar em algum momento que apoiava a resistência palestina, por exemplo. Mas apresentar a verdade já é o suficiente para desencadear o ódio e a perseguição dos setores que apoiam o sionismo.

Existe uma campanha em curso por parte dos apoiadores de Israel para legitimar o genocídio do povo palestino com a desculpa de que se está combatendo o “terrorismo” do Hamas. Mas isso é falso. O Hamas é uma organização política e militar palestina que conquistou apoio no território palestino por ter se negado a reconhecer os Acordos de Oslo, quando a OLP, antiga direção palestina, capitulou ao sionismo e passou a reconhecer a existência do Estado de Israel. Nós temos divergências irreconciliáveis com o Hamas, pois eles defendem a construção de uma Palestina teocrática, baseada na religião islâmica, construída junto a setores da burguesia. Nós, pelo contrário, defendemos uma Palestina laica, democrática e não racista, onde judeus, árabes e praticantes (ou não) de todas as religiões possam conviver em paz. Além disso, somos socialistas e não fazemos aliança com a burguesia. Mas, como combatentes históricos pela causa palestina, reconhecemos que o Hamas é direção de um setor importante do povo palestino e rejeitamos a utilização do termo “terrorista”, que só busca legitimar os ataques genocidas por parte dos sionistas.

Estamos vivendo um momento histórico crucial na região da Palestina e é nosso dever defender a resistência do povo palestino, pois o Estado de Israel está buscando realizar uma limpeza étnica contra esse povo oprimido. Há movimentos de solidariedade em todo o mundo, com atos em grandes capitais mundiais. A cidade de Porto Alegre também presenciou atos, em que nós, da CST, estivemos presentes defendendo uma Palestina laica, democrática e não racista e a exigência de que o governo Lula rompa relações com o Estado assassino de Israel. Nesse sentido, a solidariedade com o professor de História do Colégio Anchieta é fundamental. Ele estava fazendo sua parte ao problematizar a narrativa hegemônica do sionismo no Brasil, e agora precisamos fazer nossa parte ao apoiar esse camarada.

Apoiar o povo palestino não é crime! Criminoso e terrorista é o Estado de Israel!

Pelo triunfo da resistência do povo palestino!

Por uma Palestina laica, democrática e não racista!

Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST), seção da UIT-QI no Brasil.
Porto Alegre, 05/11/2023

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